Fire Head ☞ H.S

Chapter 43.

     25 de junho de 1938.

       Harry

Em uma tarde de sábado, saí de casa ansioso e fui rapidamente com o carro até a porta da minha melhor amiga. O trajeto mal durava dois minutos, e estacionar em frente a sua porta com certeza era mais demorado do que chegar até lá. Ao descer do veículo, ajeitei a gola da camisa e toquei a campainha. Esperava vê-la pronta atendendo a porta, mas a visão que tive, depois que a maçaneta girou, foi outra.

– Olá, Harry!

– Olá, senhor Peter. Florence já está pronta? – perguntei com um sorriso no rosto.

– Oh, receio que ela ainda esteja no banho. Entre, espere na sala. – o pai dela me deu passagem para entrar na casa e assim o fiz.

Logo que entrei, Joanne e Marcus estavam sentados no tapete em frente a estante, mexendo em algumas caixas.

– Oi, Joanne! – comentei e ela, antes distraída, me notou e sorriu.

– Olá, querido!

– Harry!!! – Marcus gritou animado e veio correndo até mim, abraçando meu quadril.

– Oi, amigão! – baguncei o seu cabelo e o garoto olhou para cima, sorrindo – O que estão fazendo?

– Estou ajudando minha mãe a organizar algumas fotos.

– Hun... Isso parece interessante. – o segui quando o garoto puxou minha mão em direção ao sofá.

– Vamos, rapaz. Sente-se. – Peter sugeriu e o obedeci.

Me sentei no sofá ao lado da poltrona de Peter e olhei curiosamente para o trabalho de Joanne e seu filho. Eles pareciam reorganizar os álbuns de família. A mãe de Marcus percebeu meu olhar interessado e um tanto intrometido e resolveu me entregar um dos álbuns.

– Veja esse, acho que vai gostar. São as fotos da Florence quando pequena. – logo que a loira falou, meus olhos arregalaram de surpresa. Uma surpresa boa. – Se encontrar alguma foto aí que não seja dela, me dê para que eu possa colocar no lugar correto.

– Tudo bem. – ri com a tarefa que me foi dada.

Abri o álbum de capa rosa e comecei a folhear as páginas. Automaticamente um sorriso se formou no meu rosto ao ver aqueles fios ruivos tão pequeninos. Era uma pena mesmo que a fotografia não mostrasse a cor dos cabelos da garota, mas a parte boa era que minha imaginação era fértil o suficiente para imaginar cores naqueles pedaços de papel. Diversas fotos divertidas da infância da minha melhor amiga, enquanto brincava com os pais no parque, ou então enquanto plantava alguma coisa ou colhia cenouras em uma pequena horta. Os vestidos claros e cheios de babados que usava, deixavam tudo ainda mais gracioso por imaginar que aqueles traços tão inocentes e suaves amadureceram, mas que o sorriso, os olhos e a essência de Florence continuavam iguais depois de tantos anos. Eu olhava aquelas fotos e conseguia enxergar a mesma alma, a mesma alegria e a mesma beleza. Era também engraçado o fato de que, conforme a minha amiga crescera, foi formando sua opinião e um vestido de babados como aqueles seria a última coisa que ela vestiria.

– Oh! – falei assim que virei a página e vi uma foto de Joanne grávida ao lado de Peter – Acho que essa aqui não faz parte desse álbum.

– Muito obrigada. Essa vai para o álbum do casal. – ela comentou sorrindo e estendeu a mão para que eu lhe entregasse a fotografia.