CAPÍTULO 79 - Encontros e desencontros

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- Alberto, meu caro sócio, me escuta! Deixa a Elisa explicar pra Cecília esse negócio de guarda-costas... Não seria melhor avisá-la que vai ter um cara na cola dela 24h por dia? Ela pode até se assustar, achar que é uma pessoa mal intencionada - argumenta Caio.

É sexta-feira, um belo dia de sol. Alberto está trancado em seu quarto, pediu a Dora que lhe trouxesse o café da manhã no quarto. Não tinha disposição para nada. Não queria ver e muito menos falar com ninguém. Estava se sentindo muito mal naquela manhã. Não sabia dizer se era um resfriado, uma gripe, ou somente algo emocional. Decidira trabalhar de casa. Ele realmente não se sentia bem. Caio havia telefonado para convencê-lo a avisar Cecília que haveria um guarda-costas acompanhando-a de longe. Alberto estava extremamente temeroso com o sumiço de Milena e Nathan praticamente ao mesmo tempo.

- Acho que nem se a Elisa tentar falar com ela, ela vai concordar. Penso que se ela ficar sabendo por qualquer pessoa que seja, ainda que seja a Elisa, ela não vai querer. Mas com esses dois psicopatas desaparecidos, não há outra alternativa - retruca Alberto.

- Ai, ai, ai... Alberto... Você parece que quer se complicar ainda mais com a sua esposa, viu...

- Me complicar por quê? Eu não fiz nada de errado, cara! Mais cedo ou mais tarde, ela vai ficar sabendo!

- Pois é, mas, por enquanto, ela não sabe disso! E vai ficar mais brava ainda! - insiste Caio.

- Vou pedir pra que ele seja o mais discreto possível. Essa gente é profissional, não vão se deixar flagrar - diz Alberto.

- Olha, cara, tá bom. Se você já se decidiu, tudo bem, então. Faz aí como você achar que deve. Só não vem chorar as pitangas quando a Cecília te der um passa-fora!

- Eu assumo o risco! - atesta Alberto.

- Tá certo, deixa eu ir agora. Tem um cliente me esperando. Nos vemos na segunda-feira. Boa sexta-feira e bom fim de semana. - despede-se Caio.

Alberto desliga o telefone. Fica pensativo, senta-se numa poltrona que fica no quarto. "Bom fim de semana? Quem me dera!" Pensa ele. Desde que Cecília se fora, seus dias eram tristes e vazios. Contudo, sentia-se aborrecido com o comportamento da esposa em lhe ignorar. Cecília era muito boa nisso. Passara quatro anos escapando dos homens até encontrar Alberto. Ela se recusava veementemente a ouvi-lo. Não lhe dava a mínima chance de se aproximar. Ele então decidira, por mais difícil que fosse, que ele não a procuraria mais. Se ela queria distância, ele manteria essa distância, ainda que lhe doesse na alma estar afastado dela. Ele tinha a consciência limpa, não a havia traído. Jamais lhe passara tal coisa pela cabeça. Seus pensamentos são interrompidos por alguém que batia à porta do quarto.

- Seu Alberto! - chama Dora, do lado de fora.

- Pode entrar, Dora!

- Seu Alberto, a Dona Karen está lá embaixo. Veio lhe fazer uma visita.

***

Mário está a caminho da delegacia de polícia civil. Estava um pouco atrasado. Havia recebido uma intimação policial há alguns dias. Uma intimação dessa natureza é um documento oficial emitido pela autoridade competente para convocar um indivíduo a comparecer a uma delegacia ou posto policial para prestar esclarecimentos sobre um determinado assunto relacionado a uma investigação em curso. Sabia que tinha a ver com Milena, mas não sabia exatamente do que se tratava. E isso o andava preocupando bastante. Ele está perdido em seus pensamentos, quando o carro da frente para abruptamente no semáforo. O sinal estava amarelo, não estava vermelho, ele não esperava que o veículo da frente fosse parar. Ele dá uma freada brusca, os pneus fazem bastante barulho com a frenagem. Ele leva um baita susto. Seu coração está batendo acelerado. Ele tenta entender o que aconteceu. Percebe que o carro da frente havia parado no sinal amarelo, bem antes de ficar vermelho. Ele foi pego de surpresa, pois estava certo de que o carro da frente iria seguir adiante, mas não o fez. Ele desce do carro, aborrecido, enquanto o sinal está vermelho e aproxima-se da janela do motorista do veículo da frente.

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