Aliviada

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Ninguém me explicou direito o que aconteceu, mas depois de dois dias que meus pais me acordaram de madrugada para falar dos livros roubados, Charlie apareceu na porta da minha sala durante a tarde.

Olhei para Nancy, esperando que ela soubesse de algo, mas ela apenas deu de ombros. Peguei minhas coisas e saí rapidamente até ele, sendo rapidamente seguida por ela.

— Que foi? — perguntei, quando Nancy fechou a porta, ficando ao meu lado.

— Sua mãe me ligou, pediu para eu vir te buscar e te levar para a corte — ele disse, olhando rapidamente para Nancy — deixei um amigo meu com a minha turma e vim correndo.

— Ela disse o que era?

Ele negou de leve.

— Mas ela não parecia preocupada, acho que é algo bom — ele deu de ombros — com sua licença — olhou para Nancy que acenou de leve.

— Se Anne pediu, vá — ela me olhou.
Assenti. Charlie estendeu a mão e eu a segurei, sendo puxada para seu colo.

— Me mantenha informada, se alguma coisa mudar — Nancy me pediu.

— Claro — concordei.

Charlie acenou mais uma vez para Nancy, antes de me guiar rapidamente até os limites da escola. O guarda no portão permitiu que eu passasse com Charlie sem questionar.

— Vamos correndo até a corte? — perguntei.

— Acho mais convencional usar o carro, se importa? — ele sorriu pra mim e eu sorri revirando os olhos.

Ele dirigiu rápido, ainda usava as roupas de treino, os cabelos suados pelo treino passados para trás e… tinha uma faca em um suporte no braço.

— Pode entrar na corte armado? — perguntei com um pequeno sorriso.

Charlie me olhou e depois olhou para o lugar que eu olhava. Ele riu e tirou a faca dali.

— Não posso, obrigado por avisar — jogou a faca no banco de trás — eu fui correndo pra te buscar, nem pensei direito.

Estiquei a mão até tocar sua perna, tentando acalmá-lo um pouco, sendo que quem estava nervosa era eu. Por um momento não lembrei que ele podia me sentir apenas com um toque, e só me toquei quando ele segurou minha mão, transmitindo ondas de calma, muito mais suaves e menos eficientes do que o toque em minha coluna.

— Obrigada — disse baixo.

— Não parecia uma notícia ruim, não precisa se preocupar.

— E por que está preocupado, então?

Ele sorriu de lado.

— Estou tenso, ir na corte não é algo agradável pra mim — entrelaçou os dedos nos meus.

— Algum motivo em especial?

Ele ficou em silêncio e cerrou o maxilar.

— Amor — chamei.

Sua postura ficou mais suave e ele fez a curva antes de me olhar rapidamente.

— A corte me lembra dos dias que ficou longe de mim, da sua expressão quando entrei naquela maldita cela para te ver, do seu julgamento, de como gritou quando colocaram as algemas em você… — ele respirou fundo — não gosto de lá — disse, apenas.

Inclinei a cabeça para o lado, deitando em seu ombro.

— Estou aqui, e estou bem — beijei sua bochecha — ninguém me tira de você, meu amor.

— Nunca mais, lindinha — beijou minha cabeça — nunca mais.

Chegamos mais rápido do que eu achei que chegaríamos. Charlie voltou a segurar minha mão quando saímos do carro, e andamos devagar até a entrada.

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