Ataque

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Estava voltando para o quarto quando meu pai me ligou.

— Oi, filha — ele disse.

Tentei decifrar se ele estava bravo comigo, porque, com certeza, minha mãe já havia contado de Charlie para ele.

— Oi — respirei fundo.

— Acabamos de fazer o procedimento — ele disse — conseguimos poucas coisas, porque a maioria das lembranças deles foram apagadas. Mas, dentre as poucas coisas que conseguimos, soubemos que eles estavam testando uma técnica de controle sobre as pessoas, supomos que é pra criar um exército — ele parecia um pouco cansado — mas as informações de quem está por trás disso, ainda não temos.

— E por que estão testando em meninas da escola?

— Mentes mais vulneráveis, eu acho — ele suspirou — mas bem, vamos falar do elefante na sala?

— Por favor.

— Ok — ele respirou fundo — sua mãe não te deixou falar nada, então gostaria que falasse comigo.

Sorri. Meu pai deve ter visto toda a cena na cabeça dela antes que ela pudesse contar.

— Ela ficou meio nervosa.

— Não justifica não querer te ouvir, mas conversei com ela e ela está mais calma e um pouco envergonhada por como te tratou — ele disse — me conte.

— É uma história meio comprida, gostaria de estar pessoalmente com os dois para contar.

— Claro — ele não parecia muito contente — bom, sabe das nossas objeções sobre eles, então creio que tenha uma história ótima.

— Eu tenho.

— Vamos querer ouvir. Esse fim de semana, pra ser exato.

— Ok.

— E prefiro que não o traga dessa vez, sua mãe precisa de calma para absorver, e se ele vier, ela vai ficar irritada e não vai dar atenção para nada que possa dizer.

— Sim, claro.

— Foi ruim pra mim, mas pra ela foi… você sabe — ele disse — eu tenho que ouvir isso voltar na cabeça dela de vez em quando, então tenha paciência com a sua mãe e prometo ter paciência com você, mesmo que eu esteja querendo quebrar o pescoço do sujeito nesse momento — ele riu um pouco, mas sabia que era verdade.

— Claro, pai.

— Certo. Se cuide, nos vemos no sábado.

— Ok — respirei fundo — obrigada, por não surtar.

— Dou graças a Deus por não ser telepata — disse antes de desligar.

Guardei o celular e respirei fundo.

Peguei o bolinho maravilhoso que Nancy me dava de vez em quando e comi indo para o quarto.

P.O.V Charlie:

Observava Nick treinar com a espada. Ele odiava espadas e lanças, me disse certa vez que eram armas para covardes. Aquele menino precisava de um corretivo urgentemente, e eu estava dedicando meu tempo e paciência nisso.

— Mais quanto tempo? — ele perguntou.

— Quanto eu quiser — dei de ombros.

Nick riu fazendo mais um dos movimentos que eu havia mostrado a ele.

— Quando viramos treinadores, é isso que fazemos então? — golpeou o boneco novamente — mandamos nossos alunos repetirem tarefas inúteis?

Sorri. Nick tinha um claro problema com enfrentamento. Não respeitava nada e ninguém, mas para seu azar, eu não tinha mais paciência ao ponto de me estressar com ele. Então basicamente era um cachorrinho latindo pro vento.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora