Chapter 6.

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30 de agosto de 1936.



       Luke

Já eram 6h da manhã e eu estava atrasado para buscá-los. Terminei de guardar minhas roupas na mala e correndo, desci as escadas e entrei no carro em que meu pai buzinava pela quarta vez. Eram só dois dias, mas minha bagagem estava lotada e a culpada era minha mãe. Além da fantasia, ela disse que eu não poderia adivinhar se lá faria frio ou calor. Porra, estamos em agosto! Claro que não está fazendo quarenta graus como no mês passado, mas Londres vai ferver. Literalmente.

Ao entrar no carro, disse ao meu pai que fosse primeiro até a casa de Harry, já que era a mais próxima. Uma pequena vantagem de muitos anos de amizade é que eu não precisava dizer o endereço de ninguém. Ele chegou muito rápido até a casa do meu amigo, passando depois pela Olivia, Pam e por último a chata da Florence. O nosso trem partia as sete horas da manhã em ponto e faltando dez minutos, meu pai nos dava as orientações.

– Aqui estão os bilhetes de vocês. Ficou guardado esse tempo todo comigo porque com certeza idiotas como vocês perderiam. – ele satirizou, fazendo todos rirem.

De onde será que eu puxei minha personalidade?

– Ok, pai. Agiliza! Entrega os bilhetes e diga o que precisa ser dito. As londrinas me esperam. –respondi.

– Aqui, um de cada. – ele entregou um por um e prosseguiu – A viagem não demora nada. Vão conversar ou dormir e daqui duas horas, o meu irmão estará aguardando por vocês na plataforma 4 da St. Pancras Station. Fiquem atentos com as malas e não se percam, pelo amor de Deus. Seus pais me matam se alguma merda acontecer. Se forem transar com algum desconhecido, usem proteção e...

– Senhor Hemmings! – Florence o advertiu – Temos 15 anos, não vamos fazer nada disso.

– 16 anos. – sorri maliciosamente.

– Flor, você sabe que pode me chamar de Andrew. – meu pai a corrigiu – E Luke, se comporte! Você é terrível, o pior de todos e nós sabemos disso. E veja se não tem nenhuma ideia de merda desta vez, ok? – assenti – Agora, de qualquer forma meu irmão vai ajudá-los sobre Londres. Me avisem por algum telefone público quando chegaram, certo? Falta um minuto, corram e boa viagem!

Pegamos nossas malas e entramos no trem que já dava sinais de partida, com a fumaça se espalhando por todo o local. Guardamos as bagagens abaixo dos bancos e fomos até a janela acenar um adeus ao meu velho enquanto saíamos da estação. As cabines eram divididas por classes: alguns vagões mais a frente, ricos sentavam em mesas e se deliciavam com seu café da manhã em taças e talheres refinados. Nosso vagão não era mau, haviam piores para classes bem mais baixas. Bancos de veludo vermelho com três lugares eram dispostos um em frente ao outro em todo o vagão. Assim, Florence, Olivia e Pam se sentaram a minha frente e do Harry. 

– Mal posso acreditar! – Olivia disse se sentando a minha frente – Nossa primeira viagem juntos aos 15 anos, isso não é emocionante? Não acredito mesmo que nossos pais permitiram que fôssemos pra Londres sozinhos! – continuou batendo palminhas de alegria.

– Bem, só estamos sozinhos no trem por duas horas. O tio dele vai cuidar de tudo pra que nada dê errado. – Pam disse apontando para mim.

– Eu não tenho tanta certeza... – pensei alto.

– Oi? – Harry se virou para mim.

– Olha gente, meu tio cedeu o lugar para dormirmos e se algo der errado, claro que ele vai ajudar. Mas ele não é do tipo de impedir que coisas aconteçam... – eles pareceram não entender – Ok, prestem atenção. Lá nós teremos um quarto para nós cinco, comida, banheiro e tudo mais. Porém ele não vai nos dar hora pra sair e nem pra voltar, não vai ficar nos vigiando e nem fazendo o papel de pai, afinal ele serve pra ser o tio legal, hun?

Fire Head ☞ H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora