CAPÍTULO 5 - A consultoria | Parte 1

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Alberto está em seu escritório. Ele olha janela afora com um olhar distante. A questão do testamento insiste em importuná-lo. Estava disposto a deixar as coisas como estavam quando a audiência se encerrara. Mas as considerações de Caio sobre a falta de escrúpulos de seu primo Mário teimavam em remoer em sua cabeça. Contudo, um casamento de fachada por um ano era um preço alto a ser pago para que Mário não botasse a mão na herança de seu tio Antônio. O fato é que o primo iria herdar uma fortuna sem ter um pingo de merecimento.

- Inferno! - exclamou ele. Aquela contrariedade estava lhe tirando a paz. Até tentava deixar para lá, mas o assunto teimava em lhe perturbar os pensamentos.

O telefone toca sobre a mesa do escritório. É a secretária.

- Doutor Alberto, a senhorita Cecília Petri já chegou.

- Ok. Peça-a que entre. Obrigado.

Ele então veste o terno e arruma a gravata. A porta se abre. Uma bela moça, de uns trinta anos aproximadamente adentra o escritório. Cabelos castanhos claros ondulados, um belo corpo, mas não muito magra, olhos amendoados. Usava um perfume bastante agradável. Estava séria, parecia um pouco nervosa.

Ele se levanta, caminha até ela e estende a mão para cumprimentá-la.

- Senhorita Cecília Petri, é um prazer, entre. Sou Alberto Callegari, advogado, como posso ajudá-la?

Eles caminham até a mesa e sentam-se. Ela nota a bela figura de Alberto. Alto, forte, voz grave, cabelos escuros e olhos claros, esverdeados. Tinha aproximadamente uns trinta e cinco anos.

- Me desculpe, Doutor Alberto, estou um pouco nervosa, na verdade nem sei como começar... - diz ela.

- Não precisa ficar nervosa, estou aqui para colaborar na solução de qualquer eventual problema que possa estar lhe afligindo - diz ele em tom amigável. - Mas preciso que a senhorita me explique toda a situação.

- Muito bem, vou tentar explicar...

- Por favor.

- Eu precisei pegar emprestado uma elevada quantia de dinheiro. Era uma causa extremamente urgente, precisava levantar o valor o mais rápido possível.

- Entendo - diz Alberto.

- Qualquer empréstimo envolveria esperar um certo decurso de tempo para atender a toda burocracia necessária. Infelizmente a urgência em resolver a questão não me permitia esperar esse decurso de tempo.

- E como a senhorita conseguiu pegar emprestado essa quantia?

- Peguei emprestado o valor que precisava com uma pessoa que me ofereceu o empréstimo com transferência imediata para minha conta, sem burocracia ou exigência alguma. Os juros eram bastante elevados, mas aceitei mesmo assim.

- Então esse foi um empréstimo entre pessoas físicas - conclui ele.

- Sim, entre pessoas físicas. Passado um certo tempo, essa pessoa começou a me perseguir de todas as formas possíveis e imagináveis para que eu lhe devolva o montante em um curto espaço de tempo. Eu até consigo devolver esse valor, mas não no espaço de tempo que me está sendo exigido.

- Compreendo a situação, senhorita Cecília - diz o advogado.

- Mas... Não é só isso, doutor Alberto...

- Não? E o que mais? - questiona ele.

- Nem sei como lhe dizer... - Cecília começa a tremer, ela parece que não está bem.

- Senhorita Cecília, está tudo bem? - ele se levanta e traz um copo de água, ela agradece e bebe a água.

- Esse homem está me fazendo ameaças... - diz ela, bastante abalada.

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