Chapter 36.

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     01 de abril de 1938.

       Harry

– Vamos, mãe! Já estou te esperando há... – olhei os ponteiros do meu relógio de pulso enquanto esperava encostado na porta aberta da sala – Exatos vinte e sete minutos!

– Calminha, Harry! Você não precisa gritar, eu estou bem aqui. – Anne saiu da cozinha ajeitando os pequenos brincos de pérola em sua orelha.

– Me desculpe, achei que estivesse lá em cima. – ela se aproximou e ajeitou o colarinho da minha camisa branca.

– Agora sim. – a mais velha se referiu a minha roupa – Você fica uma gracinha quando usa terno, meu filho. – completou e eu sorri envergonhado – Como estou? Esse chapéu está pequeno demais?

– Você está linda, mamãe. Agora podemos ir? – apontei a saída e ela docemente mostrou seus dentes brancos.

– Sim, querido. – minha mãe colocou as mãos em minha bochecha e pegou em sua pequena bolsa, saindo logo em seguida. Tranquei a porta e ela me jogou a chave do carro – Hoje você assume.

– Seria um milagre me deixar dirigir quando vamos para perto de pessoas conhecidas? – girei a chave na porta azul de nosso carro e abri a porta do passageiro para que ela entrasse.

– Não vejo problema algum. Sua licença está perto de sair.

– Vou fingir que acredito e que o motivo não seja você não querer amassar o seu vestido. – disse e a morena sorriu, revirando os olhos logo em seguida.

Ao entrar no carro, coloquei a chave na ignição, arrumei a marcha, afundei o pé no acelerador e dei partida. A cidade estava praticamente vazia, visto que estávamos atrasados e todos já deveriam se encontrar no local. Por esse motivo, o caminho foi rápido e logo eu já estava estacionando o veículo em frente a igreja.

Não vi muito movimento em frente mesma, portanto deduzi que a maioria já havia entrado. Saímos do carro e corremos para subir a escadaria e atravessar o extenso pátio até chegar aos grandes portões de madeira. Entramos discretamente e o padre estava no presbitério, proferindo algumas palavras de fé, lendo seu lecionário dominical apoiado no ambão de mármore.

– Vá até eles, vou me juntar ao lado de Liz e Jo. – Anne cochichou, se referindo aos meus amigos e apontou discretamente com a cabeça para o banco onde eles estavam sentados.

Logo, ela se sentou no espaço vago ao lado de Johanne. Assim que me virei e olhei para o banco do outro lado do corredor que atravessava a igreja, Florence acenou discretamente com a mão próxima ao seu colo e sorriu. O vitral colorido e desenhado estava bem ao seu lado e fazia com que a luz do sol atravessasse a janela e incidisse uma cor avermelhada sobre ela. Caminhei até lá e me sentei ao seu lado.

– Olá. Cheguei muito atrasado? – sussurrei em seu ouvido e ela se aproximou para escutar.

– Não se preocupe, ele começou há uns cinco minutos, no máximo. – a ruiva sorriu e voltou a olhar para o padre.

– Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo! – o homem a nossa frente disse em alto e bom tom, me fazendo finalmente prestar atenção – Neste dia santíssimo da Ressurreição do Senhor, em que o Espírito nos faz homens novos, oremos ao Pai para que a alegria da Páscoa se estenda ao mundo inteiro.

– Abençoai, Senhor, a Vossa Igreja. – todos presentes responderam em um coro.

Depois de algum tempo ouvindo a missa sobre a Páscoa e a Ressurreição de Cristo, o padre pediu para que levantássemos e cautelosamente, nos organizássemos em fila para receber a hóstia e um gole de vinho do cálice prateado. Ficamos em silêncio e andamos lentamente atrás de outros fiéis até a nossa vez. Luke estava bem a minha frente, e atrás estavam Pam, Olivia e Florence respectivamente.

Fire Head ☞ H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora