CAPÍTULO 7 - Trocando ideias

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- E você aceitou, Cecília??? - pergunta Elisa, boquiaberta.

- Aceitei.

- Gente! Que loucura é essa, amiga! E como é esse tal advogado?

***

- E ela aceitou??? - admira-se Caio.

- Sim, ela aceitou - confirma Alberto.

- Ela é pelo menos bonita?

***

Cecília e Elisa conversam na cantina do colégio em que trabalham. Está na hora do recreio das crianças.

- Ele me pareceu um homem bastante sisudo. Mas foi muito gentil e educado. Não me faltou com o respeito em nenhum momento. Expôs com clareza as razões que ele tinha para me fazer a tal proposta. Acreditei nele.

- Sério mesmo, minha amiga, me conta o que esse cara fez... ou disse... que convenceu Cecília Petri, a mulher mais difícil de permitir a aproximação masculina que eu conheço, a topar uma maluquice dessa?

- Não sei dizer exatamente... Ele apenas foi... cavalheiro e franco.

- Tem certeza que não teve nenhum tipo de segundas intenções nessa proposta, Cecília? - pergunta Elisa.

- Bem... Eu, pelo menos, não percebi nada... E você me conhece. Sabe que eu não gosto de caras abusados. Não houve nenhum olhar mal intencionado da parte dele, nenhuma aproximação inoportuna, nada disso.

- Tem certeza?

- Sim, tenho.

- Bom, ele é advogado, né... E dos bons... Deve ter mesmo um bom poder de argumentação e convencimento... Vê-se bem que é dos melhores profissionais da cidade... Conseguiu convencer você a topar uma coisa dessas! Eu ainda não estou acreditando! - diz Elisa.

***

Alberto e Caio conversam em um café próximo ao escritório em que são sócios.

- Sim, ela é muito bonita - confirma Alberto.

- Hum... É "pegável" então... Agora entendi...

- Entendeu o quê, Caio?

- Entendi porque, mesmo com um monte de contatinhos na agenda do celular, você foi escolher logo uma completa estranha... Tá querendo novas experiências... - diz Caio, levando a mão ao queixo.

- Não é nada disso, cara...

- Então o que é? Me conta. O que te fez mudar de ideia? Você foi enfático em me dizer que não queria se casar novamente. E, de repente, não mais que de repente, não somente topa a ideia do casamento de fachada e ainda escolhe essa moça, uma completa desconhecida! Estou bastante curioso para ouvir suas considerações.

- A verdade é que eu não sei bem os motivos que me levaram a escolher a Cecília.

- Hum... Cecília... Esse é o nome dela, então...

- Sim, Cecília.

- Bonito nome. Tenho certeza que lá no fundo você sabe sim porque a escolheu. Talvez não queira me contar. Ou talvez não queira admitir para si mesmo - insiste Caio.

- Tudo que eu sei é que fiquei extremamente compadecido com o transtorno que ela estava passando... - reflete Alberto.

- Sim, mas você poderia ter pago a dívida que ela contraiu e se tornado credor dela sem que ela precisasse concordar com esse casamento.

- Tem razão... Só pensei que... Se eu iria fazer um favor pra ela, ela poderia também me fazer um favor... - retruca Alberto.

- Se você tá dizendo que é só isso, então tá...

- Você não acredita?

- Vai me dizer que nem por um instante sequer você pensou na possibilidade... - instiga Caio.

- Que possibilidade, Caio???

- De vocês dois lá, na sua casa, morando juntos... Ele é uma bela mulher... Quem sabe, né...

- Não pensei nada disso, cara!

- Então tá bom... Eu finjo que acredito...

- Quer saber? Pensa aí o que você quiser, vai! - diz Alberto, aborrecido.

- Eu te conheço há quanto tempo? Ah, sim... Desde que tínhamos uns dez anos de idade... Você fica aí com essa cara de mal humorado e carrancudo, de advogado sério, mas não resiste a um rabo de saia! Resta saber se vai resistir aos encantos da tal Cecília.

***

- Tá, mas não me enrola, Cecília! E a aparência dele, como é? - pergunta Elisa, com bastante curiosidade.

- Ele é... Bem-apessoado... - responde Cecília.

- Bonito, você quer dizer...

- Sim, é um homem bem bonito - confirma Cecília.

- E você vai me dizer que o fato dele ser um homem bonito não contribuiu para sua decisão? - indaga Elisa.

- Não sei dizer... Na verdade, não pensei a respeito...

- Talvez lá no fundo... Bem no fundo... A aparência dele tenha contribuído... Não acha?

- Eu realmente não sei dizer... De qualquer forma, outros homens também de boa aparência já tentaram se aproximar de mim, mas foram dispensados - retruca Cecília.

- É verdade... - concorda Elisa. - Desde que você se divorciou, nunca mais você deixou nenhum homem sequer se aproximar...

- Você conhece bem os meus motivos, Elisa.

- Sim, conheço. Mas você não pode achar que todo e qualquer homem seja igual ao traste do seu ex-marido - diz Elisa.

- Sei disso. Mas prefiro não arriscar - responde Cecília.

- Ah, claro, entendi... Deve ser por isso então que você aceitou se casar com um completo desconhecido! Faz todo sentido mesmo, Cecília!

***

- Então quer dizer que ela, em nenhum momento, jogou charme pra você? - indaga Caio.

- Não. Em nenhum momento. Ela estava realmente aflita. E eu fiquei de fato bastante compadecido da angústia dela. Pensei que eu se pudesse ajudá-la, ela poderia também me ajudar - responde Alberto.

- Se você tá dizendo... Deve ser isso mesmo...

***

- Tudo bem... Só mais uma pergunta, se você me permite. Se ele é rico, bonito e bem sucedido, porque não fez essa proposta a alguma mulher conhecida dele? Sendo ele solteiro, rico e de boa aparência, deve ter muitas mulheres na cola dele. Por que será que ele escolheu exatamente você? - questiona Elisa.

- Eu realmente não sei dizer... - responde Cecília, pensativa.

Na verdade, ela já se perguntara a mesma coisa, mas resolveu aceitar a proposta mesmo assim.

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