Capítulo 66 - Como ficar longe?

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POV Valentina Albuquerque

Escuto meu despertador do celular tocando, esqueci completamente que hoje eu não ia precisar acordar tão cedo, são 5h30. Esses dois últimos dias de ensaios fotográficos foram muito cansativos. Vejo a Luiza se mexendo na cama e estico meu braço para desligar o celular o mais rápido possível para que ela não acorde. Sinto meus olhos inchados porque tanto eu como a Luiza choramos muito ontem à noite. Eu já imaginava que seria difícil falarmos sobre a decisão que tomei de ir morar fora, mas por mais que isso passasse em looping eterno desde segunda-feira na minha cabeça, a realidade foi muito pior. Estou consciente do passo que estou dando na minha vida, mas isso não quer dizer que não seja difícil. Num dia eu me declaro pra Luiza e no outro eu falo para ela que ficaremos longe uma da outra. É contraditório e questionável pensar nisso, mas acho que a vida é assim mesmo: escolhas. Não sou perfeita, estou longe de ser, mas a minha conversa com a Luiza ontem me tirou um peso das costas. Eu amo poder conversar com ela abertamente sobre as coisas, amo a forma que me sinto a vontade para escancarar para ela quem eu sou e amo o fato dela ter acolhido a minha decisão sem me atacar ou apontador o dedo. Anteontem tivemos um dos momentos mais lindos da minha vida. O sentimento que tenho por ela vem de um lugar muito especial e único dentro do meu coração. E eu não tenho a mínima ideia de como vai ser ficar longe da Luiza depois disso tudo que aconteceu entre a gente desde que voltei ao Brasil. Só vivendo para saber ou sobrevivendo.

Levanto-me devagar da cama porque em meio a tantos pensamento e sentimentos conflitantes, eu não consegui mais dormir depois desse bendito despertador e dou graças a Deus dele não ter acordado a Luiza. Olho pela janela e o tempo hoje está estranho, o céu cheio de névoas, mas parece que a temperatura deu uma boa caída. Vou até a mesinha que tem no quarto, abro meu computador e chamo a Giovana pelo WhatsApp. Quero saber se ela já conseguiu ir ao apartamento que tem disponível no prédio dela. Ela me retorna com algumas fotos do dele e eu adorei, será mais do que suficiente para eu morar com conforto e num bairro muito legal em Roma. Além do que, vai ser incrível poder ser vizinha da minha amiga. Tenho certeza de que ela vai me ajudar muito na minha adaptação lá. Uma coisa é ir como turista, outra totalmente é ir de mala e cuia morar em outro país. Essa experiência foi algo que sempre passou pela minha cabeça de fazer um dia, mas não imaginei que teria que fazer uma escolha tão difícil que é ficar longe da Luiza. Talvez eu esteja completamente louca em fazer isso agora ou em não argumentar mais com ela e me colocar disponível a ter algo à distância. A verdade é que não fiz isso porque não sei ao certo o que esperar da minha experiência, rotina e dia a dia nessa nova profissão. Será uma mudança radical dentro da minha carreira, mas nessa decisão pelo menos eu estou certa de que quero muito agarrar com afinco a oportunidade trilhar outro caminho dentro da fotografia a partir de agora.

Duas horas se passam e eu aproveito esse tempo para checar alguns e-mails e escolher as fotos referentes ao ensaio de quarta-feira, que serão enviadas para o cliente aprovar. As de ontem, depois daquele susto sobre o cartão de memória, graças a Deus tudo foi resolvido e não houve quaisquer perdas das fotos brutas produzidas. Dou uma checada geral na minha agenda desta próxima semana que será extremamente corrida para que eu consiga fazer absolutamente tudo que preciso antes de viajar. Acho que será a primeira vez na minha vida que me organizo e distribuo tarefas para todos os meus últimos dias aqui no Brasil. Vou ter que dar uma geral no meu guarda-roupas e ainda bem que estamos no Inverno porque mesmo que o frio daqui não se compare, vou ter condições de comprar algumas roupas para levar já que chegarei com poucas semanas de antecedência para começar o outono lá onde as temperaturas são compatíveis ao inverno daqui e as vezes mais baixas. Quero aproveitar que estou em SP, e agora pela manhã, enquanto a Luiza estiver ensaiando, vou ao shopping comprar algumas coisas. O fato de eu ter cidadania portuguesa vai facilitar demais a questão burocrática na minha contratação para esse trabalho. Estou com toda a minha documentação em ordem, incluindo a minha habilitação internacional para dirigir que segue a mesma validade da brasileira. Quero muito comprar uma moto tipo scooter que é bastante comum lá na Itália. Tudo que ganhei no job dessa semana vou comprar em Euro para levar e ainda preciso checar a questão de abrir um conta bancário lá na Itália, mas a Giovana vai me ajudar com tudo isso. Estou entretida organizando a minha agenda quando vejo uma mensagem da Antonella chegando no meu WhatsApp, nós trocamos algumas mensagens essa semana e eu comentei que havia ficado muito feliz com a proposta do La Repubblica. E ainda tem uma mensagem da Fernanda, amiga paulistana que fiz lá na Espanha me convidando para uma exposição na segunda-feira no Galpão cultural que uns amigos dela abriram tem poucos meses e da outra vez que vim a São Paulo não houve tempo de ir.

Será amor? (VALU)Onde histórias criam vida. Descubra agora