CAPÍTULO 84 - Acidente | Parte 2

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- Sim, Alberto. Descobri há pouco tempo - confirma Cecília.

- Bem, vou deixar vocês a sós para que possam conversar. Cecília e o bebê estão bem, amanhã terão alta - diz o médico. - Qualquer problema é só chamar. - Ele deixa o quarto.

Alberto está sentado, sem reação. Ele tem os cotovelos sobre as pernas e as mãos sobre o rosto.

- Alberto? Está tudo bem? - questiona Cecília.

- Eu não sei, Cecília. Eu não sei...

- O que está se passando na sua cabeça? Me diz... - pede ela.

- Há quanto tempo você já sabe que está grávida? Você não tinha a mínima intenção de me contar sobre essa gravidez, não é? - questiona ele, levantando o olhar.

- Alberto... - ela não continua.

- Se esse acidente não tivesse acontecido? Você certamente continuaria a me evitar. Me diz, você continuaria insistindo em um divórcio? Mesmo sabendo que está esperando um filho meu?

- Na minha cabeça você havia me traído, isso não é nenhuma novidade pra você. Eu disse aquilo em um momento de raiva. Mas, sim, a possibilidade de um divórcio passou sim pela minha cabeça, não vou negar. Eu estava extremamente magoada, você sabe bem disso - diz a esposa. - Contudo, jamais me passou pela cabeça não te contar sobre a gravidez. O meu filho não podia ter um pai melhor do que você. Eu sempre soube disso, mesmo cogitando me separar de você.

Alberto não diz nada, ele tem os olhos rasos d'água. Cecília lhe estende a mão, ele segura a mão da esposa.

- Alberto, olha pra mim - pede Cecília. Ele faz o que ela pede. - Eu sempre quis ser a mãe dos seus filhos, você sabe disso. Essa gravidez é um sonho que se tornou realidade. Quando recebi o diagnóstico de endometriose, fiquei muito angustiada, já que havíamos decidido que queríamos ter filhos. Foi um grande choque pra mim quando descobri que estava grávida, mas, no fundo, fiquei imensamente feliz! Mesmo com toda a raiva que eu estava sentindo de você.

Ela estende novamente a mão, procurando pela mão do esposo. Eles se dão as mãos e ela o traz para perto de si. Os dois se abraçam e ficam ali, unidos, abraçados, sem dizer nada por algum instante.

- Você acredita em mim, Alberto? - diz Cecília, quebrando o silêncio.

- Ainda não sei o que pensar... Essa notícia acabou por me lacerar de uma forma que eu nem sei explicar - responde ele.

- Então você não está feliz de saber que teremos um filho? - diz Cecília.

- Eu fui pego de surpresa. Eu estou extremamente magoado por saber uma notícia dessas assim, por acidente. Queria eu ter ouvido dos seus lábios que você e eu vamos ter um filho. - diz Alberto com a voz embargada.

- Eu ia te contar, mas ainda não sabia quando nem como. Como eu te disse, era muito difícil para mim conter as lágrimas ao estar na sua presença, tentar represar todo o sentimento que você certamente sabe que tenho por você - retruca Cecília.

- Como você descobriu? - indaga ele.

- Eu estava sentindo muita tontura e muita náusea ultimamente. Achei que estivesse com labirintite, ou coisa assim. Fui até um médico, que me pediu um exame. Eu mal pude acreditar. Com tudo que a ginecologista havia me dito sobre a endometriose dificultar uma possível gravidez, acabei me despreocupando em evitar. Creio que esse meu comportamento mais hostil das últimas semanas também tenha a ver com essas alterações hormonais que normalmente sofremos na gravidez.

- É possível - concorda Alberto, parecendo mais comedido.

- Está se sentindo melhor? - pergunta Cecília.

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