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Era alguma hora da madrugada quando meu celular tocou. Charlie teve um espasmo tão forte que me assustou mais que o próprio toque.

— Que foi? — ele quase gritou.

Pisquei com força me virando para o celular. A claridade deixando minha visão embaçada por alguns milésimos até eu conseguir ler: Mãe.

— Oi, mãe — atendi. Preocupada, com sono e confusa.

— Filha, venham para a biblioteca, agora — e desligou.

Não parecia agitada o suficiente para eu achar que alguma coisa ruim estava acontecendo, então não fiquei eufórica.

— O que? — Charlie perguntou, os olhos pesados e os cabelos uma zona.

— Biblioteca.

Nos vestimos rapidamente, e enquanto eu ainda parecia um zumbi sonâmbulo, Charlie já estava bem acordado, amarrando os cadarços dos meus tênis.

Sorri quando ele deu um selinho na minha coxa, antes de se levantar.

— Que horas são? — perguntei procurando algum relógio, já que não usava o meu naquele momento.

— Hã… — Charlie olhou a tela do meu celular — três e meia, quase.

— Horário muito bom — fui irônica e Charlie sorriu, abraçando minha cintura  enquanto saímos do seu quarto.

Andei igual uma pessoa normal até a saída do dormitório e depois Charlie me pegou no colo sem avisar, correndo até a biblioteca comigo.

O prédio da biblioteca parecia estupidamente assustador a noite, mas minha atenção foi exclusivamente para o homem parado ali na frente. Meu pai nos olhou assim que Charlie me colocou no chão.

— Perdão o horário, mas quanto menos atenção chamarmos sobre isso, melhor — ele estendeu a mão para mim.

Fui até ele o abraçando, e de forma suave apoiei a cabeça em seu ombro, sentindo seus dedos afagarem minhas costas.

— Notícias boas?

— Depende — ele deu um leve sorriso — oi, Charlie — estendeu a mão para Charlie que prontamente a segurou, o cumprimentando.

— Cadê a mamãe? — perguntei ao ver que ele não continuou a falar.

— Lá dentro — disse e respirou fundo, notei que ainda estava com o uniforme da corte — e… bem, resumindo: achamos o que estávamos procurando, mas isso não torna as coisas melhores — ergui as sobrancelhas e ele nos chamou com um aceno de cabeça, entrando na biblioteca.

Entrei atrás dele, sendo seguida por Charlie.

Subimos escadas que eu nunca havia subido ali dentro, e ao passarmos por portas de ferro, percebi que naturalmente não poderia entrar ali.

— Pode explicar o que está acontecendo? — perguntei.

— O livro que ouviu nas suas lembranças — ele começou — eu e sua mãe suspeitamos de alguns dos exemplares antigos guardados aqui. A corte possui vários livros sobre magia antiga, mas roubar de lá e… impossível — ele abriu outra porta — e também achávamos que roubar daqui seria impossível, até agora.

Estamos em mais uma sala, e lá estava minha mãe. Estava debruçada em uma mesa, de costas para a porta.

— O alarme soando, a possessão para manter todos entretidos bem longe daqui… tudo estrategicamente planejado — ele disse.

Minha mãe finalmente se virou para nós. Ela parecia mais pálida, e com certeza estava com muito sono.

— Roubaram três livros e os substituíram por cópias — minha mãe disse, vindo até nós.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora