Ausência de foco

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Soquei aquele menino com o máximo de força que havia dentro de mim, mas ele desviou, como nas outras quatrocentas e cinquenta e sete vezes. Charlie me pegou pela cintura e me deitou na grama, me imobilizando.

— Ah, princesinha — ele logo levantou me soltando.

O desafio do dia era derrubá-lo, e eu sinceramente, de todo meu coração, não achei que seria assim tão difícil.

— Use a cabeça, lindinha — ele provocou com um sorriso — não existem regras para se defender.

Assenti, realmente estava tentando usar a cabeça, mas aparentemente meu cansaço não estava ajudando meu cérebro.

Outro soco que ele desviou com facilidade.

— Eu sou mais rápido e forte que você — ele disse calmo — tem que tirar meu foco para conseguir me pegar, trabalhe sempre com alteração de foco quando estiver em desvantagem.

— E como diabos eu vou tirar seu foco?

— Se eu disser, vou saber o que vai fazer — ele sorriu — tem que ser criativa.

Bufei tentando usar sua conversa para pegá-lo de surpresa, mas sem sucesso.

Pensa, pensa, pensa.

Mais um desvio perfeito.

Dei outro soco sem baixar minha guarda, e quando ele desviou gritei segurando meu pulso.

— Ai! Porra!

Charlie franziu o cenho e veio rapidamente até mim, segurando meu braço.

Dei uma rasteira nele o derrubando na grama e rapidamente subi em seu colo colocando suas mãos para cima.

— Isso não vale — ele sorriu de lado, seus olhos oscilando enquanto me olhava

— Não existem regras — soltei suas mãos permanecendo sentada em sua cintura.

Seus olhos oscilaram mais ao olharem minhas pernas e eu rapidamente fui sair de seu colo, mas suas duas mãos seguraram minhas coxas enquanto ele se sentava.

— Se alguém tentar realmente te machucar, não vai se importar se você acabar se machucando sozinha — ele disse baixo, com o rosto tão perto do meu que minha respiração falhou — mas foi uma boa tentativa — sorriu de lado e olhou meus lábios rapidamente antes de voltar para os olhos.

— Mas funcionou com você — tentei sair de seu colo, mas ele permanecia segurando minhas pernas.

E eu queria muito dizer que eu realmente queria sair, mas não queria.

— Mas eu estou preocupado com seu bem estar — ergueu uma mão e acariciou meu rosto, eu tinha completa certeza que meus cabelos e olhos oscilavam.

Engoli em seco e o empurrei pelo peito me levantando.

Ele permaneceu no chão alguns segundos enquanto eu recobrava minha consciência. Meu corpo não podia me trair porque aquele menino era bonito.

Charlie levantou em um pulo e engoli em seco de volta.

Ok, talvez muito bonito.

— Vamos tentar outra vez, lindinha — ele sorriu de lado, parecia meio ofegante — mas dessa vez sem distrações específicas para mim.

Sorri ajeitando a postura.
— Então eu erguer a camiseta está fora de cogitação?

Ele sorriu de volta e ficou de frente pra mim.

— Pra fins de treinamento, completamente fora de cogitação — inclinou o rosto ficando perto do meu — agora para satisfazer os desejos do seu treinador, fique absolutamente à vontade para tirar tudo.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora