Chapter 13.

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19 de fevereiro de 1937.



       Florence

– Então, alunos, só para concluir: No Egito antigo, os papiros eram muit- – o professor de história foi interrompido brutalmente pelo sinal da última aula, soltando um suspiro de frustração – Tudo bem, eu nunca consigo terminar nada do que eu começo de qualquer jeito. Estão liberados, falamos disso semana que vem. Boa sexta-feira a todos! – nós começamos a guardar nossos materiais nas suas devidas bolsas e quando caminhávamos até a porta, ele continuou em um tom alto – E não se esqueçam do trabalho para terça-feira!

A essa altura, nós cinco já nos encontrávamos do lado de fora há um tempo. O clima estava mais ameno nessa época do mês, uns quinze graus aqui fora, eu diria. O problema estava no vento cortante que sempre existiu por aqui. Como não nevava mais, as bicicletas estavam de volta acorrentadas à barra de ferro do portão principal.

– Sexta-feira, vadias! – Luke gritou animado, subindo em sua bicicleta – Eu não quero mais ouvir falar de escola durante esses dois dias. Já bastou essa semana horrível que tivemos.

– Luke, as aulas mal começaram... – Harry revirou os olhos, passando sua perna direita para o outro lado da bicicleta enquanto apoiava nos guidões – Larga de drama. – continuou já quase sentado, com um pé apoiado no chão.

– Mas Lukey tem razão. A semana foi complicada. – Olivia dizia enquanto soltava o cadeado da corrente que prendia sua bicicleta.

– Oh, calem-se. Eu quero ir embora. Como se não bastasse o fato de que na sexta-feira passamos a tarde toda nesse hospício. – atravessei a conversa dos meus amigos.

– Isso, a Florence tem razão. Vamos Olivia? – Luke perguntou e a menina assentiu, subindo no seu simples meio de transporte e seguindo atrás do amigo, para irem às suas casas quase vizinhas.

Já eram mais de cinco horas da tarde e hoje era o pior e o melhor dia da semana. Melhor pelo simples fato de ser o último dia antes do descanso e pior porque nossa carga horária de aula era dobrada, incluindo algumas atividades extracurriculares como música e francês, depois voltando a algumas aulas normais no final da tarde. Eu, Pam e Harry seguimos caminho, como já havia se tornado rotina. Depois que o garoto subiu sua rua, minha melhor amiga e eu continuamos pedalando até sua casa. Fazia um tempo que não fazíamos uma noite de garotas, então prometi a ela dormir lá de hoje para amanhã. Infelizmente Olivia teve um compromisso com a família e não pode vir, mas ela não acompanharia nossas conversas de qualquer maneira.

Ao entrar pela sala, cumprimentamos rapidamente os pais de Pam - quase meus tios - e subimos para o seu quarto. Aquele lugar remetia à minha infância, em quantos dias e quantas noites passei ali brincando de boneca e chá da tarde. Lembro-me do conjunto de xícaras de porcelana branca com rosa que minha melhor amiga tinha, nós esquentávamos água no bule do conjunto e tomávamos fingindo ser a bebida tão famosa por aqui. E por coincidência, lá estava ele em cima da prateleira, ao lado da sua boneca Emy. Ela por várias vezes foi a melhor amiga de Amélia, minha boneca, assim como eu sou de Pam.

– A Emy precisa de um banho para tirar esse pó, huh? – disse enquanto pegava o brinquedo e me sentava na sua cama.

– Ah sim, ela não está tão branquinha como antes. E Amélia? Você já se livrou dela? – a garota se sentou no chão ao meu lado.

– Você sabe que eu não consigo... E não teria nem porquê. – fiz uma pequena trança em uma mecha da boneca – Emy e Amélia serão sempre melhores amigas.

Fire Head ☞ H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora