Saí do dormitório bem antes do amanhecer.
Já fiz muitas besteiras na minha vida, mas nenhuma vez fiquei com a consciência tão pesada daquele jeito. Me sentia culpada por mentir para meus pais, esconder aquilo das meninas, e claro, estar não apenas aceitando ajuda de um corredor, mas confiando nele.
Consegui despistar as meninas ontem ao voltar para o quarto, e como meu nervosismo estava evidente, não insistiram muito.
Charlie estava no início do bosque, como havia dito que estaria. As roupas de treino ressaltavam seus músculos do peito, barriga e braços, como de costume, e assim como eu o analisei rapidamente, ele parece ter feito o mesmo comigo.
— O que diabos é isso?
Olhei para trás pensando que alguém estava fazendo alguma coisa atrás de mim, mas estávamos sozinhos.
Charlie andou até mim e segurou minha blusa com desdém.
— Eu não tenho essas roupas ridículas de treino — eu disse zangada pela sua falta de delicadeza.
Ele riu.
— Não aguenta metade de uma armadura, querida Emily, mas pensei que teria algo mais apropriado.
— E o que seria apropriado para o senhor?
Ele sorriu de forma presunçosa me olhando de cima a baixo novamente.
— Vai escorregar na grama molhada com esses tênis — ele começou — esse moletom claramente vai atrapalhar o movimento dos seus braços — seus olhos voltaram para os meus — e não preciso nem comentar sobre jeans.
Bufei.
— Eu não tenho nada mais confortável que isso, desculpe.
Ele me olhou atentamente mais alguns segundos e suspirou.
— Está usando uma camiseta confortável por baixo dessa blusa?
Dei de ombros. Charlie indicou para que eu tirasse a blusa e eu gemi de desgosto, estava frio.
— Não banque a mimada, Davis, tira logo — parecia sem paciência.
Tirei o moletom e Charlie colocou as mãos na cabeça, negando levemente ao ver minha camiseta, que também deveria ser inapropriada.
— Arrumo algumas coisas depois, por Deus — ele acabou rindo, como se não acreditasse naquilo — vamos.
Franzi o cenho, mas ele não viu, porque simplesmente começou a andar.
— Vamos? Pra onde?
— Sua mãe não pode saber, não é? — ele disse ainda sem me olhar.
Não tinha especificado que não queria que minha mãe soubesse, mas ele parece ter entendido mesmo assim. Comecei a segui-lo rápido ao ver que ele não pararia para me explicar nada.
— Vou te levar para um lugar privado onde só corredores autorizados têm acesso.
— E… pode me levar lá?
— Eu posso fazer o que eu quiser — disse sério.
O alcancei, carregando meu moletom com raiva no braço.
— Arrogante — murmurei.
Charlie riu, me olhando rapidamente.
— Sua facilidade para me insultar é adorável, Emily — voltou a olhar para frente.
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(Sem) Controle - I
FantasyEmily vai para a academia aprender a usar seus poderes achando que seu maior problema seria esconder seus dons problemáticos, porém, uma série de sequestros desencadeia vários problemas e ela se vê obrigada a pedir ajuda do povo que mais odeia Quat...