Capítulo 61 - Céu

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POV Luiza Campos

Acordo e olho para o lado e fico por alguns minutos olhando para Valentina e jamais poderia imaginar a perfeição que foram os meus três primeiros dias de apresentação, parece que estou no céu. A companhia dessa morena dos olhos verdes penetrantes foi fundamental para que fizesse desses três dias algo ainda mais inesquecível. Ontem, depois que acabou a apresentação, antes de sermos dispensados, a Nina nossa diretora da Cia anunciou oficialmente que o espetáculo, além do sucesso de público, foi sucesso de crítica também. Ela disse que não poderia estar mais orgulhosa de todos nós e que sabe do tempo dedicado e não somente de nós dançarinos, mas de toda uma equipe de produção por trás de algo tão grandioso. A extensão da temporada aqui em São Paulo será oficialmente anunciada em breve na mídia e isso quer dizer que ficaremos, por enquanto, um total de dois meses nos apresentando aqui. Agora não tenho dúvidas de que estou vivendo o auge da minha carreira como dançarina, toda a minha trajetória e luta passa pela minha cabeça e fico feliz de não ter desistido.

A Valentina está deitada de frente pra mim e ela parece tão serena que dá muito dó de acordá-la. Ontem chegamos tarde depois de jantarmos com a Amanda e a Bia, aliás o jantar foi animado. Jamais imaginei que faria amizades tão bacanas lá na Itália. Meu encontro com elas lá foi tão rápido, porém num momento extremamente emocionante pra mim quando assistimos ao espetáculo de dança. De lá pra cá, nos mantivemos conectadas durante esses meses mesmo morando em cidades diferentes. Eu gosto bastante da vibe das duas que tem personalidades completamente distintas, porém ambas são super intelectualizadas, cultas, viajadas e mulheres interessantes. Todas nós estamos meio que na mesma fase de vida, somos mulheres independentes e batalhadoras. Nada mudou depois do feriado do RJ, mesmo com a Amanda, que chegou a ensaiar uma investida em mim. Ela entendeu que eu não estava aberta pra isso e seguimos com uma relação de amizade. Estou feliz que ela e a Bia tenham ido me prestigiar no espetáculo e a nossa noite ontem foi até muito tarde regada a vinho, boa conversa e muitas risadas. Eu me diverti horrores com as provocações da Valentina com a Amanda e vice-versa, elas me fizeram sentir a mulher mais linda do mundo e achei incrível como a Valentina não ficou sequer um minuto incomodada em saber que a Amanda paga pau pra mim. Acho que elas se parecem na espontaneidade e por isso se deram tão bem. E a verdade é que ela deve muito as duas, e principalmente a Amanda que serviu de cúpida do século como ela mesma disse.

A Valentina segue dormindo enquanto me movimento com delicadeza para pegar meu celular e me toco que perdemos completamente a hora e já são 11h. A gente havia combinado de acordar cedo hoje para aproveitarmos o meu primeiro dia de folga aqui em São Paulo. Mas a verdade é que estou morrendo de preguiça, então fico aqui olhando pra ela e sentindo essa paz e tranquilidade que a presença dela me traz. Um tanto incomum pensar que estamos numa segunda-feira, mas a vida de dançarino profissional é assim mesmo e precisamos adequar nossos hábitos e cotidiano em meio aos ensaios e apresentações noturnas. Ainda não fizemos planos para hoje, ficamos de combinar isso quando a gente se levantasse. Para amanhã eu ainda não contei para a Valentina, mas eu comprei ingresso para visitarmos o Farol Santander, um dos principais centros de cultura, lazer e gastronomia da região central da cidade de São Paulo, e um dos mirantes mais famosos e visitados da cidade. Fiz isso ontem quando voltamos pro flat e ela foi tomar banho antes de irmos para o teatro. Desde que cheguei estou sendo agraciada com temperaturas amenas nesse inverno paulistano, então quero aproveitar porque é sabido que aqui há uma variação por vezes discrepante de um dia para o outro. Amanhã já chequei e será mais um lindo dia de inverno paulistano e perfeito para visitarmos o mirante. Demos sorte porque li na previsão que a partir de quarta-feira, o tempo vai virar radicalmente e acho que finalmente vou poder usar o casaco e as blusas de frio que milagrosamente achei no RJ.

Faço um carinho no nariz dela para ver se ela tem algum tipo de reação ao meu toque, estou sorrindo pra ela e a vejo começar a esboçar um sorriso de volta...

Será amor? (VALU)Onde histórias criam vida. Descubra agora