Defeituosa

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— Não falaram que eu voltaria defeituosa — murmurei deixando minhas chaves caírem no meio do caminho, depois de tentar trazê-las para mim, como sempre fiz.

— Defeituosa é uma péssima palavra — Charlie me abraçou pela cintura, beijando minha têmpora — porque mesmo “defeituosa”, é melhor que a maioria das pessoas aqui, então, se insultando, está insultando todo mundo.

Ergui as sobrancelhas e o olhei. Aquele sorriso sarcástico brotou em seus lábios e eu acabei sorrindo, segurando sua nuca para beijá-lo. Suas mãos agarraram minha cintura, colando meu corpo no seu, e eu suspirei contra seus lábios, entrelaçando meus dedos nos seus cabelos, puxando de leve

— Eu quero voltar a treinar — sussurrei contra seus lábios — mas não quero deixar meus poderes de lado, quero usá-los para me tornarem melhor.

Charlie segurou minha mão e a ergueu até seu peito, sorrindo.

— Vai ser uma honra treiná-la assim, princesinha da corte.

Sorri assentindo e segurei seu rosto entre as mãos, o beijando de volta.

— Vamos, você tem aula e eu tenho treino — sussurrou, apertando minha bunda por cima da calça antes de me soltar.

Respirei fundo, acalmando meus batimentos. Charlie se ajoelhou, pegando minhas chaves, e foi até mim, segurando meu casaco para colocá-las no meu bolso.

— Café da manhã e aula, lindinha — abraçou meus ombros, me levando para fora do quarto.

Passei a mão nos músculos de sua barriga, beijando seu pescoço, e logo fui invadida pelo ar gelado da manhã. Olhei o céu limpo pelo frio, mas ao mesmo tempo o frio não me atingia, já que a fornalha humana me abraçava.

— Eu estava pensando em uma coisa — ele disse baixo enquanto andávamos pelas árvores até o refeitório, que nem parecia ter sido incendiado há alguns dias atrás, porque estava perfeitamente normai.

— Me conte — apertei sua cintura.

— A única vez que usou a persuasão em mim, eu não soube — me olhou — gostaria que usasse comigo sabendo, para sentir como é.

— É um desejo meio estranho — eu disse e Charlie sorriu.

— É tipo usar uma droga para ver os efeitos — deu de ombros — vamos, me dê uma ordem.

— Charlie — ri — não, apenas não.

— Do que me chamou? — ele ergueu as sobrancelhas.

— De Charlie — sorri debochada.

Ele apertou meu corpo contra o seu.

— O que eu sou pra você, lindinha?

Sorri, vendo o fogo vermelho oscilar em seus olhos.

— Meu amor — disse devagar.

Ele sorriu satisfeito.

— Todo seu — segurou meu rosto entre as mãos, me beijando rapidamente — vamos, lindinha, use a persuasão em mim — ele pediu.

Suspirei, um pouco entediada, e olhei novamente para seus olhos.

— Ela só é uma persuasão, justamente por não ser possível senti-la.

— Usa logo — ele disse entediado.

Suspirei.

— Tira a blusa e pendura no ombro.

Charlie me soltou e rapidamente tirou sua camiseta manga longa, a pendurando no ombro.

— E então? — perguntei.

— Então o que? — ele sorriu.

— Não está com frio? — apontei para seu peito nu.

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