Mamãe

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A melhor parte de passar as férias em casa, é que minha mãe também estava de férias, então ela ficava o tempo todo comigo.

Assistimos vários filmes, séries, e programas de perguntas, e quando meu pai chegava em casa, começava o relatório dos acontecimentos da corte. Não sabia se todos os membros do conselho conversavam com suas famílias como meu pai conversava com a gente, mas ele era tão aberto e empenhado em não nos esconder nada que às vezes eu sentia que sabia demais sobre algumas coisas.

Minha mãe trouxe meu iogurte com granola para a mesa e sentou ao meu lado, seus olhos demonstrando que ela queria dizer algo.

— Eu fiquei sabendo das fofocas — ela disse.

Meu coração foi até a garganta, alguém me viu treinando com o Charlie e contou para ela. Pronto, era agora que eu morria.

— A festa dos transformistas rendeu bastante, não é? — ergueu as sobrancelhas com um sorrisinho.

Soltei o ar que não percebi que segurei.

— Eu fiquei bêbada — não era de esconder as coisas dos meus pais — me passei um pouquinho.

Havia feito dezesseis dois dias depois que as férias começaram, então aquilo era quase aceitável. Quase.

— Um pouquinho? — ela riu — soube que ficou com vários meninos.

— Foram sete — eu disse constrangida e ela arregalou os olhos — eu sei, estou constrangida também.

Minha mãe riu e tampou o rosto.

— Meu deus, eu queria muito ter alguma moral para brigar com você — ela riu mais e eu a olhei curiosa, sorrindo.

— Alguma coisa para me contar, senhora Davis?

Minha mãe sorriu e ajeitou o cabelo.

— Eu praticamente desmaiei na minha primeira festa — ela disse — fiquei com mais meninos do que alguém foi capaz de contar e… — arregalei os olhos — não use isso de exemplo, pelo amor de deus, mas eu acredito que algumas idiotices são necessárias para a gente criar uma espécie de juízo — ela deu de ombros — presumo que não vai fazer isso de volta.

Neguei e ela assentiu contente.

— E o menino que fica com você direto? — sorri, ela estava cheia de informações — o que? Às vezes eu almoço no refeitório, ele fica te olhando como se fosse a coisa mais incrível do mundo.

Avermelhei mergulhando a colher na granola.

— Ele é legal e… estamos ficando, mas sem pretensão de tornar algo sério.

Minha mãe me olhou com atenção.

— Está com medo do que está sentindo ou não está sentindo nada demais?

— Eu gosto de ficar com ele, é gentil comigo, mas eu não quero ter que pensar nisso agora, vejo minha amiga com o namorado dela e acho os dois lindos, mas eu não quero aquilo.

Minha mãe sorriu e assentiu.

— Não é ele — ela deu de ombros.

Franzi o cenho.

— Eu pensava do mesmo jeito até um idiota começar a tornar a minha vida um inferno — ela sorriu — idiota conhecido como seu pai.

Sorri, adorava quando falava deles na minha idade.

— Eu pensei no seu pai por dias depois que ele me beijou atrás do refeitório — ela me observou comer a granola — você não estaria tão calma se realmente gostasse dele.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora