Vou ficar aqui

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Ouvi o anúncio de uma humana que sumiu e que os rastreadores da corte seguiram o rastro até a escola. Estávamos novamente presos ali até segunda ordem.

Sentei no chão. Iam vasculhar, não encontrar nada e liberar todos para os quartos, fechar os portões e insistir que aquilo era o suficiente. Eu não aguentava mais aquilo.

As pessoas que falavam de forma agitada ocuparam o silêncio rapidamente. Coloquei as mãos nos ouvidos e fechei os olhos respirando fundo.

Duas mãos seguraram meus braços e eu abri os olhos rapidamente vendo Kate.

— Você tá bem? — os olhos dela oscilavam junto com os cabelos.

Neguei freneticamente.

Kate me abraçou com força e eu respirei fundo. Não era como o abraço da minha mãe, também não era como abraço de Charlie, mas era confortável e tranquilizador de outra forma.

— Nunca vai parar — eu disse tremendo.

— Vai, vai sim — ela sussurrou acariciando minhas costas.

— Emy? — era Nathan.

— Meu deus — agora era Jack.

Ele se abaixou e Kate me soltou. Levei um susto quando ele me pegou no colo me sentando em uma cadeira. Agradeci com um olhar e ele apenas acenou com a cabeça.

Comecei a perder o ar de volta. Não sei porque daquela vez estava tão nervosa, mas não conseguia pensar melhor sobre isso.

— Melhor? — Kate sentou ao meu lado.

Assenti, mesmo sem estar melhor. Não queria causar um alarde ainda maior. Vi as portas do refeitório serem fechadas e abertas toda vez que um grupo novo de alunos chegava, e em uma dessas vezes, alguns corredores chegaram, entre eles, Charlie.

Ele olhou todo mundo por cima, procurando sua irmã, mas para minha surpresa seus olhos pararam em mim. Não sei se ele percebeu pela minha cara que eu não estava exatamente bem, mas sinalizou o número um com a mão. Assenti mesmo sem saber o que significava e ele começou a passar entre as pessoas.

Olhei para o lado e Abby conversava com Jack, os dois muito próximos. Deitei a cabeça no ombro de Kate e ela me abraçou de lado, tentando me acalmar.

— Emily?

Olhei para o lado, endireitando minha postura ao ver Taylor, a irmã linda de Charlie. Ela se agachou na minha frente e me olhou com cuidado, segurando minhas mãos.

— Ele disse oi — ela disse baixo.

Ondas de alívio passaram pelas minhas mãos e dominaram meu corpo rapidamente. A olhei, surpresa com a rapidez e Taylor apenas sorriu.

— Eu sei — piscou pra mim.

Suas mãos me soltaram quando eu já me sentia quase em paz.

— Obrigada — disse baixo.

Ela piscou pra mim de volta e se levantou, sumido entre as pessoas.

***

Fomos para o quarto depois do dormitório ser liberado, o que por sinal, só aconteceu depois do jantar. Ou seja, passamos o dia no refeitório.

Eu já estava mais consciente, e agora sentia menos pânico e mais… raiva.

Mandei mensagens para meus pais e tentei ligar para meu pai duas vezes, mas sem retorno. Imaginei que estivesse corrido para eles, mas… eu precisava de informações.

Os efeitos dos poderes de Taylor não duraram o suficiente para me fazer dormir bem aquela noite, então fui desanimada para o quarto, sabendo que provavelmente teria algum pesadelo. Talvez eu nem dormisse.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora