Chapter 9.

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20 de dezembro de 1936.



       Harry

Inferno.

Essa é a palavra que resume todo o semestre. Não digo que não houve momentos agradáveis, mas as aulas de inglês acabavam conosco. Se Luke tivesse deixado suas pegadinhas para o professor de Educação Física que dá aulas uma vez por semana, nós estaríamos mais tranquilos. O grande problema é que a maldita aula de Elizabeth era dada no mínimo uma vez por dia. A matéria se tornou mais difícil do que realmente é, fazendo com que todos nós tivéssemos que vender nossas almas para conseguir passar, principalmente a Florence.

Florence.

E essa é a palavra que não desgruda dos meus pensamentos. É tudo uma questão de consciência. Ela não merecia o castigo que levou, muito menos ter que se matar de estudar em uma matéria que ela sempre dominou muito bem, juntamente das outras. Além disso, tive meus motivos para brigar com ela, por outro lado, penso que agi da maneira errada sem considerar os seus pontos. A grande questão é que ela não me permite aproximação para no mínimo eu me explicar e dizer-lhe que o que ela fez me incomodou, em vez de tê-la deixado plantada no meio de uma viela na madrugada e tratar-lhe mal durante o resto da viagem.

Ela não deixou de ser inconsequente em se por a minha frente e me defender. Apesar disso, minha consciência está pesada. Confesso que errei e quero sua amizade no mínimo como era, mas ela não me deixa chegar perto. Se eu digo algo para ela, ou se concordo com o que ela diz, Flor desvia sua atenção e finge não me escutar, falando com outra pessoa. Desde que ela me deixou parado no corredor e saiu cuspindo fogo às pressas, repensei sobre as minhas atitudes... Talvez tarde demais. Ela não voltou no dia seguinte e depois, fechou sua cara para Luke e eu nunca mais ouvi sua voz diretamente para mim.

Digo, a sensação de você simplesmente ouvir uma voz é completamente diferente de ouvir uma voz falando enquanto olha nos seus olhos. Você sabe que a atenção é toda para você, que a pessoa, nem que seja por alguns instantes, é toda sua. Não ter isso de novo dela estava me fazendo mal, contudo consegui conviver muito bem com isso durante esses três meses. Para ser sincero, já perdi as esperanças. Florence voltou a falar normalmente com Luke na primeira oportunidade de um trabalho em grupo, há um mês atrás. Por sorte, nós nunca tivemos uma relação de amizade tão forte quanto a deles dois, me fazendo assim, poupar sofrimento por coisas desnecessárias.

Então, basicamente, hoje é o último dia de aula.

Estava concentrado na explicação sobre o comportamento de algumas moléculas de hidrogênio durante uma ligação covalente, quando o ilustríssimo senhor Luke Hemmings atrapalhou a tão aclamada aula de química, me acertando com um pedaço de papel amassado que denominei ser um bilhete.

"Não fuja depois da aula, sim? Preciso conversar com você no intervalo, daqui a... uns cinco minutos, talvez?"

– Três. – cochichei, o corrigindo e voltando a atenção para minha matéria de maior dificuldade.

O sinal tocou e, com pressa, arrumei minhas coisas e saí, esperando por Luke no corredor ao lado da porta. As garotas sempre demoravam a aparecer, ficando minutos e minutos conversando enquanto guardavam seus materiais para o fim desta aula. Por isso, era o momento perfeito para conversar a sós com o meu melhor amigo.

– Então, o que você precisa me dizer? – perguntei assim que o vi sair, indo em direção aos armários.

– Sabe, Haz... Estive pensando. – ele colocou o braço apoiado no meu ombro esquerdo, contornando meu pescoço – Esses últimos três meses foram desgastantes para nós, certo?

Fire Head ☞ H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora