Arizona não adormeceu, pois não conseguiu relaxar sabendo que Calliope não estava bem, tinha medo de a febre não suavizar e seu organismo responder com alucinações, desidratação ou até mesmo convulsão. A loira queria está acordada para quando a tenente precisasse.
Calliope dormia com o braço de Arizona envolta da sua cintura e a loira pensava no quanto estava satisfeita, embora preocupada, em tê-la em seus braços novamente.
Em todo o momento em que a tenente esteve dormindo, ela não deixou de se perguntar como seriam as coisas daqui para a frente. Arizona não questionou em nenhum momento se algum dia se resolveriam, ela sabia que sim, era a única certeza que tinha, só não sabia quando.
Agora, que havia relembrado a sensação inexplicável e perfeita de estar abraçada a ela tão intimamente, sabia que precisavam ter essa conversa o quanto antes, pois não conseguiria se acostumar a viver sem isso novamente.
Às vezes ela sentia a tenente se aconchegar na conchinha improvisada das duas, se encolhendo um pouco mais embaixo de seu braço. Nesses momentos em que a sensação incrível de ter a sua pele colada a dela era quase imediata, ela correspondia encaixando seu corpo no da tenente.
A chuva forte lá fora dava indícios de que não amenizaria tão cedo. Relâmpagos e trovões surgiam quase que a todo instante, às vezes Calliope se assustava e tremia em seu abraço, a loira a apertava levemente quando isso acontecia.
[...]
- Como se sente? - perguntou Arizona. A loira estava sentada e a tenente estava com a cabeça apoiada em seu colo.
- Melhor impossível - respondeu, dando um sorrisinho.
A loira passou a mão pelas mechas negras espalhadas em suas coxas - Estou falando sério - acrescentou, com um sorriso no canto da boca.
- Eu também estou - disse a tenente, ainda sorrindo - tudo bem, estou com muita fome - ela sentou ao lado da loira e quando impulsionou o corpo indicando que levantaria, Arizona pousou a mão em sua coxa.
- O que está fazendo?
- Sei que tem algumas coisas no meu armário... coisas de comer.
- Me diga onde que eu pego.
- Não precisa.
- Claro que sim - afirmou a loira, pondo-se de pé - mostre-me onde fica.
- Segunda porta, ao lado das prateleiras - orientou a tenente.
Arizona virou-se para ir até o armário, mas estava tão escuro que ela imaginou que precisaria pegar a lanterna e deixar Calliope no escuro por alguns segundos.
Antes mesmo que pudesse pedir a lanterna da tenente, a mesma estava posicionada atrás do seu corpo, enquanto a loira se esticava para pegar as barras de cereal.
Calliope iluminou o local e instintivamente colocou a mão sobre a cintura da loira, quando a mesma virou-se perceberam que estavam a milímetros uma da outra.
Embora tivessem passado um tempo abraçadas e dormido juntas, nenhuma das duas conseguia esconder o quanto necessitavam que seus lábios se encontrassem novamente.
Por várias vezes Arizona percebeu a tenente olhar para seus lábios como se fosse beijá-la a qualquer momento e da mesma forma Calliope observou a loira se perder na conversa enquanto fixava seus olhos azuis ora em sua boca, ora em seus olhos.
Havia aquela sensação em que era completamente dispensável a utilização de palavras para tentar verbalizar o que quer que estivesse acontecendo ali.
Arizona viu a tenente piscar demoradamente e preocupou-se por achar que ela estivesse tonta. Em um movimento rápido, na tentativa de fazê-la voltar para o sofá, a loira desviou seus olhos, antes concentrados nos olhos negros da tenente, para o chão. Calliope segurou o queixo da loira, com o polegar a milímetros abaixo dos lábios dela e o indicador e o dedo médio abaixo na região inferior do queixo.
A bateria da lanterna morreu lentamente e sob a luz fraca que aos poucos ia se esvaindo, a tenente viu Arizona sorrir levando a mão a nuca.
Elas sabiam que não conseguiriam evitar por muito mais tempo, e nem queriam. Estavam certas de que, de alguma maneira ou de outra, as duas não conseguiriam ignorar o que sentiam.
- Eu... - Calliope engoliu em seco e sua voz quase falhou - ahn - sua mão permanecia sobre a cintura da loira e em seus dedos Arizona percebeu como ela estava nervosa, quase como se estivessem a ponto de dá o primeiro beijo. A sensação era a de que elas realmente estavam a ponto de se beijarem pela primeira vez. Seu coração parecia dá cambalhotas e sua mão estava suada - eu vou beijá-la agora e - Calliope fez uma pausa mais uma vez, dessa vez levando a mão que estava no queixo até a maçã do rosto de Arizona - eu não estou pedindo, apenas comunicando porque eu...ahn, eu não consigo mais...hum, ignorar o fato de que está aqui comigo, eu estive pensando o tempo todo no quanto senti sua falta - disse em um sussurro.
O clarão no céu iluminou a sala e a tenente viu que a loira estava sorrindo. Arizona deixou as barras de cereal sobre a mesa e pousou as duas mãos abertas sobre o peito de Calliope, enquanto a tenente a puxava para si com as duas mãos em seu quadril.
- Também senti sua falta - antes de se inclinar para beijá-la, ela viu o sorriso largo enfeitar o rosto de Calliope.
Seus lábios tocaram-se lentamente, suas línguas exploravam uma área que, embora já conhecida, no momento se fazia nova.
Algumas vezes Arizona sentia Calliope sorrir em seus lábios e nesses momentos ela apenas a puxava mais contra o seu corpo. O beijo delas trazia consigo a necessidade de se pertencerem. Calliope sentia como se o seu coração estivesse parado todo esse tempo e somente agora, com a loira em seus braços novamente, tivesse voltado a funcionar completamente arrítmico, dando indícios de que a qualquer momento iria parar.
As duas caminharam até o sofá e Arizona sentou-se em seu colo, com uma perna em cada lado do corpo da tenente.
Ela não deixou de se perguntar se era uma boa ideia fazer o que estava planejando fazer, com a tenente ainda frágil.
A chuva forte lá fora batia rudemente no vidro da janela, quase como se estivesse em sintonia com as batidas do seu coração. Ali no escuro, sentada no colo da mulher da sua vida, Arizona chegou a conclusão de que essa seria uma maneira maravilhosa de fazer as pazes.
~.~
Oláa! Espero que estejam bem!
Beijinhos e se cuidem 😘
Qualquer erro será arrumado em breve!
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Broken - Calzona
FanficQuando Calliope Torres ficou viúva, sentiu uma nuvem nublada pairar sobre sua cabeça. A bombeira jamais se perdoou por não ter conseguido salvar a vida de Penelope Blake, sua esposa, desde então tornou-se uma pessoa enclausurada em culpa e amargura...