Alberto acordara bem cedo. É sábado. Ele está sentado na varanda do quarto, olhando o horizonte enquanto Cecília ainda dorme. Ainda estava bastante sentido com a perda de Logan. Algumas semanas haviam se passado. Aos sábados pela manhã ele sempre tinha o costume de brincar com o cão pelo gramado. Olhava para o canil e sentia um terrível arrependimento de não ter instalado câmeras também na área do canil. Caio já havia providenciado a instalação. Mas, para Logan, era tarde demais. Os sócios não tinham a menor dúvida sobre quem estava por trás de tudo. Mas não tinham como provar. Lembra também que a essas alturas o tal Nathan já deva estar passando os dias fora da prisão. Tudo isso trazia-lhe muita angústia. Sentia-se de mãos atadas no momento.
- Bom dia, senhor meu marido... - diz Cecília, abraçando o esposo pelo ombro. Ela veste um robe azul claro, bem delicado. Aproxima-se dele e o beija delicadamente. Seu perfume inebria os sentidos de Alberto.
- Bom dia, minha digníssima esposa... - diz Alberto, beijando-lhe a mão. Ela se senta ao lado do esposo. Eles se abraçam.
- Aquele canil vazio... Como me dói... - diz Cecília, deitando a cabeça sobre o ombro de Alberto.
- Nem me fale... - diz ele reticente.
- Acho que vou remarcar essa tarde com a Elisa. Não quero que você fique aqui sozinho...
- Não precisa. Vou ficar aqui enfiado no escritório, estou abarrotado de trabalho. Não vou ser uma boa companhia pra você... Vai lá passar um tempo com sua amiga...
- Tem certeza que vai ficar bem? - insiste Cecília.
- Tenho - confirma Alberto.
- Tudo bem, então... Qualquer coisa, me liga, tá, e eu venho correndo pros seus braços! - brinca Cecília.
- Olha lá, promessa é dívida, hein... - ele brinca de volta. Cecília sorri, mas parece melancólica. Alberto percebe uma certa melancolia no semblante da esposa. - Está tudo bem? - pergunta ele.
- Por que você está me perguntando isso?
- Seu semblante parece triste, preocupado... Não sei bem... - confessa Alberto. - Alguma coisa que eu tenha feito te deixou assim?
- Não... Você só me faz bem... - responde ela.
- Tem certeza que não quer me dizer o que é? - insiste Alberto.
- Não sei... É sempre esse mesmo sentimento de alguma coisa muito ruim está para acontecer... - confessa ela. - Tem dias que eu não penso nisso... Tem outros dias que fico com essa angústia no meu peito...
- O que podemos fazer então? - pergunta o marido.
- Não sei... Confiar em Deus... Confiar um no outro... Pedir proteção... - reflete ela.
- Você sabe que essa descoberta sobre Lucas e eu termos nos encontrado no hospital mexeu muito comigo, não sabe...
- Sim... Sei... - confirma ela.
- Depois de pensar em tudo que nos aconteceu até chegarmos no dia de hoje, eu não posso negar a existência de Deus, dessa força superior que nos guia...
- De fato...
- O que quer que aconteça, se acontecer, talvez esteja fora do nosso alcance impedir... Mas, como você mesma disse, só nos resta confiar... Confiar que, se Deus fez tudo isso para nos unir, é porque ele nos quer bem e nos quer juntos, ainda que alguma coisa possa tentar nos separar...
- Tem razão, senhor meu marido... Quase sempre você tem razão... - brinca ela.
- Quase sempre? - Alberto sorri da brincadeira. Os dois beijam-se e ficam abraçados, apreciando aquele começo do dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casal Por Contrato
ParanormaleCecília Petri, uma doce e amável professora do ensino fundamental, se vê repentinamente em apuros financeiros. Ela contrata Alberto Callegari, um conhecido e competente advogado para lhe ajudar a encontrar uma solução. Ele a surpreende com um inusit...