O dia amanhece. Cecília acorda e percebe que Alberto ainda dorme. Ela senta-se ao lado dele e fica olhando ele dormir. Lembra-se do dia em que se conheceram. Ela jamais imaginaria que sua vida se transformaria tanto. Seu casamento anterior lhe trouxera medo e insegurança. Contudo, ao lado de Alberto, ela se sentia bem. Mesmo com os pequenos desentendimentos que às vezes havia entre eles, a verdade é que ela se sentia bem ao lado dele. Depois de tanto tempo temendo o mundo masculino, ela parecia estar vencendo esse medo. Não sabia exatamente o que estava sentindo ou o que a levara a beijá-lo, ela apenas seguira seu coração. Sabia que ele a questionaria a esse respeito, mais cedo ou mais tarde. No momento, não conseguia dizer com certeza porque ela o beijara.
Alberto começa a despertar. Ele abre os olhos e vê Cecília já acordada.
- Bom dia. Dormiu bem? - pergunta ela.
- Bom dia... Apaguei... Com esse tanto de medicação... Fiquei derrubado! - diz ele, meio sonolento, um pouco atrapalhado com o catéter em sua mão direita.
- Cuidado pra não perder o acesso do catéter, Alberto. Procura usar menos essa mão - diz Cecília.
- Ai, saco... - reclama ele.
- Não reclama. Daqui a pouco você se acostuma.
- Impossível acostumar com isso aqui! - insiste Alberto.
- Eu já tive que ficar um período assim, passei um tempo internada. Garanto que você se acostuma - insiste Cecília.
- E porque você teve que ficar internada? - pergunta ele.
- Outro dia te conto, tá - despista ela. - Vamos cuidar de você primeiro. Vê se fica com essa mão parada. Mais cedo eu estava aqui vendo você dormir, tão tranquilo... Bastou acordar, pra virar um furacão...
- Faz tempo que você está acordada? - quer saber Alberto.
- Acordei há algum tempo já - diz Cecília. - Veio uma enfermeira colher seu sangue para análise e você continuou dormindo. Não viu nada.
- Sei que não estava no nosso contrato você ter que cuidar de marmanjo... Mas te agradeço por estar aqui...
- Imagina... Não tem problema... Se você não merecesse, eu não estaria aqui...
- Mesmo com esse meu mal humor crônico? E esse meu jeito nada sorridente? - brinca ele.
- Mesmo assim... - diz ela, sorrindo. - Você é uma boa pessoa, Alberto. Eu tinha uma ideia pré concebida a respeito dos advogados. Mas você é a prova de que nem todos são mal intencionados...
- E você é a prova de que todas as professoras são bravas! Levei tanta bronca sua que... olha só onde eu vim parar...
Eles sorriem.
- Eu me importo com você... - diz ela, segurando a mão de Alberto. - Quero que você fique bom.
Eles se entreolham. Ouvem alguém bater à porta. Era o médico.
- Bom dia! Como passou a noite, Alberto? - pergunta o doutor.
- Bem, obrigado - responde Alberto.
- Estou com o resultado do exame de sangue que colhemos mais cedo. Já podemos dar início à intervenção cirúrgica.
- Mas já, doutor? Ele ainda não comeu nada, acabou de acordar - diz Cecília.
- O jejum antes da anestesia geral é recomendado, ajuda a evitar complicações. O enfermeiro já está chegando - responde o médico.
- Tudo bem, então - diz ela.
O enfermeiro chega para levar a maca.
- O procedimento deve levar em torno de duas horas. Depois ele aguardará na sala de recuperação onde ele deve permanecer sob observação até a recuperação da consciência e a estabilidade dos sinais vitais. Estando ele em condições estáveis, será encaminhado de volta ao quarto. Não se preocupe, Alberto, dentro em breve você vai estar plenamente restabelecido. E o mais importante, vai estar livre dessas dores.
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Casal Por Contrato
ParanormalCecília Petri, uma doce e amável professora do ensino fundamental, se vê repentinamente em apuros financeiros. Ela contrata Alberto Callegari, um conhecido e competente advogado para lhe ajudar a encontrar uma solução. Ele a surpreende com um inusit...