Vinte

814 70 0
                                    


Akira ♟️

📍 Paraisópolis, São Paulo — 18h00.

Que sábado do caralho atraso de mercadoria, o Atlas me viu no morro e no fim ele passou mal, nem sei que caralho aconteceu com ele.

Tinha terminado meu expediente fui pra casa tomei um banho e subi na Upa que ele estava.

O Benício estava sentado na sala de espera, com a cabeça encostada na parede.

— BN seu amigo tá melhor ? — falei seca, me sentando dois bancos dele.

Ele negou, me olhando.

BN: A tia está vendo se consegue doar sangue. — ele olhou pra frente.

— O que ele teve BN? — perguntei confusa.

BN: Diabete, ele perdeu a insulina.  — ele me olhou tremendo. — Começou a tremer e passar mal, desmaiou e teve refluxo e quando a tia chegou ele estava convulsionando. — ele passou a mão no cabelo. — E agora teve refluxo com sangue, parece que está muito alta a diabete não sei como fala e não sabem porque.

Que porra e eu dei doce pra ele caralho, burra burra burra.

— Caralho que merda, não é melhor levar ele pra um convênio de playboy? aqui não vai ajudar ele — falei olhando o segurança me encarar, ninguém aqui falava muito comigo por conta da minha fama.

BN: Os pais dele matam ele, tá louca com essa ideia? — ele falou rápido.

Fiz sinal de rendição.

— Com uns pais desses é melhor ser órfã — neguei — Já tentou doar pra ele?

BN: O sangue? — ele me olhou. — Incompatível, mais tenho que falar com a tia o que ele comentou comigo que só lembrei agora. — ele passou a mão na cabeça.

— Se não tiver mais ninguém, eu tento até — eu odiava hospital, mas tava me sentindo culpa nesse caralho — O que?

BN: Ele comentou que a mãe dele fez ele comer quatro pote de doce de leite esses dias, nem levei muito a sério. — ele coçou cabeça. — quando éramos pequenos a mãe dele fez algo igual.

Filha da puta que porra de mãe é essa?

— Ela é retardada porra, o moleque é diabético mata ele brincando — neguei vendo a tia Marjorie saindo de lá de dentro — Tia?

Marjorie: Ainda estão aqui. — ela sorriu fraco, se sentando.

— O menino tá como? — olhei ela sentar no meio da gente.

Marjorie: Agora está estável. — ela passou a mão no cabelo. — O açúcar ainda está em excesso.

— Você comeu tia? — ela foi a única pessoa que me acolheu quando eu voltei pra cá.

Marjorie: Comi esses negócios daqui do postinho mesmo.

BN: Com todo respeito tia, que história é essa dele ser seu filho? — ele olhou pra ela.

Olhei pra ela fingindo não saber, até quem fim o LD falou ela tinha que saber, bagulho machucava a mulher dele.

Marjorie: Ele é meu filho que levaram com 2 meses [...] — ela contou tudo e foi aí que entendi talvez a ideia do LD, mas porra é o filho dele, por isso eu digo ninguém ama ninguém.

— Caralho tia... desculpa que loucura tudo isso — comentei, pensando que o LD deve tá puto, quem mente se fode no fim.

BN: Complicado, o LD bateu com ele quando ele era menorzinho e nem disse nada. — ele falou pensando. — Teria poupado muito sofrimento do Atlas.

Olhei pro BN, negando.

— Ele tem seu amor tia, ele tem amor de mãe, vai fica de boa — sorri fraco.

Marjorie: Teria Benício, teria muito. — ela abaixou a cabeça com os olhos cheio de lágrimas.

Encarei o BN, negando.

— Acalma o coração tia, o moleque é novo vai dá certo, vocês vão recuperar o tempo — ela sorrio entre as lágrimas.

BN: Nem me olha assim, falo mesmo vi o sofrimento dele de perto. — ele deu de ombros.

O BN me irritava não era só aqui não, no trampo também, língua maior que a porra da boca.

— Fala mais nada não — apontei com a cabeça pra tia Marjorie.

Ele abraçou ela, que retribuiu logo começando a chorar alto.

Levantei ficando do lado de fora, todas as memórias que eu tinha dentro daquela UPA eram ruins, principalmente da última vez

A madrugada chegou com rapidez as 03h40 o Benício saiu falando sozinho, logo entendi que ele falava com o tal de Deus agradecendo.

— o moleque melhorou? — ergui a cabeça.

BN: Ele acordou, tá suave agora. — ele me olhou todo contente.

Assenti com a cabeça, levando as mãos no bolso da blusa.

— Depois fala pra ele que desejei melhoras — desci da mureta que tinha ali — vou pra casa então.

O BN não sabia de nada o que era bom teoricamente, e o plano fodeu todo certamente, melhor isso ia dá merda.

Ligados Pelo Destino [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora