Chapter 68.

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Vortei, minhas lindas! Mais cedo do que as últimas vezes, mas é o melhor que posso fazer por agora. Estejam preparadas pra esse capítulo e comentem bastante, porque eu amei escrever ele. Espero que também gostem <3

Boa leitura!

***

17 de novembro de 1939.

       Harry

A sexta-feira tinha sido mais longa do que o normal. Eu estava exausto - a mente reclamando mais que o corpo - mas ainda sim, era exaustão. Apesar do comércio cada dia menos movimentado, os aviões da RAF já atacavam alvos navais alemães, judeus estavam sendo deportados do Terceiro Reich para a Polônia e rumores se espalhavam dizendo que, em breve, um racionamento de comida começaria na Inglaterra novamente, assim como na Grande Guerra.

Um completo caos.

Às vezes eu era tomado pela sensação de que nada poderia impedir que todas essas preocupações me invadissem. Mas então, havia ela. Por mais caótico - e ao mesmo tempo, simples - que fosse meu sentimento por ela, por mais que eu engasgasse em palavras e dores no peito até dormir, Florence, de alguma forma, ainda conseguia ser aquela sensação de calmaria quando termina de chover em uma manhã de verão e o cheiro de terra molhada invade as narinas.

Aquela sensação de que, talvez, chova ainda mais ao entardecer, mas tudo bem porque você está de férias e pode dormir o dia todo, se quiser.

Ocasionalmente me flagrava pensando no passado, o tempo que ainda não éramos muito amigos e em como ela costumava ser um pequeno e caótico furacão de risadas e opiniões controvérsias, que me faziam questionar tudo. Era engraçado como, ao mesmo tempo que se tornava cada dia mais mulher, sua companhia já não me deixava agitado, mas sim, em paz. Com a postura firme e tranquila de quem era a dona daquele coração dentro do meu peito.

Ela não tinha ideia ainda, mas saber que meu coração tinha, de fato, uma dona, me deixava sereno quando a ansiedade tomava conta. Tranquilidade em meio ao caos.

Todo mundo deveria ter uma pessoa assim para si.

Hoje foi um desses dias. Um anseio inquietante movia meu corpo de um lado para o outro na cama sem me deixar pregar os olhos. Faltavam exatamente treze minutos para as onze da noite quando decidi que não permitiria ficar um segundo sem minha melhor amiga.

Apesar das circunstâncias, ela ainda era minha melhor amiga. Minha tudo.

De forma inconsequente, troquei de roupa em um piscar de olhos e desci as escadas em passos taciturnos para que minha mãe sequer suspeitasse que eu estava saindo de casa naquele horário. Minha carteira, as chaves do carro e meu casaco foi tudo que peguei antes de fechar a porta e correr alguns metros a frente para a janela dela.

Eu não podia fazer barulho algum, isso certamente incluía gritar seu nome e, principalmente, tocar a campainha. Decidido, invadi seu quintal e corri até a parede de tijolinhos vermelhos coberta de heras já não tão verdes. Aproveitei os galhos e o pequeno telhado acima da porta da varanda para conseguir escalar até seu quarto.

Foi engraçado pensar: Quantas vezes fiz isso sem saber que era apaixonado por ela?

Quando finalmente consegui apoiar as mãos no batente de sua janela, levemente arrependido por não ter mais o peso e a elasticidade de três anos atrás, encontrei seu vidro fechado. Usei de toda minha força e equilíbrio para conseguir dar alguns toques na janela enquanto me segurava.

Eu provavelmente estava vermelho quando ela me encontrou, o rosto graciosamente surpreso e os olhos intensos fixados aos meus.

- Haz! - seu sorriso abriu quase instantaneamente quando disse meu nome. E eu notei - O que faz aqui?

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