Capítulo 10: Torta de limão.

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Olhei ao redor só para ter certeza que ninguém havia visto aquilo, antes de bufar e entrar no meu quarto, fechando a porta com mais força do que seria necessário. Não sabia o que tinha passado na cabeça de Vincent para fazer isso, mas o que quer que fosse, não poderia em hipótese alguma se repetir. Tínhamos um trabalho para fazer aqui e eu levava isso muito a sério, assim como esse casamento era importante pra mim, porque eu queria ver meu melhor amigo feliz.

—Eu tô ficando doída. —Resmunguei, balançando a cabeça negativamente, enquanto odiava meu coração por ter ficado louco só com um maldito beijo na bochecha. Eu já havia passado por isso e não queria nem pensar em repetir. Eu só precisava dormir e isso seria esquecido.

[...]

Peguei o bonequinho em miniatura de Gavin e Ian, colocando com cuidado dentro do saquinho transparente e brilhoso, antes de abrir um sorriso e puxar a fitinha para fazer um laço no mesmo. A mesa da sala de jantar do chalé estava lotada com pilhas de saquinhos, fitas e bonequinhos espalhados por todo todos lado.

—Isso é tão fofo! —Grace olhou para a lembrancinha como se fosse derreter de amores. —Isso está me deixando tão ansiosa para o meu casamento.

Alfredo estava embrulhando um, mas parou e ergueu os olhos até ela, abrindo um sorrisinho feliz de quem havia ganhado o melhor presente de todo o universo. Hermione parecia ocupada em deixar os laços os mais perfeitos possíveis, enquanto Pietro ia colocando os que a gente já havia feito dentro de caixas de madeira decoradas que depois iriam ser guardadas até o casamento.

—Eu tô morrendo de fome! —Ian soltou um suspiro pesado, olhando para todas aquelas coisas sobre a mesa. —Todo esse trabalho tá me matando. Não pensei que seria tão entediante assim.

—A gente deveria ter deixado a organização do casamento cuidar dessa parte. —Gavin encarou o bonequinho entre sua mão, observando ele é Ian lado a lado. —Cade o Vincent, hein? Eu também tô com fome e ele foi buscar comida na cozinha e até agora nada.

—Tomara que tenha se perdido no caminho. —Sussurrei, abrindo um sorriso inocente quando Ian me lançou um olhar desconfiado e cerrou os olhos.

—Você podia ir lá ver, né? As vezes ele está precisando de alguma ajuda. —Alfredo murmurou como quem não quer nada, me fazendo soltar uma risada.

—Ah, claro. E porque tem que ser justamente eu? —Ergui as sobrancelhas, vendo ele dar de ombros.

—Vocês trabalham juntos, ué. Me parece meio óbvio que você é quem deveria ir até lá ver se ele precisa de ajuda.

—Eu concordo. —Pietro balançou a cabeça, me fazendo revirar os olhos e ficar de pé, empurrando a cadeira com o corpo.

—Vocês, hein, vou dizer uma coisa. —Resmunguei, escutando a risada deles quando fui em direção a cozinha. —Gostam de me atormentar.

Quando entrei na mesma, parei na entrada quando vi Vincent ao lado da cozinheira. Ele estava ajudando ela a tirar algo do forno, enquanto ela sorria e piscava de forma doce pra ele, passando as mãos pelos cabelos loiros que estavam presos em uma trança. Fiz uma careta quando Vincent murmurou algo pra ela e ela gargalhou.

Minhas sobrancelhas se ergueram em descrença, enquanto eu negava com a cabeça ao ver aquela cena. Esse era o efeito Vincent na maioria das pessoas, principalmente nas mulheres. Cocei a garganta, observando os dois se viraram na mesma hora pra mim. Ele pareceu ficar super sem jeito, enquanto ela apenas sorria de forma gentil ao se dirigir a mim.

—Perdoe-me, eu não a vi chegar. Precisa de algo, srta. Duarte? —Indagou, fazendo um pouco do meu desconforto ao ver aquela cena passar, porque a pobre moça era gentil demais e não tinha culpa de Vincent ser como era.

—Ah, Vincent tinha vindo até aqui buscar algo pra todos nós. Mas como estava demorando eu vim até aqui ver se ele precisava de ajudar. —Abri um sorriso igualmente gentil a ela, porque agora queria tacar uma frigideira na cabeça de Vincent.

—Desculpe, eu já ia voltar. Só estava ajudando-a com a forma quente. —Vincent falou rápido demais, soltando a forma sobre a ilha da cozinha e se afastando da moça para lavar as mãos. Decidi ignorar o que parecia ser um certo desespero dele, me aproximando da cozinheira.

—Isso está com um cheiro incrível. —Falei, me aproximando para ver que a forma estava cheia de mini forminhas circulares com massas douradas e crocantes. —O que vai fazer?

—O sr. Hale me perguntou se eu podia fazer torta de limão. Essa é a segunda forma. A primeira já está pronta e na geladeira. —Meu sorriso começou a diminuir. —Gostaria de provar?

—Torta de limão? —Eu cerrei meus olhos quando ela balançou a cabeça que sim e olhei por cima do ombro, vendo Vincent secando as mãos e me encarando com uma expressão disfarçada, mas as bochechas coradas o entregavam. —Sim, eu vou querer provar. Será que posso levar para os outros também? Estavam todos com fome.

—É claro. —Ela correu até a geladeira, fazendo minha boca salivar ao ver aquelas mini tortas de limão perfeitas e deliciosas. Observei ela pegar uma bandeja e depositar um pano xadrez sobre ela, pegando cada tortinha com cuidado.

—Apenas 7. —A cozinheira me encarou um pouco confusa, já que éramos em 8 ali. Mas fez o que eu pedi quando sorri pra ela. Depois que terminou se afastou, me deixando pegar a bandeja com cuidado. —Obrigada, querida. Elas parecem deliciosas.

Sai da cozinha, passando por Vincent e o ignorando. Mas quando estava no corredor, longe da cozinheira, me virei e o encontrei me seguindo.

—O que diabos você está fazendo? —Praticamente grunhi as palavras, vendo-o engolir em seco.

—Eu não estava dando em cima dela. —Falou, me fazendo soltar uma risada.

—Eu sei. Estou acostumada a ver as mulheres se derretendo por você o tempo todo, já que você ama distribuir esses sorrisos por aí. —Sibilei, sentindo uma onda de raiva esquentar meu sangue. —Eu estou falando disso. —Mostrei a bandeja na minha mão. —Você nem gosta de torta de limão, Vincent!

—Mas você gosta. —As palavras pareceram escapar dos lábios dele, já que ele pareceu assustado e desconcertado ao me encarar quando eu soltei uma respiração pesada ao ouvir aquilo.

Era minha comida favorita. Vincent sabia que era minha comida favorita.

—Não sei o que está tentando fazer, Vincent. Primeiro o beijo ontem à noite e agora isso. —Eu engoli em seco, não querendo que ele notasse a mágoa na minha voz. —Mas o que quer que seja, apenas pare, entendeu? Não vou deixar você brincar comigo de novo.

—Rebeca... —Ele tentou me segurar, mas eu já estava caminhado para longe, com os dedos tremendo ao segurar aquela bandeja.



Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora