Capítulo 3 - Uma dança, vários cliques

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POV Luiza Campos

O vinho definitivamente havia feito efeito. Levanto o braço para chamar o garçom e pedir a conta. Quase ao mesmo tempo, vejo a morena se levantando. Ela me olha mais uma vez antes de seguir, provavelmente em direção ao banheiro, já que sua amiga continua sentada à mesa. Nem precisei mencionar meu pedido ao garçom, que já estava atento e se aproxima com a maquininha em mãos, apresentando a conta.

Entrego meu cartão, digito a senha e guardo o comprovante na bolsa junto com a carteira. Levanto-me, agradecendo com um leve sorriso:
Ciao, grazie!

Enquanto me dirijo à saída, cruzo — agora bem mais de perto — com a morena dos olhos verdes penetrantes. Nosso olhar se encontra, e eu não consigo descrever o que sinto. Um arrepio percorre meu corpo todo. É como se houvesse uma conexão instantânea e inexplicável. Mas não fazia sentido parar, muito menos abordar uma total desconhecida. Sigo meu caminho, um tanto inquieta, mas sem olhar para trás.

Já fora do bar, deixo-me levar pelo som que emana da roda formada ao redor dos músicos na praça. Eles tocam uma das músicas de Andrea Bocelli, aquelas com um toque pop clássico que fazem o coração vibrar. Paro para apreciar o talento dos artistas, e meu corpo, quase sem que eu perceba, começa a acompanhar o ritmo. Há algo quase magnético entre eu e a música, que me faz balançar levemente, de olhos fechados, imersa em cada nota.

De repente, sinto uma mão tocando de leve meu ombro. Estou de costas, e meu coração dispara por um instante. Será que é ela? A morena dos olhos verdes? De onde eu tirei isso? Que absurdo, penso.

Viro-me lentamente, apenas para perceber que não era ela. Em vez disso, vejo um rapaz alto, moreno, com um sorriso fácil e simpático, que me olha antes de dizer:

- Vuoi ballare con me questa canzone? – (Quer dançar comigo esta canção?) – Ele fala comigo fazendo um gesto como se quisesse dançar.

(L) - Scusa ma no parlo italiano. (Desculpa, mas eu não falo italiano) – Eu tento com meu italiano de centavos explicar que não havia entendido o que ele falou.

Ele aponta para os músicos e faz uns gestos com os braços que dão a entender que ele estava mesmo me convidando pra dançar. Eu então falo pra ele...

(L) - Ok! Eu aceito. –  Um professora de dança, jamais poderia recusar um pedido desse. Sorrio para ele e ele estica o braço para que eu vá até ele.

Começamos a dançar, e ele mantém uma distância confortável, o que me dá segurança para continuar com meus braços entrelaçados aos dele. Deixo que ele me conduza; afinal, aqui, como uma simples turista em um país desconhecido, não preciso provar nada. Não sou "a profissional da dança", apenas uma mulher se permitindo o momento. Me entrego ao embalo da música, sentindo-me flutuar. Pode ser o vinho, a emoção de estar na Itália, ou ambos, mas a verdade é que o rapaz sabia conduzir muito bem.

Quando a música termina, nós nos afastamos, e ele sorri, abaixando a cabeça em um gesto educado, como quem agradece pela dança. Faço o mesmo, retribuindo o sorriso:

(L) — Grazie!

- Lei balla molto bene. (Vêo dança muito bem).

(L) - Você também. Foi um excelente parceiro de dança. - Ela não entende o que falei e faço gestos e tento me explicar e trocamos sorrisos. 

Ele percebe que não terá mais nada de mim além dessa dança e se afasta indo em direção a alguém que provavelmente ele já conheça.

Os músicos continuam tocando, e fico mais um pouco por ali, aproveitando o clima descontraído da praça. Mas o cansaço começa a pesar, e decido voltar para o apartamento, encerrando este primeiro dia inesquecível na Itália.

Será amor? (VALU)Onde histórias criam vida. Descubra agora