Pouco tempo

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Fiquei tonta no mesmo segundo que ele me enforcou, e ao som do grito da minha mãe ele me soltou. Engoli em seco de olhos fechados, ainda tonta por ele quase ter quebrado meu pescoço.

— Meu deus, desculpa — ouvi a voz dele, parecia apavorado.

Abri os olhos após conseguir respirar. Charlie estava sentado e me olhava em completo pânico enquanto oscilava.

—Como você me chama? — perguntei baixo.

— Que? — ele franziu o cenho, tocando meu braço.

— Como você me chama, Charlie? — perguntei firme.

— Eu não estou entendendo o que quer dizer, lindinha.

Meus olhos marejaram. Era ele de volta.

Deixei meu corpo cair por cima do dele o abraçando com força, nenhum pouco preocupada por ele estar todo sujo e suado.

— Eu me assustei, desculpa ter te machucado — ele sussurrou, me apertando com força.

A sala ficou silenciosa enquanto nos apertávamos, pelo menos até minha mãe se aproximar um pouco.

— Como se sente? — ela perguntou.

O soltei para olhá-lo também, fiquei tão aliviada quando ele me chamou de “lindinha” que esqueci que ele estava todo machucado segundos atrás.

— Estou bem, só.. — ele ergueu as mãos, procurando os roxos.

— Estava com uma costela quebrada, um sangramento interno e vários ferimentos leves — minha mãe disse, calmamente — uma colorida da cura acabou de sair daqui.

— Muito obrigado — olhou para minha mãe, a gratidão clara em seus olhos.

Ela deu um aceno de leve.

— Lembra de alguma coisa? — perguntei, acariciando seu rosto para que seus olhos voltassem pra mim.

— Lembro — ele assentiu.

— Eddie vai gostar de ouvir — minha mãe sinalizou para esperarmos e foi até as escadas, chamar meu pai e Nick no sótão.

Voltei meus olhos para Charlie e ele deu pequeno sorriso, me observando com atenção.

— É bom te ver, minha lindinha.

Sorri abertamente e peguei a manga da minha camiseta limpando sua boca antes de beijá-lo devagar. Charlie riu contra meus lábios e eu senti meu corpo ficar leve. Por mais que a situação estivesse péssima, ter ele ali tornava drasticamente menos pior.

— Senti sua falta — sussurrei.

Ouvimos os passos agitados na escada e eu sentei direito ao seu lado no sofá, esperando os três aparecerem. Nick foi o primeiro, porque era mais rápido.

Olhou Charlie como se ele fosse um fantasma e Charlie franziu o cenho.

— O que faz aqui?

— Acha que esse projeto de gente que te tirou de lá? — Nick sorriu e me olhou rapidamente.

Charlie sorriu também e se levantou indo até ele, dando um abraço forte e rápido nele.

— Obrigado — o ouvi dizer baixo.

Meus pais apareceram e meu pai suspirou um pouco aliviado ao ver Charlie de pé, sorrindo.

— E o corredor? — perguntei.

— Apagado, ia tentar acordá-lo, mas acho que ouvir Charlie antes é melhor — meu pai disse e eu assenti.

Charlie sentou na poltrona, ainda imundo e sem camisa. Termos informações era mais urgente do que ele tomar um banho e se vestir.

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