Sophia💋
Era sexta-feira de manhã, e eu já estava pronta.
César, Thiago, Gabriel e meu pai estavam lá em baixo, disseram que queriam falar comigo antes de eu ir.
Eu estava com um aperto no coração, um sentimento ruim, e se eu não estivesse fazendo a coisa certa?
Mas agora já era.
Pelo lado bom vou morar com o tio Gustavo.
Suspirei fundo e desci lá pra baixo, minhas malas já estavam todas no carro.
Coringa: Sophia, não esquece do plano.
César: é importante você seguir todas as partes, e em momento algum deixe escapar qualquer coisa que possa comprometer você.
Gabriel: qualquer coisa manda mensagem.
Sophia: ok, eu estou pronta - respirei fundo.
Coringa: ótimo, então vamos - falou me puxando lá pra fora, paramos no carro e meu pai conversou com o vapor.
César: qualquer coisa que você descobrir, arruma um jeito e vem correndo pra cá contar - concordei com a cabeça.
Entrei no carro, esperava pelo menos um tchau do meu pai, mas ele só sorriu e começou a conversar com o César, o único que se importou comigo foi o Thiago.
O vapor deu partida e partimos pro morro da Maré...
[...]
Tinha acabado de chegar, meu tio estava na barreira me esperando, assim que vi ele fui correndo abraçar o mesmo, fazia um tempão que a gente não se via.
Gustavo: tava com tanta saudade de você - beijou minha testa.
Sophia: também tava com saudade.
Gustavo: você cresceu - falou me olhando - cortou o cabelo?
Sophia: só as pontas, e eu não cresci, tô igual a última vez que nos vimos, tio.
Gustavo: bem, vamos embora logo que você tem várias coisas pra me contar.
Sophia: e minhas malas?
Gustavo: algum vapor leva, tô de moto não dá pra levar.
Ele montou na moto e me entregou o capacete.
O morro da Maré era bem mais bonito que o jacarezinho, fui observando as coisas enquanto íamos pra casa, fazia tempo que eu não vinha aqui.
Chegamos, meu tio parou a moto e entramos.
Gustavo: tá com fome? - perguntou jogando a chave da moto em qualquer canto - tem comida na geladeira.
Sophia: aqui não mudou nada - falei olhando em volta, tá igual sempre.
Gustavo: senta aí, temos bastante coisa pra conversar - ele sentou no sofá.
Ele me perguntou várias coisas, e o porquê de eu não querer morar com meu pai mais, inventei toda uma história que tínhamos brigado feio, ele parece ter acreditado.
Gustavo: teu pai tem gênio forte mesmo - ele levantou - mas você pode ficar aqui o tempo que quiser, será um prazer pra mim e vai ser bom que eu vou ter companhia.
Um vapor havia trazido minhas malas, meu tio me ajudou a colocar tudo no lugar, cerca de umas onze horas da manhã tínhamos acabado, e eu fui ajudar ele a fazer o almoço.
Gustavo: você veio no dia certo - comentou - hoje e amanhã rola pagode na praça, começa a tarde e vai até de madrugada.
Sophia: ótimo, bom que eu conheço as pessoas daqui.
Gustavo: mas você tem que tomar cuidado, ninguém pode saber que você é filha do Coringa, se não eu e você já era.
Sophia: eu sei tio Gu, relaxa já montei todo esquema na minha cabeça, só preciso inventar um bairro e falar que morava lá, meu pai se chama Rodrigo e minha mãe Carla, e o morro do Jacarezinho? Nem sei onde fica.
Gustavo: complementa melhor essa mentira aí - deu risada.
Sophia: e você tá se envolvendo com o tráfico? - perguntei cortando a cebola.
Gustavo: não, desde o que aconteceu com seu pai achei melhor deixa essa história de tráfico pro lado.
Ele era gerente da boca e meu pai o dono, antes deles brigarem.
Sophia: hum, e quem são os donos daqui? - perguntei como se não soubesse.
Gustavo: Lagarto e Lima, Lagarto é pai do Lima, mas o Lima é adotado sei lá, só sei que o Lima não é filho do Lagarto de verdade. Mas ele é o braço direto do Lagarto, e o morro vai ficar pra ele.
Sophia: ah sim, entedi.
Gustavo: a gente pode ir no pagode e você conhece algumas pessoas, tem uma galera bem legal aqui. Mas a noite eu não vou ficar, mas você pode se tiver gostando.
Sophia: acho uma ótima ideia.
Terminamos de fazer o almoço e depois fomos comer, depois eu ele fomos maratonar uma série, eu amava demais passar o tempo com o tio Gustavo, ele era legal demais.
[...]
Gustavo: tá pronta Sophia? - escutei meu tio gritando lá de baixo.
Sophia: só um minuto - gritei de volta.
Passei meu gloss e pronto, estava pronta e linda pra caralho.
Desci e eu meu tio saímos indo em direção a praça.
Chegamos lá e já tinha várias pessoas e todo mundo animado pra caralho.
Escutei uma voz feminina falando atrás de mim e não acreditei em quem eu vi.
Gabrielly: Sophia?! Tá fazendo o que aqui mulher? - Gabrielly e Larissa estavam atrás de mim - pera aí, não me diga que tu que a nova moradora? - assenti - puta que pariu - elas vieram me abraçando.
Gustavo: ué, você conhece elas?
Sophia: eu fazia um curso com as duas, não acredito que vocês moram aqui, caralho - falei animada, parece que ia ser até bom morar aqui, afinal as meninas moram aqui e eu já sou bem amigas delas.
Larissa: tô chocada até agora, mas você já conheceu o morro? - neguei - tá esperando o que então? Bora?! - me olhou, olhei pro tio Gustavo e ele balançou a cabeça sinalizando que não se importava de eu ir, então assim eu fiz.
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Entre o Tráfico
FanfictionDe alguma forma a minha alma conhecia a sua alma, antes mesmo que tivéssemos a chance de nos encontrar.