Ama?

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Quando a porta abriu novamente, Charlie me abraçava de lado na cama, falando coisas engraçadinhas para me fazer rir.

Meu pai entrou e nos olhou antes de suspirar e olhar para o lado rapidamente.

— Ele já tem que ir? — perguntei, triste.

Eu sabia que não haveria chance de Charlie ficar ali comigo.

— Sim, todos nós vamos — ele me olhou e deu um mini sorriso — coloquei meu cargo como garantia que você não oferece nenhum perigo, então vai aguardar o julgamento em casa.

Arregalei os olhos.

— Mesmo?

Ele sorriu e assentiu de leve.

Olhei para Charlie que me olhava extremamente aliviado.

— Eu posso voltar para a escola? Eu queria ver as meninas, e o Nathan — engoli em seco pensando que havia machucado Sarah e Nathan.

Meu pai negou, suspirando.

— Aí é pedir demais, querida.

Assenti, não dava pra abusar também.

— Senhor — os olhos do meu pai focaram em Charlie ao mesmo tempo que eu virei meu rosto para olhá-lo — eu gostaria de ficar por perto, o senhor permite?

Meu pai engoliu em seco e se afastou da porta indo até nós lentamente.

— Charlie, eu e Anne estamos bem desconfortáveis com esse relacionamento — ele engoliu em seco — estou disposto a não tomar nenhuma atitude brusca, até porque, parece se preocupar com a minha filha — Charlie assentiu com força — mas Anne está bastante fragilizada com a situação, eu realmente não acho uma boa ideia forçá-la agora.

Ouvi um suspiro alto e minha mãe entrou. Supus que estivesse do lado de fora por não querer ver Charlie.

Veio até nós com os olhos fixos em Charlie, como se a qualquer momento ele pudesse me matar.

— Cuidaremos dela, não há motivos para querer ir — ela disse.

— Prometi que cuidaria dela e falhei uma vez, não quero falhar de volta.

Minha mãe franziu o cenho e andou rápido até perto do meu pai.

— Falhou? Sabe de alguma coisa sobre o que aconteceu com ela?

Charlie negou de leve.

— Só sei que quando ela ficou assustada com os sequestros, eu prometi que ia cuidar dela — ele me olhou, acariciando minha mão que estava pousada na cama — não quero chegar tarde demais de volta.

Meus pais se olharam, mesmo a telepatia não funcionando ali, eles pareceram se comunicar silenciosamente.

— Se dissermos que não, vai entrar pela janela de madrugada? — meu pai o olhou.

Charlie sorriu e assentiu.

— Eu preferia entrar pela porta, mas se for necessário, sim.

Minha mãe passou o cabelo para trás e suspirou.

— Ok.

Charlie suspirou aliviado junto comigo.

Ela saiu tão rápido quanto havia entrado. Meu pai olhou para mim e estendeu a mão com um sorriso gentil.

— Vamos, filhota.

***

Charlie pediu o endereço e fez questão de ir sozinho enquanto entrávamos no carro, e quando chegamos na minha casa, ele já estava lá na frente, parado feito uma estátua.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora