Invasão

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Fazia, com certeza, mais de meia hora que estavam todos escondidos nos territórios que rodeavam a corte, esperando alguma movimentação.

Mas nada, absolutamente nada.

Coloridos, transformistas e corredores inquietos, esperando para serem úteis.

— Foram avisados que vocês fugiram — meu pai disse, segurando a lança de Charlie que estava com sua ponta cravada na grama — e adiaram o ataque, não iriam querer perder o elemento surpresa, fomos inocentes ao achar que os pegaríamos aqui.

— Não podemos ter feito tudo isso pra nada — Nick disse um pouco impaciente, andando de um lado para o outro — toda a organização e...

Charlie o olhou em advertência e ele se calou, ainda andando de um lado para o outro.

— Acho que podemos entrar — Charlie disse, tímido, mas firme — não vamos poder usar os poderes lá dentro, mas se eles entrarem, também não poderão.

Meus pais se olharam e ficaram alguns segundos em silêncio, na costumeira comunicação interna.

— Deter de dentro para fora talvez seja mais simples do que invadir depois — minha mãe disse baixo.

— Mas perdemos a vantagem dos poderes — meu pai disse — se forem um exército, em parte criados recentemente, não vão ter uma grama da habilidade de todos aqui.

— Está certo — ela concluiu.

— E se alguns corredores entrassem para fazer uma barreira lá dentro? — Charlie sugeriu novamente — mesmo sem os poderes, somos mais fortes e temos treinamento em batalha, seria o suficiente para deter um colorido ou transformista sem poderes, ou, lutar de igual para igual com um corredor.

Os dois se olharam de volta.

— Talvez seja uma boa ideia — meu pai disse — quantos acha que são o suficiente para guardar as entradas?

— Depende, quantas entradas são? — Charlie cruzou os braços, analítico.

— Duas, e as janelas são a prova de arrombamento, acho que podemos confiar na qualidade delas.

— Duas entradas — Charlie pensou, mordendo o lábio inferior por alguns segundos — acho que cinco ou seis em cada uma dão conta, para uma barreira humana, pelo menos.

— Certo, vamos fazer.

Charlie assentiu, evidentemente feliz por ter sido útil.

— Vou separar os melhores em combate corporal— Charlie disse, ajeitando a espada antes de sumir pelas árvores, para o local onde os corredores estavam, em grande maioria.

Nick ergueu as sobrancelhas ao ver que Charlie passou reto por ele, sem nem considerá-lo. Mas o que para Nick podia soar como ofensa  para mim era um elogio. Charlie o queria perto, queria que Nick fosse com ele quando precisasse.

Depois de alguns minutos, observamos doze corredores, seguidos de Charlie, indo até a entrada da corte. Ele falava alguma coisa com as mãos pousadas na cintura, e com um aceno de cabeça, se dividiram em dois grupos de seis, indo para as entradas. Charlie abriu uma porta com a chave de toque que meu pai deu a ele, e depois a outra, e todos entraram.

Charlie voltou tão rápido até nós que parecia um borrão, e quando parou ao meu lado, suspirou passando o cabelo para trás.

— Se eles não atacarem hoje, vamos precisar usar as informações que temos para caçar o problema pela raiz — meu pai disse sério — tentar localizar os envolvidos dentro da corte e…

Seria uma belíssima argumentação de um plano B, se tivesse dado tempo de terminar. Gritos ecoaram de dentro da corte e um corredor saiu correndo, aos tropeços.

(Sem) Controle - IOnde histórias criam vida. Descubra agora