CAPÍTULO 51 - A cirurgia

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O dia amanhece. Cecília acorda e percebe que Alberto ainda dorme. Ela senta-se ao lado dele e fica olhando ele dormir. Lembra-se do dia em que se conheceram. Ela jamais imaginaria que sua vida se transformaria tanto. Seu casamento anterior lhe trouxera medo e insegurança. Contudo, ao lado de Alberto, ela se sentia bem. Mesmo com os pequenos desentendimentos que às vezes havia entre eles, a verdade é que ela se sentia bem ao lado dele. Depois de tanto tempo temendo o mundo masculino, ela parecia estar vencendo esse medo. Não sabia exatamente o que estava sentindo ou o que a levara a beijá-lo, ela apenas seguira seu coração. Sabia que ele a questionaria a esse respeito, mais cedo ou mais tarde. No momento, não conseguia dizer com certeza porque ela o beijara.

Alberto começa a despertar. Ele abre os olhos e vê Cecília já acordada.

- Bom dia. Dormiu bem? - pergunta ela.

- Bom dia... Apaguei... Com esse tanto de medicação... Fiquei derrubado! - diz ele, meio sonolento, um pouco atrapalhado com o catéter em sua mão direita.

- Cuidado pra não perder o acesso do catéter, Alberto. Procura usar menos essa mão - diz Cecília.

- Ai, saco... - reclama ele.

- Não reclama. Daqui a pouco você se acostuma.

- Impossível acostumar com isso aqui! - insiste Alberto.

- Eu já tive que ficar um período assim, passei um tempo internada. Garanto que você se acostuma - insiste Cecília.

- E porque você teve que ficar internada? - pergunta ele.

- Outro dia te conto, tá - despista ela. - Vamos cuidar de você primeiro. Vê se fica com essa mão parada. Mais cedo eu estava aqui vendo você dormir, tão tranquilo... Bastou acordar, pra virar um furacão...

- Faz tempo que você está acordada? - quer saber Alberto.

- Acordei há algum tempo já - diz Cecília. - Veio uma enfermeira colher seu sangue para análise e você continuou dormindo. Não viu nada.

- Sei que não estava no nosso contrato você ter que cuidar de marmanjo... Mas te agradeço por estar aqui...

- Imagina... Não tem problema... Se você não merecesse, eu não estaria aqui...

- Mesmo com esse meu mal humor crônico? E esse meu jeito nada sorridente? - brinca ele.

- Mesmo assim... - diz ela, sorrindo. - Você é uma boa pessoa, Alberto. Eu tinha uma ideia pré concebida a respeito dos advogados. Mas você é a prova de que nem todos são mal intencionados...

- E você é a prova de que todas as professoras são bravas! Levei tanta bronca sua que... olha só onde eu vim parar...

Eles sorriem.

- Eu me importo com você... - diz ela, segurando a mão de Alberto. - Quero que você fique bom.

Eles se entreolham. Ouvem alguém bater à porta. Era o médico.

- Bom dia! Como passou a noite, Alberto? - pergunta o doutor.

- Bem, obrigado - responde Alberto.

- Estou com o resultado do exame de sangue que colhemos mais cedo. Já podemos dar início à intervenção cirúrgica.

- Mas já, doutor? Ele ainda não comeu nada, acabou de acordar - diz Cecília.

- O jejum antes da anestesia geral é recomendado, ajuda a evitar complicações. O enfermeiro já está chegando - responde o médico.

- Tudo bem, então - diz ela.

O enfermeiro chega para levar a maca.

- O procedimento deve levar em torno de duas horas. Depois ele aguardará na sala de recuperação onde ele deve permanecer sob observação até a recuperação da consciência e a estabilidade dos sinais vitais. Estando ele em condições estáveis, será encaminhado de volta ao quarto. Não se preocupe, Alberto, dentro em breve você vai estar plenamente restabelecido. E o mais importante, vai estar livre dessas dores.

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