𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟒𝟒

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Correndo sob a escuridão, Ma'Reyna sentia a areia úmida abaixo da sola de seus pés. Não fazia ideia de que horas eram, mas estava tarde, muito tarde.

Por que estava correndo?

De que estava correndo?

Ou quem?

Eram perguntas que rondavam pela cabeça da Omatikaya, porém não havia tempo à perder. Não poderia ficar parada, sabia que precisava correr, e rápido.

Suas coxas doíam e seus ombros tencionados não ajudavam em nada naquela corrida. Sentia o suor escorrendo em sua testa, o cabelo negro grudando em sua nuca, suas orelhas levantadas na intenção de captar qualquer sinal de ameaça.

Ma'Reyna

Ma'Reyna

Ma'Reyna

Quem estava a chamando?

O que queria com ela?

Por que estava correndo?

Mas não parou nem por um segundo. Algumas folhas chicoteavam sua face, galhos a pinicavam, mas estava até agora na orla da praia. Como havia parado ali?

-Isso não é justo Reyna! Volta aqui!

-Também não e justo você chegar por trás sabendo que eu não escuto direito!

Parou subitamente aquela correria. A garota reconhecia aquele diálogo, aquelas vozes, estava em casa. Então começou a rodar no lugar à fim de encontrar a direção daqueles jovens, porém as risadas longínquas que refletiam sob seus ouvidos a deixavam atordoada.

Aquela frequência, aquelas batidas, a garota reconheceria em qualquer lugar o som do coração de seu irmão gêmeo. Estava tão alto, tão forte, tão vivo.

Porém uma forte dor de cabeça se fez presente, fazendo com que Reyna respondesse com um alto grunhido. Apertava a cabeça, fechava os olhos, mas sentia aquela pontada cada vez mais profunda, então caiu de joelhos.

-MA'REYNA!

Em supetão Ma'Reyna levanta o dorso de sua rede com os olhos arregalados. Sua respiração estava descompassada e algumas lágrimas escorriam por sua face, estava assustada, se sentia eletrizada.

Que porra tinha acontecido?

Olhando ao seu redor percebeu que o quarto já se encontrava vazio, sinal de que seus irmãos a deixaram dormir até mais tarde, de novo. Exceto por Spider, o garoto humano desde a guerra passou a morar com eles, logicamente Neteyam não havia morrido por nada. Porém suas ações eram um
pouco estranhas, certamente vivia com o luto assim como toda a família Sully, mas assim como os olhos de Lo'ak, nele refletia culpa, mas de que?

Decidindo simplesmente ignorar o menor no canto do quarto, Reyna larga seu corpo de qualquer jeito de volta para a rede à fim de normalizar sua respiração e acalmar as batidas de seu coração.

Ainda haviam alguns resquícios de dor em sua cabeça da grande pontada que havia levado, e ainda se perguntava que tipo de sonho de merda tinha sido aquele? Claro que desde a morte de Neteyam não estava dormindo direito, e o pouco que conseguia era recheado de sonhos, pesadelos, visões, vozes, mas esse tinha algo de diferente, uma energia pesada, algo que a puxava, mas o que?

[...]

Após seu desjejum com a companhia de sua fiel companheira Tuktirey, antes de sair de casa com a intenção de esfriar a cabeça, Ma'Reyna pede para que sua irmã vá tirar um pouco o humano do quarto, ele estava estranho.

Então seguiu o seu caminho decidindo o que faria hoje, talvez sairia um pouco do terrestre e chamaria Uriah para dar uma volta, mas ao avistar Aonung e Rotxo conversando animadamente um pouco à frente de si, Rey não perde tempo antes de caminhar até os garotos.

𝐻𝑒𝒶𝓇𝓉 𝓉𝑜 𝐻𝑒𝒶𝓇𝓉Onde histórias criam vida. Descubra agora