Atlas Ferraz 🎓
📍Morumbi, São Paulo. — 8h
Passei em mais uma faculdade, dessa vez a que eu quis em direito, formado com honra.
Analiso os papéis da empresa do meu pai, vendo que não havia nenhuma fraude nos possíveis contratos que ele iria fechar.
Meu pai me deixava na frente destas situações todas inclusive negociações com possíveis parcerias como esses que analisei.
Hoje era meu aniversário minha mãe tava viajando e meu pai tava no Rio fechando mais contratos.
Sempre foi assim, acostumei com isso nem um parabéns falavam desde meus 5 anos de idade.
Mas não deixaria meu aniversário de 22 anos passar em branco, fechei um barzinho aqui perto mesmo e estava esperando somente meu expediente acabar.
Meu whatsapp não parava de chegar mensagem e a notificação mostrou do meu irmão.
Benício 🥊
Beni: Parceiro que horas vai se tua resenha?
Eu: Vai começar as 20h.
Beni: Vou chegar mais tarde, meu bagulho termina 22h se tá ligado mais eu vou.
Eu: Mais vai mesmo?
Beni: Eu vou caralho aniversário do meu irmão, mandei entregar aí na empresa um whisky dos bons pelos 22 anos de ser otário, mais barraram o moleque só por que era preto, empresa racista caralho
Eu: Meu pai.... Se o moleque ainda estiver fala que estou descendo.Desligo o celular, respirando fundo.
É difícil ser filho deles, porque automaticamente me comparam com eles e eu não sou igual.
Aprendi desde pequeno sozinho que somos todos iguais, mas pra eles só importa dinheiro, o que adianta ter dinheiro e não ter um pai presente ou uma família unida? Nada.
Recepcionista: Sr.Atlas tinha um garoto pretinho atrás de você, mas o Roberto levou ele pra fora já, não se preocupe.
— Tá demitida. — esse era meu setor, tinha liberdade para isso.
Ela me olhou assustada com as mãos na mesa dela.
Recepcionista: O que eu fiz? Eu falei que já pedi pra tirar o sujo pra fora.
— De suja só tem você Soraia, pode ir pro RH pegar o tempo que trabalhou aqui. — dou as costas, afrouxando a gravata do pescoço. — Roberto está demitido, pode ir direto ao RH. — falo ao ver ele na frente da porta.
O moleque tava sentado na moto na frente da empresa.
xxx: Chefe não fiz nada não, eu só vim trazer um bagulho que o BN mandou, eu tô sujo por que tava fazendo meu trampo de motoboy — ele abriu a bag da moto.
— Desculpa pelo que aconteceu lá dentro. — coço a nuca com vergonha. — Quanto deu a corrida?
xxx: Tá tranquilo tô acostumado preto e sujo é ladrão — ele rio sem graça — tá de boa o BN já pagou chefe — ele me entregou o saco.
Nego com a cabeça.
— Tem nada haver isso aí. — pego o saco que ele esticou pra mim. — Tem experiência como segurança?
Ele fez que sim com a cabeça subindo na moto.
xxx: Tenho chefe trabalhei uns dois anos de segurança do shopping morumbi — ele tirou o capacete do braço.
— Tô precisando. — passo a mão no cabelo. — esquece esse chefe, só Atlas e está contratado??— pergunto me referindo pra ele dizer o nome.
Ele me olhou confuso desligando a moto.
xxx: É sério chefe? desculpa ai Atlas, me chamo Luiz Henrique Souza, caralho sério mesmo? minha mulher vai pirar — ele passou a mão na cabeça sorrindo.
— Vamos pra minha sala. — aponto para dentro da empresa. — Pra você ler e ver se o contrato está do seu agrado.
Ele desligou a moto rápido e parou do meu lado.
Luiz: Eu tô sujão ta todo mundo arrumado aí chefe, vão me olhar feião — ele coçou a cabeça sem graça — mais patrão só por ser registrado já vai ajudar tenho duas filhas.
— Entra Luiz, já foram demitidos os que te trataram mal. — falo entrando na empresa. — Você estava trabalhando, normal estar sujo e agora você vai fazer parte da empresa, sem medo.
Ele entrou todo sem graça com a cabeça baixa segurando o capacete.
Entro na minha sala, dando espaço pra ele entrar também.
— Água, café, refrigerante, bolacha, bolo? — ofereço, apontando para mesa. — Pode ficar a vontade.
Ele negou com vergonha parando de frente da minha mesa.
— Pode pegar Luiz, sem vergonha, sou gente como você. — sento na minha cadeira, pegando os papéis na gaveta. — Pode se sentar e ficar a vontade. — deixo os papéis na mesa, servindo bolo para ele, seguido de café e refrigerante, deixando na sua frente.
Ele colocou o capacete no chão pegando o bolo comendo rapido sentado de frente comigo.
Luiz: Eu vou ser sincerão com você, eu não sei escrever tanto não, meu nome só em letra de forma fiz até a 5 série, mais se não der chefe não tem problema só pela oportunidade eu já agradeço.
— O emprego é seu Luiz, sente vontade de terminar a escola? — pergunto, lendo o contrato na minha mão, rasgando o que meu pai paga para os funcionários dele, ligo o computador começando a escrever tudo novamente da minha forma.
Luiz: Eu queria chefe mais tem tempo não, eu trampo o dia todo minha dona não consegue trampo por conta das duas pequena de casa, chego em casa às 04:30 da manhã por aí.
— Salário 3,450 está bom pra você? — olho para ele. — Na empresa já vem incluso refeição, mas com o passe caso venha de ônibus aumenta duzentos no seu salário, das 7h da manhã as 14h30.
Ele me olhou assustado.
Luiz: Tá bom demais tiro isso no mês não chefe, maluco minha esposa não vai acreditar, eu venho de condução tem problema não chefe, eu moro aqui em Paraisópolis perto, venho até andando se precisar.
Imprimo o contrato, colocando tudo que conversamos, mais o bônus que todos os meus funcionários tem.
— Começa amanhã mesmo, vou precisar que traga sua carteira, pra trabalhar assinado. — sorrio, vendo a felicidade dele, lendo o papel. — E você vai terminar a escola Luiz, vou pagar pra você.
Luiz: Tenho nem palavras chefe, que Deus abençoe sua vida maluco, amanhã 06:30 eu tô aqui chefe, eu juro pode confiar, precisa pagar não eu faço EJA chefe — ele estendeu a mão pra mim — Tô nem acreditando chefe, você é foda com todo respeito.
— Vou pagar Luiz e não aceito não como resposta. — aperto a mão dele, puxando pra um abraço. — Não esquece os documentos.
Ele me abraçou e saiu da sala feliz demais, aquela reação foi o melhor presente que eu podia ter ganho de aniversário.
Sorrio bobo com isso e guardo todas as coisas, assinando a demissão da Soraia e do Roberto.
Saindo feliz da vida da empresa com meu Whisky, agora era só comemorar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ligados Pelo Destino [M]
Fanfiction+16 | São Paulo, Paraisópolis. O meu destino nunca foi traçado em nenhum aspecto, mal eu sabia que era traçado do aspecto mais maluco dessa vida, traçado pelo aspecto do amor, aquele que eu só conheci uma vez.