Arizona precisava correr se não quisesse ser pega pela tempestade que estava se formando. O trânsito se tornaria o verdadeiro significado do caos. Mas algo não a deixou girar a chave no carro e dar partida. Quase todos já haviam ido, exceto George que, apesar de estar razoavelmente distante parecia não ter notado a presença dela e andava de um lado para o outro, parecendo preocupado enquanto segurava o celular na orelha.
Após um tempo, O'Malley aproximou-se do carro da loira, preocupadíssimo.
— Arizona — veio correndo e parou, ofegante e nervoso, na janela do seu carro — Preciso ir, tenho uma emergência — George tinha a preocupação evidente em seu rosto — Vou deixar você com a chave reserva da entrada principal e levarei a outra. Vou trancar ao sair — ele falava tão rápido que a loira se recusava a interrompê-lo — Não consigo esperar a tenente Torres, espere-a sair e ajude a conferir o alarme, por favor. Depois explico tudo.
George saiu correndo e em questão de segundos já estava longe.
Arizona não teve tempo nenhum de respondê-lo, mas imaginou ser algo realmente importantíssimo para ele deixar a função que o capitão ordenou a ele em suas mãos.
A loira resolveu esperar Calliope dentro do carro, não imaginou que a tenente demoraria tanto. Depois de quinze minutos a loira resolveu ir procurá-la. A chuva que vinha se formando desde o início da noite começara a cair em pingos grossos. Ela pegou seu casaco antes de sair do veículo e ir procurar a tenente na sala dela.
Torres estava sentada em sua cadeira, terminando de secar o cabelo quando Arizona chegou como um furacão.
Calliope não demoraria tanto para ficar pronta se não se sentisse fraca toda vez que ficasse mais de três minutos em pé.
— Por que está demorando tanto? Você viu a chuva que... — a loira foi interrompida.
— Não, não! — gritou Callie, levantando-se rápido da cadeira.
— O quê? — perguntou a loira, assustada.
— A porta — respondeu, sentando-se novamente.
— O que que tem?
— Ainda tem alguém no batalhão?
— Além de nós duas não.
Um clarão no céu iluminou a sala e em seguida o barulho assustador do trovão preencheu o ambiente, logo após...a escuridão. Estavam sem qualquer fonte de energia.
— Você está com o seu celular aí? — quis saber a tenente.
— Não, ficou no carro.
Arizona ouviu a tenente murmurar e achou que fosse pelo fato de ela não estar com o celular.
— O que foi? Eu não fazia ideia que você iria demorar tanto e por que parece estar zangada?
— Não estou zangada, estamos trancadas aqui e — Calliope pensou em dizer algo a mais, mas desistiu e deixou a frase no ar .
Mais um clarão iluminou a sala e dessa vez a loira percebeu que não havia mais nenhuma foto do casamento de Callie nas prateleiras — E o seu celular?
— Minhas coisas estão no carro de George, voltaríamos juntos.
A tenente levantou-se devagar e começou a tatear dentro das gavetas. Tinha certeza de que havia uma lanterna ali em algum lugar.
Arizona sentou-se no sofá e observou Calliope se curvar sobre as gavetas. Seu cabelo ainda estava molhado e tinha o cheiro doce de rosas, que até uns dias atrás ainda estava em seu travesseiro.
Parecia que o universo estava tentando pregar uma peça nas duas e estava obrigando-as a conversarem. Arizona estava disposta a conversar caso a tenente quisesse, mas ela a sentia tão distante, chegou a pensar que talvez não a quisesse mais e pensar nessa possibilidade fez com que ela sentisse um desconforto no estômago.
Ela viu Callie puxar a cadeira para sentar-se e procurar o que quer que estivesse tentando achar sentada. Vez ou outra a tenente parava, como se o simples ato de procurar algo a deixasse extremamente cansada.
— Achei! — Calliope pegou a lanterna e agradeceu por estar funcionando. Ela tentou terminar de secar o cabelo mas sentia que não conseguia mais, estava sem energia e lembrou-se de que fazia quase dez horas da sua última refeição.
— Percebi que tirou as fotografias das prateleiras — começou a loira, não sabendo bem como começar essa conversa.
— Tirei... você ainda estava viajando — lembrou-se de que fazia tempo desde a última vez em que a loira estivera em sua sala.
Elas ficaram em silêncio e nenhuma tomou iniciativa de conversar sobre a relação. Calliope queria apenas se deitar, há dias não estava bem e a cada dia que se passava ela se sentia mais fraca. Sabia que em algum dos armários havia um colchonete que havia pegado no depósito, só precisava achá-lo.
Ela levantou-se devagar e dessa vez Arizona não conseguiu ignorar ao vê-la agindo desse jeito, como se estivesse com medo de cair.
— Está acontecendo alguma coisa? — perguntou.
— Está tudo b... — antes que pudesse concluir a frase, Calliope sentiu-se tonta mais uma vez e Arizona levantou-se a tempo de ajudá-la e a guiá-la para o sofá. Callie estava tremendo de frio e encolheu-se com o toque da mão gelada da loira em sua pele.
— Desculpa — sussurrou — você está muito quente — observou, preocupada.
Apesar de a sala está parcialmente escura, Arizona observou os lábios de Calliope tremerem e seus olhos marejados de quem não estava bem.
— Por que não me disse que não estava se sentindo bem? Tem algum kit por aqui? — a loira levantou-se para procurar, mas Callie segurou em seu antebraço. Arizona tirou sua blusa e vestiu-a em Callie — Eu tenho quase certeza de que está com febre, há quanto tempo está se sentindo assim? — perguntou a loira, preocupada. Arizona ajudou a deitar Callie no sofá e levantou a cabeça dela delicamente, ajeitando uma almofada para apoiá-la.
Arizona procurou, mas não encontrou nenhum termômetro, nada que pudesse ser útil, quer dizer, ela encontrou um colchonete e um cobertor. Ela se aproximou de Callie e percebeu que ela continuava tremendo de frio. A loira dobrou a coberta em dois e colocou sobre o corpo dela e em seguida se acomodou atrás da tenente, a abraçando.
Como sentia falta de abraçá-la assim!
Calliope pousou sua mão sobre a dela e Arizona beijou seu ombro. De alguma maneira a loira sentia-se culpada por vê-la tão frágil assim. Não conseguiu sentir nada que não fosse a vontade de cuidá-la. Sabia que a jovem tenente, embora fosse alguém forte, também tinha seus momentos ruins e Arizona se odiou por ter ajudado a desencadear todo esse desconforto na única pessoa que ocupava quase cem por cento dos seus pensamentos.
A loira colou seu corpo nas costas da tenente, tentando fazer com que o seu calor ao menos a mantivesse aquecida. Arizona encostou o rosto nas costas dela e fechou os olhos, desejando nunca mais ter que sentir saudades disso.
~.~
Qualquer erro será arrumado em breve!
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Broken - Calzona
Fiksi PenggemarQuando Calliope Torres ficou viúva, sentiu uma nuvem nublada pairar sobre sua cabeça. A bombeira jamais se perdoou por não ter conseguido salvar a vida de Penelope Blake, sua esposa, desde então tornou-se uma pessoa enclausurada em culpa e amargura...