Capítulo 24

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— Vamos lá? — a tenente estava ao lado da loira e por força do hábito passou a mão em volta da cintura dela. Somente quando Arizona a olhou assustada, arregalando os olhos é que ela se deu conta do que havia acabado de fazer.

A sorte é que todos do esquadrão estavam mais distante, recebendo as orientações do dia. Calliope sorriu sem graça, tirando a mão rapidamente da cintura da loira.

— Não aguento mais ver você por aqui e ter que me controlar — ela sussurrou enquanto as duas caminhavam a uma pequena distância lado a lado. Calliope olhava ao redor, com as mãos unidas atrás das costas, com uma postura ereta e superior de quem tem tudo sob controle tentando parecer que estava conversando sobre assuntos referentes ao trabalho — você viu o que eu fiz? — ela se inclinou um pouquinho mais, sussurrando mais baixinho possível.

Arizona suspirou, olhando para o chão — Eu não sei como deseja que eu também me controle falando a tão poucos centímetros do meu rosto e ainda passando a mão pela minha cintura — ela sorriu, seus olhos de encontro aos olhos negros da sua tenente. Ela viu os olhos de Callie brilharem e a jovem tenente morder os lábios tentando reprimir um sorrisinho bobo de quem já não conseguia mais fugir do que estava acontecendo ali.

— Perdão — Calliope desculpou-se, distanciando seu rosto novamente e tentando manter a postura profissional. A tenente respirou fundo — Quanto a mão na cintura... eu não percebi o que estava fazendo até perceber o aviso nos seus olhos. Eu juro que tô tentando — Calliope fez aquilo de novo, se inclinando sobre a loira e sussurrando, fixando seus olhos nos olhos azuis dela — mas eu sinto que já não sei mais o que estou fazendo, de repente eu me vejo querendo apenas estar perto de você... tentando "acidentalmente" que minha mão encoste na sua pele, prolongando o toque, ou torcendo para que meus olhos encontrem os seus no mesmo instante em que me olha. Tem se tornado insalubre vir para esse batalhão e ter que me conformar em apenas admirá-la secretamente.

A boca de Arizona se contorceu em um sorriso e ela mordeu o lábio nervosa com todas as palavras que Callie havia dito. Ela sentiu suas bochechas esquentarem, não sabia o que dizer, aliás, ela sabia o que dizer e tinha muito o que dizer, mas sequer sabia por onde começar. Calliope era uma mulher surpreendente.

— Desculpa, eu — disse a tenente, ao perceber o silêncio da loira.

— Não, amor — Arizona sorriu, balançando a cabeça, percebendo o seu erro — droga, vai ser difícil — murmurou e após ficar em silêncio por um instante, prosseguiu — não consigo ficar longe de você por muito tempo, todas as coisas perdem o interesse. O quão louco isso é? Digo... — a loira levou a mão na nuca — olha o que você fez comigo...

Calliope sentiu suas bochechas doerem, percebeu que não parava de sorrir.

— Vamos? — Erica Hahn surgiu, carregando sua bolsa de lado e se posicionando ao lado de Calliope.

— Claro — respondeu a tenente.

— Ah, esqueci minha água, podem ir pro carro que as alcanço — disse a paramédica.

Arizona revirou os olhos e Callie deu um empurrãozinho nela — Quero que venha na frente comigo — disse, ao chegar no estacionamento e abrir a porta para a loira.

— Que gentil, obrigada — agradeceu sorridente.

A tenente sorriu, posicionando-se em frente ao volante.

[...]

— Você lembra aquela vez em que as meninas da fraternidade resolveram fazer uma festa de última hora no nosso alojamento? Você lembra a confusão que deu? — Erica falava entusiasmada no banco trás.

Arizona estava de saco cheio daquela conversinha, sentia-se excluída e não conseguia esconder o ciúmes que estava sentindo. A tenente havia percebido, pois tentou mudar de assunto várias vezes, mas de alguma maneira Erica voltava ao passado. Callie olhou de relance para a loira, perguntando sem emitir som algum, se ela estava bem.

Broken - CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora