𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 34

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𝑹𝒂𝒇𝒆

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𝑹𝒂𝒇𝒆

23 de Agosto

~madrugada

  Me mexo na cama sem parar, era como se meu corpo soubesse que dia era hoje e eu não conseguia me acalmar e muito menos dormir. Olho o horário no celular, era 05:13 da manhã, todo mundo ainda tava dormindo, era minha hora de sair, não conseguiria ficar mais nenhum minuto aqui dentro.

  Levanto da cama indo em direção ao banheiro, tomo um banho rápido e depois visto minha roupa, pego as chaves da moto e saio de casa. Eu só queria sair de casa e esquecer totalmente o dia de hoje...hoje completava oito anos que a minha mãe tinha morrido, eu odiava ficar em casa nesses dias. Meu pai fingia que não sabia que dia era hoje e segue a vida, Rose fica encima da gente fingindo se preocupar, Sarah fica o dia inteiro com a Wheezie e eu ficava sozinho no meu quarto remoendo o luto e isso doia muito, até que com 14 anos eu comecei a sair de casa nessas datas, no começo eu roubava umas garrafas de whisky do meu pai e ia pra praia ou qualquer outro lugar isolado, mas dos meus dezesseis em diante eu comecei a ir ao Barry, o traficante da ilha, foi quando eu comecei a usar maconha e um ano depois eu já estava cheirando cocaína.

  No fundo eu sabia que não devia, que era errado me jogar nas drogas pra esquecer que dia era hoje, mas o luto era muito mais dolorido, minha mãe sempre foi tudo que eu tinha, meu pai nunca me olhou e depois que a Sarah nasceu ele só tinha tempo pra princesinha do papai, eu só nao me sentia solitário dentro da minha própria casa porque tinha minha mãe, mas depois que ela morreu eu fiquei sem ninguém, me tornei a vergonha do meu pai, o peso na familia, a ovelha negra que nunca vai ir a lugar nenhum. Eu me sentia um merda todos os dias do ano, no resto do ano todo eu aguentava as brigas, as palavras duras, o descaso e a falta de amor, mas hoje...hoje eu não aguentava nem olhar pra ele ou estar naquela casa, em dias assim eu sempre fugia o mais cedo possível e me drogava até esquecer tudo.

  Barry normalmente não funcionava nesse horário, mas eu pagava uma boa quantia a mais pra ele me receber agora de madrugada e me garantir que em menos de uma hora eu estivesse bem louco. Claro que o que eu fazia hoje tinha consequências, meu pai desconfiava pra onde eu ia e sempre brigávamos, mas não me importava, não quando o assunto era isso, era melhor discutir com ele do que enlouquecer no meu próprio quarto rodeado de fotos e memórias.

  Eu amava minha mãe e sempre gostei de sentir ela por perto, mas hoje eu só queria esquecer ela, porque se lembrasse, lembraria que ela não pode mais estar aqui, que hoje foi o dia em que perdi ela e o dia onde minha vida desmoronou, então fazia de tudo pra manter minha mente mais ocupada possível, amanha eu poderia me sentir um merda e um péssimo filho, mas hoje eu não sentiria nada.

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𝑳𝒊𝒗

~de manhã

Odeio amar você - Rafe CameronOnde histórias criam vida. Descubra agora