Fire Head ☞ H.S

Chapter 61.

Volta o cão arrependido depois de três meses hahaha Eu tava indo tão bem postando um capítulo por mês, né? Peço mil desculpas pela demora mas, o ano já não tá fácil, o fim de ano então resolveu piorar hahah Eu tô numa correria danada e imagino que muitxs de vocês também, mas o que importa é que eu sempre SEMPRE volto. Dessa vez eu voltei com um capítulo diferente e bem gostosinho de ler. Espero que vocês curtam! Ah, e se quiserem uma dica pra deixar o capítulo mais imersivo na hora de ler, além de uma musiquinha, eu recomendaria colocar um som de chuva de fundo. Foi tudo na hora de escrever hehe Beijinhos da Sallie e boa leitura! Espero que gostem e comentem bastante <3

***

24 de janeiro de 1939.

       Olivia

Era a manhã de uma terça-feira muito nublada e chuvosa. Meu coração se preparava junto a mim em meu quarto, enquanto seu compasso acompanhava o ritmo dos pingos de chuva na janela. Os vidros que protegiam meu cômodo estavam embaçados, indicando que o clima lá fora estava tão frio como no dia anterior.

A chuva não me incomodava. Nós ingleses já estávamos acostumados com as suas visitas frequentes, faça frio ou calor. O que perturbava minha mente já há algum tempo tinha outro nome, e não havia nada que me deixasse adiar essa preocupação. Meus pais e meus amigos passaram dias me certificando que tudo ficaria bem, que eu faria aquilo com uma mão nas costas. Contudo, quando se trata de autoconfiança, a não ser que seu nome seja Luke Hemmings, não é tão fácil quanto deveria ser.

Afinal, não é sempre que se consegue uma vaga para uma audição importante.

Suspirei fundo em frente ao espelho enquanto ajeitava os últimos detalhes do meu coque, tendo certeza que nenhum fio estaria fora do lugar. Alisei meu collant contra meu corpo e vesti minhas calças por cima das meias-calças cor-de-rosa. Eu estava delicada como deveria estar, mas amedrontada como um inferno por dentro. Eu queria muito aquele papel.

Calcei meus sapatos e peguei a pequena mala com minhas sapatilhas e outros itens que eu podia precisar. Na saída de minha casa, recebi um beijo na testa abençoado e cheio de sorte da minha mãe – por ela e por meu pai, que trabalhava, mas me disse lindas palavras pela manhã antes de sair. Por fim, vesti meu casaco e meu cachecol, peguei meu guarda-chuva e saí em direção ao centro da cidade sem olhar para trás.

O caminho até o teatro não devia levar mais que vinte minutos na chuva. Olhei meu relógio de pulso. Estava adiantada. Enquanto o som dos pingos contra o guarda-chuva era minha trilha sonora de viagem, eu tentava controlar minha respiração durante todo o caminho, refletindo sobre boas lembranças que me distanciassem dos pensamentos de que poderia cair na frente dos juízes com qualquer erro tolo.

"Não seja estúpida, Olivia. Você já sabia todos esses passos antes mesmo de me conhecer.", as palavras de Luke, ditas dias atrás, passaram pela minha memória. De certa forma, todos eles tinham razão. Romeu e Julieta sempre foi minha peça favorita e uma das melhores tradições do aniversário de Shakespeare. De tempos em tempos, eles apresentavam em forma de ballet e, pela primeira vez, eu tinha idade suficiente para tentar o papel.

Eu sabia os passos. Desde criança.

Meus sapatos de couro ficavam cada vez mais encharcados com todas as poças que não conseguia desviar, porém meu cabelo continuava intacto, e isso era o mais importante por ora. Suspirei fundo mais uma vez quando, do outro lado da rua, enxerguei a grande entrada do teatro que eu tanto conhecia. Naquele momento, parecia novo pra mim.

Caminhei para a porta dos fundos, onde sabia ser o local certo para entrar em ocasiões como essa. Fechei meu guarda-chuva ensopado assim que entrei e deixei um rastro de pingos pelo caminho até um dos camarins disponíveis onde costumava me arrumar. Então, meu coração voltou a acelerar como no momento em que acordei. Tirar o casaco e terminar de me vestir naquele dia frio não foi nada terapêutico. Eu estava me tremendo por fora e por dentro.