- E você aceitou, Cecília??? - pergunta Elisa, boquiaberta.
- Aceitei.
- Gente! Que loucura é essa, amiga! E como é esse tal advogado?
***
- E ela aceitou??? - admira-se Caio.
- Sim, ela aceitou - confirma Alberto.
- Ela é pelo menos bonita?
***
Cecília e Elisa conversam na cantina do colégio em que trabalham. Está na hora do recreio das crianças.
- Ele me pareceu um homem bastante sisudo. Mas foi muito gentil e educado. Não me faltou com o respeito em nenhum momento. Expôs com clareza as razões que ele tinha para me fazer a tal proposta. Acreditei nele.
- Sério mesmo, minha amiga, me conta o que esse cara fez... ou disse... que convenceu Cecília Petri, a mulher mais difícil de permitir a aproximação masculina que eu conheço, a topar uma maluquice dessa?
- Não sei dizer exatamente... Ele apenas foi... cavalheiro e franco.
- Tem certeza que não teve nenhum tipo de segundas intenções nessa proposta, Cecília? - pergunta Elisa.
- Bem... Eu, pelo menos, não percebi nada... E você me conhece. Sabe que eu não gosto de caras abusados. Não houve nenhum olhar mal intencionado da parte dele, nenhuma aproximação inoportuna, nada disso.
- Tem certeza?
- Sim, tenho.
- Bom, ele é advogado, né... E dos bons... Deve ter mesmo um bom poder de argumentação e convencimento... Vê-se bem que é dos melhores profissionais da cidade... Conseguiu convencer você a topar uma coisa dessas! Eu ainda não estou acreditando! - diz Elisa.
***
Alberto e Caio conversam em um café próximo ao escritório em que são sócios.
- Sim, ela é muito bonita - confirma Alberto.
- Hum... É "pegável" então... Agora entendi...
- Entendeu o quê, Caio?
- Entendi porque, mesmo com um monte de contatinhos na agenda do celular, você foi escolher logo uma completa estranha... Tá querendo novas experiências... - diz Caio, levando a mão ao queixo.
- Não é nada disso, cara...
- Então o que é? Me conta. O que te fez mudar de ideia? Você foi enfático em me dizer que não queria se casar novamente. E, de repente, não mais que de repente, não somente topa a ideia do casamento de fachada e ainda escolhe essa moça, uma completa desconhecida! Estou bastante curioso para ouvir suas considerações.
- A verdade é que eu não sei bem os motivos que me levaram a escolher a Cecília.
- Hum... Cecília... Esse é o nome dela, então...
- Sim, Cecília.
- Bonito nome. Tenho certeza que lá no fundo você sabe sim porque a escolheu. Talvez não queira me contar. Ou talvez não queira admitir para si mesmo - insiste Caio.
- Tudo que eu sei é que fiquei extremamente compadecido com o transtorno que ela estava passando... - reflete Alberto.
- Sim, mas você poderia ter pago a dívida que ela contraiu e se tornado credor dela sem que ela precisasse concordar com esse casamento.
- Tem razão... Só pensei que... Se eu iria fazer um favor pra ela, ela poderia também me fazer um favor... - retruca Alberto.
- Se você tá dizendo que é só isso, então tá...
- Você não acredita?
- Vai me dizer que nem por um instante sequer você pensou na possibilidade... - instiga Caio.
- Que possibilidade, Caio???
- De vocês dois lá, na sua casa, morando juntos... Ele é uma bela mulher... Quem sabe, né...
- Não pensei nada disso, cara!
- Então tá bom... Eu finjo que acredito...
- Quer saber? Pensa aí o que você quiser, vai! - diz Alberto, aborrecido.
- Eu te conheço há quanto tempo? Ah, sim... Desde que tínhamos uns dez anos de idade... Você fica aí com essa cara de mal humorado e carrancudo, de advogado sério, mas não resiste a um rabo de saia! Resta saber se vai resistir aos encantos da tal Cecília.
***
- Tá, mas não me enrola, Cecília! E a aparência dele, como é? - pergunta Elisa, com bastante curiosidade.
- Ele é... Bem-apessoado... - responde Cecília.
- Bonito, você quer dizer...
- Sim, é um homem bem bonito - confirma Cecília.
- E você vai me dizer que o fato dele ser um homem bonito não contribuiu para sua decisão? - indaga Elisa.
- Não sei dizer... Na verdade, não pensei a respeito...
- Talvez lá no fundo... Bem no fundo... A aparência dele tenha contribuído... Não acha?
- Eu realmente não sei dizer... De qualquer forma, outros homens também de boa aparência já tentaram se aproximar de mim, mas foram dispensados - retruca Cecília.
- É verdade... - concorda Elisa. - Desde que você se divorciou, nunca mais você deixou nenhum homem sequer se aproximar...
- Você conhece bem os meus motivos, Elisa.
- Sim, conheço. Mas você não pode achar que todo e qualquer homem seja igual ao traste do seu ex-marido - diz Elisa.
- Sei disso. Mas prefiro não arriscar - responde Cecília.
- Ah, claro, entendi... Deve ser por isso então que você aceitou se casar com um completo desconhecido! Faz todo sentido mesmo, Cecília!
***
- Então quer dizer que ela, em nenhum momento, jogou charme pra você? - indaga Caio.
- Não. Em nenhum momento. Ela estava realmente aflita. E eu fiquei de fato bastante compadecido da angústia dela. Pensei que eu se pudesse ajudá-la, ela poderia também me ajudar - responde Alberto.
- Se você tá dizendo... Deve ser isso mesmo...
***
- Tudo bem... Só mais uma pergunta, se você me permite. Se ele é rico, bonito e bem sucedido, porque não fez essa proposta a alguma mulher conhecida dele? Sendo ele solteiro, rico e de boa aparência, deve ter muitas mulheres na cola dele. Por que será que ele escolheu exatamente você? - questiona Elisa.
- Eu realmente não sei dizer... - responde Cecília, pensativa.
Na verdade, ela já se perguntara a mesma coisa, mas resolveu aceitar a proposta mesmo assim.
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Casal Por Contrato
ParanormálníCecília Petri, uma doce e amável professora do ensino fundamental, se vê repentinamente em apuros financeiros. Ela contrata Alberto Callegari, um conhecido e competente advogado para lhe ajudar a encontrar uma solução. Ele a surpreende com um inusit...