É de tarde, por volta de meio-dia. Cecília estaciona o carro na garagem de casa.
- Viu? Chegamos sãos e salvos - ela brinca com Alberto.
- Graças a Deus. Da última vez, quase tive um infarto! - ele brinca de volta.
Eles ficam em silêncio, olhando um para o outro, e trocam um breve beijo.
- Seu Alberto! Dona Cecília! Que bom que estão de volta! - cumprimenta Dora, que havia ido até a garagem ao ouvir o carro chegar. - Como o senhor está, Seu Alberto? - pergunta ela.
- Já estou pronto pra outra, Dora - responde ele.
Os dois saem do carro. Ele está usando roupas despojadas, moletom, camiseta e tênis.
- O Alberto vai passar alguns dia em casa, Dora. Será que ele aguenta abandonar o terno e a gravata pra usar moletom? - brinca Cecília.
- Não morro de amores por terno e gravata, se quer saber. Mas tive que me acostumar, não tive escolha - revela ele.
- De terno ou de moletom, tanto faz, você fica lindo de qualquer jeito! - brinca Cecília, dando um selinho no marido.
Marta, de longe, acompanha a chegada, sem ser vista. Ela pega o celular e digita uma mensagem: "Eles já estão de volta". Em seguida, ela entra na casa, enquanto Olívia e José chegam para receber Alberto.
- O senhor está com uma aparência ótima, Seu Alberto! Parece mesmo que já está bom! - diz Olívia.
- Sim, Olívia. Já está tudo bem. Serão alguns dias de atestado médico, mas, graças a Deus, já está livre dos cálculos renais - diz Cecília.
- Que boa notícia! - comemora José.
- Só a senhora mesmo para fazer o Seu Alberto se cuidar! - diz Dora.
- Isso é verdade, Dora! - concorda Alberto.
- O Senhor precisa de alguma ajuda para subir as escadas? - pergunta José.
- Obrigado, José, não é necessário. Já posso executar as atividades normais do dia-a-dia - agradece Alberto.
- Mas sem exageros, lembra, Doutor Alberto? - repreende Cecília.
- Lembro sim, Professora Cecília! - brinca ele.
- Dora, Olívia e José, por favor, me ajudem a ficar de olho nesse rapaz... - pede Cecília. - Não é pra exagerar, viu, Alberto!
- Pode deixar, Dona Cecília, vamos ficar de olho nele! - promete Dora.
***
Alberto está no quarto. Havia tomado um bom banho. Cecília estava no chuveiro enquanto ele descansava um pouco, sentado na cama. Ainda não estava completamente restabelecido, sentia-se ainda um pouco indisposto. O tal cateter incomodava, também doía um pouco. Ele liga a TV que fica no quarto. Alberto raramente ligava aquele aparelho, mas resolveu ver o que estava passando. Estava feliz por estar de volta. Cecília, desde que toda a crise renal começou, esteve sempre a seu lado, mesmo ele insistindo várias vezes para que ela fosse para casa descansar. Estava também mais atenciosa e afetuosa com ele. Mesmo não comentando nada com a esposa, não esquecera o beijo que ela havia lhe dado na noite em que ele fora internado. Talvez estivesse apenas compadecida por ele estar com a saúde fragilizada. Ele realmente não sabia o que pensar.
Ele se levanta e vai até o closet, na intenção de vestir uma roupa, pois ainda estava trajando sua roupa de baixo. Estava usando uma cueca samba-canção por causa do catéter que teria que usar durante uma semana inteira. Era mais confortável. O celular de repente toca. Ele volta até a cama para pegar o telefone. Era Salles.
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Casal Por Contrato
ParanormalCecília Petri, uma doce e amável professora do ensino fundamental, se vê repentinamente em apuros financeiros. Ela contrata Alberto Callegari, um conhecido e competente advogado para lhe ajudar a encontrar uma solução. Ele a surpreende com um inusit...