Acaba agora

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Acordei quando o céu ainda estava meio escuro. Se tivesse dormido duas horas, era muito. Abri os olhos completamente e olhei para cima. Charlie  abaixou o rosto pra mim e sorriu tocando meu rosto.

— Bom dia, lindinha — sussurrou.

— Bom dia, meu amor — sussurrei também.

Ele sorriu abertamente e eu me ergui para ficar da altura dele.

— Eu nunca te senti dormir tão bem — acariciou meu rosto de forma mais firme.

Fechei os olhos, sorrindo.

— Acho que nunca me senti tão feliz — eu disse baixinho.

Charlie me beijou e eu me apoiei no seu peito, sentindo seu coração disparado.

— Eu via a Kate e o Nathan e nunca achei que aquilo aconteceria comigo — respirei fundo — obrigada por me fazer sentir assim.

— “Assim” como, exatamente? — ele sussurrou.

— Como se eu fosse importante pra você.

Ele revirou os olhos.

— Você é — acariciou meu cabelo — achei que já tivesse deixado isso claro.

Sorri, beijando seu peito.

— É importante pra mim também, senhor treinador.

***

Assim que entrei na sala aquela manhã, percebi que havia faltado a aula com Nancy, e do jeito que ela me olhou, tive certeza que durante o meu lapso de memória, não estive lá com ela.

A aula foi inteiramente teórica naquela manhã. Nancy falava sobre  controles a longas distâncias, e poderia ser até interessante se minha mente não estivesse completamente em Charlie e a noite maravilhosa que passei com ele.

Quando o sinal do almoço tocou, todas foram arrumando suas coisas para sair. Ia fazer o mesmo até ver o olhar fixo de Nancy em mim.

Quando todas saíram, fui até sua mesa, onde ela estava apoiada.

— Eu sinto muito ter faltado ontem — eu disse — minha cabeça ficou meio estranha e eu fui na enfermaria.

Nancy suspirou.

— A esperei por quase meia hora — seu olhar suavizou — mas o que teve? Se sente melhor?

— Foi só um efeito de estresse, ao que tudo indica — eu disse — mas estou bem.

— Não me admira, na verdade — ela me olhou atentamente — anda muito ansiosa, isso é visível.

Assenti.

— Por acaso tem a ver com um certo corredor?

A olhei surpresa e Nancy sorriu dando de ombros.

— Eu vi vocês juntos na frente do refeitório, enquanto vinha pra sala — ela deu de ombros — e… conhecendo seus pais, acho que isso causou um desconforto.

Suspirei.

— Minha mãe mal falou comigo e meu pai não falou absolutamente nada — olhei para o chão.

Nancy assentiu de leve.

— Acho que não sabe disso, mas eu estava lá no dia que nasceu — ela colocou as duas mãos na mesa, se apoiando melhor — fui cumprimentar seus pais e ver a linda bebê gorduchinha de quem todos estavam falando — acabei sorrindo — eu nunca os vi tão radiantes. Seu pai não parava de oscilar, e sua mãe, sorria muito apesar do claro cansaço — ela sorriu também — nenhum filho perde o amor dos pais por algo tão pequeno, e acredite em mim quando digo que eles te amam muito.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora