Chapter 19.

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     09 de setembro de 1937.

       Florence

E aqui estamos nós mais uma vez.

Escola para mim não era um ambiente. Era no começo, porém com o passar dos anos esse lugar se mostrou um universo paralelo em que você entra e parece não ter mais fim. Eu sei que estamos na reta final, mas sinto como se no último dia de aula, o diretor Gibson fosse entrar pela porta da sala e nos dizer que temos mais três anos pela frente. E assim aconteceria para sempre, como um labirinto sem saída.

Nem tudo era o mesmo. As aulas eram mais chatas, os professores eram piores, os alunos novos dos anos anteriores agiam insuportavelmente como adultos, mesmo mal sabendo eles que teriam que caminhar muito para chegar onde nós estamos. E provavelmente alguns de nós agiriam assim entrando em universidades, enquanto veteranos rissem da nossa cara por sermos pobres calouros.

Ao menos, Amber havia se formado e não tinha mais ninguém que pudesse me infernizar esse ano. As vezes me pergunto se ela realmente está se relacionando com vários universitários ao mesmo tempo como eu disse que iria. Entretanto a verdade é que eu não faço ideia se ela chegou a entrar em alguma universidade ou se quer, escolheu uma profissão. Contanto que não esteja em Londres cursando medicina e roubando o futuro namorado da minha amiga, está tudo bem.

A cada dia que passa, fico me perguntando o que posso fazer assim que me formar. Eu sei que seria fácil cuidar da loja de doces, e posso até ficar ali por um tempo, mas eu almejo mais do que isso. Não quero me prender a essa cidade pequena para sempre, quero uma universidade, conhecer pessoas, viajar o mundo, ter uma profissão e ser reconhecida por algo. Ultimamente andei pensando em cursar enfermagem, assim eu poderia sempre auxiliar idosos como a minha avó, e faria de tudo para que eles não morressem em um carro. Claramente eu não seria reconhecida mundialmente por isso, mas é uma questão de satisfação pessoal.

Enquanto esse dia não chega e ainda não decido o que seguir, passo manhãs e tardes inteiras escutando professores chatos mas sem descartar a informação que eles me dão todos os dias. Como eu e Harry nos demos bem no segundo ano, resolvemos continuar sentados juntos no terceiro. Depois das aulas de artes e de diversos vasos de cerâmica quebrados no lixo, descobrimos que formamos uma bela dupla, e assim continuamos. Pam passa as aulas ao lado de Olivia enquanto Luke continua na sua árdua missão de conquistar Winnie, e por isso vai passar o resto do ano escolar ao lado dela.

– Harry, você realmente precisa me ajudar com isso, ok? – disse nervosa enquanto tentava não despedaçar as pétalas de uma flor.

– Não é tão difícil assim, Flor. – ele soltou sua tesoura e se aproximou mais de mim, encostando seu ombro direito em meu braço e pegando minha flor em suas mãos – Preste atenção. Você vai cortar os Estames e separá-los, depois, observe pelo Estigma e veja se consegue enxergar o ovário lá no fundo. Vê?

– O quê?! Eu não faço ideia do que você está falando e você sabe disso. – respondi impaciente.

– Vou te dar um crédito por ter faltado na aula de explicação, sim? – o moreno brincou – Os Estames são como o órgão sexual masculino da flor. Através das Anteras, estas pontas dos Estames, o pólen é liberado. – meu amigo explicou atenciosamente enquanto eu observava e anotava tudo o que ele me ensinava – Então, esse pó cai aqui no meio. Essa estrutura se chama Estigma e funciona como o órgão feminino. Só assim, ele desce pelo Estilete e cai no ovário localizado lá no fundo. O ovário de uma flor nada mais é do que uma fruta que nascerá. Isso quando falamos em Angiospermas.

Fire Head ☞ H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora