Fire Head ☞ H.S

Chapter 48.

02 de agosto de 1938.

            Florence

            – Bom dia, Flor! – Brian adentrou sorridente o quarto branco onde eu esperava impaciente sua presença. Antes mesmo de me notar, andou até as cortinas e as abriu empenhado, deixando os raios de sol da tarde entrarem no ambiente – Está pronta para ir?

            – Finalmente! – descobri o meu corpo, revelando já estar devidamente vestida para ir embora daquele hospital mórbido – Estava ansiosa para que entrasse por essa porta dizendo que recebi alta.

            – Pelo jeito, estava mesmo ansiosa. – o loiro abriu um sorriso encantador, revelando seus dentes brancos e bem cuidados – Come on, Florence. Dois dias internada não pode ser tão ruim.

            – Você por acaso já ficou dois dias internado, Brian? – lancei-lhe um olhar duvidoso, recebendo um aceno negativo de cabeça em resposta, seguido de uma risada debochada – Foi o que eu pensei. O almoço de hoje foi a última vez que precisei me alimentar de uma comida tão horrorosa!

            – Oh, sobre a comida, posso partilhar do mesmo sentimento. – o loiro se aproximou de mim enquanto eu descia da maca, olhando para a porta e se certificando de que ninguém ouvia nossa conversa. Em seguida, sussurrou – É mesmo horrível. Parece que estou comento papel.

            – Exato! – me empolguei ao responder, vestindo a camisa que Brian trouxe ontem depois de ter rasgado a minha durante a emergência – Comer papel não foi tão ruim. Terrível foi comer aquele purê de batatas que parecia uma das minhas bisnagas de tinta. – Brian gargalhou com o meu senso de humor – Mas me diga... Eu já estou melhor para ir? Seja sincero.

            – Não está cem por cento, mas digamos que está quase lá. De acordo com os exames, seus pulmões e sua traqueia se recuperaram do susto. – o médico deu ombros – Já pode ir para casa e comer uma refeição mais gostosa. Caso contrário, quem vai ficar doente é seu estômago.

            – Oh, ainda bem que se preocupou com meu sistema digestivo! – entrei na brincadeira, rindo com o mais velho – Fico feliz em sair daqui. Sinto muita falta de Luke, Pam e Ollie... E do Haz.

            – Você vai poder vê-los em alguns minutos, com certeza. É só não fazer muito esforço físico nos próximos dias e logo já estará cheia de fôlego. – Brian continuou meu raciocínio, sinalizando para que eu saísse do quarto e o seguisse pelo corredor.

            – E Fleur? Ela está bem? Não a vejo desde ontem a noite. – continuei caminhando pelos corredores frios do hospital.

            – Ela está bem, mas estava muito cansada por ter feito dois plantões seguidos ao cuidar de você dia e noite. Então disse a ela para ir descansar. – durante o caminho, enquanto ouvia sua resposta, reparei nos olhares de algumas enfermeiras para o namorado da minha melhor amiga. Entre eles, o olhar da recepcionista enquanto Brian tirava o jaleco e a entregava, era o mais cheio de intenções.

            – Fez muito bem. – respondi assim que nossos corpos foram iluminados pela luz alaranjada do sol da tarde, logo que saímos do hospital. Antes de seguirmos, parei em frente a entrada. – Eu preciso agradecê-la por todo o esforço e ajuda. Ela realmente me vigiou durante o sono. E você... Bom, obrigada por salvar minha vida, Brian! – o surpreendi com um abraço apertado, sentindo suas mãos ao redor das minhas costas em seguida – Vocês dois são meus heróis. E são profissionais incríveis!

            – Não precisa agradecer, Flor. – o loiro sorriu ao se soltar de mim – Eu estava fazendo meu trabalho... Mas saiba que, apesar de muito mais tenso, nós nos motivamos muito mais a salvar uma vida quando se trata de alguém que conhecemos e gostamos. E digamos que, por mais que eu não seja muito próximo de você, a angústia de Harry foi o suficiente para que eu me desesperasse em te salvar.