Rebeca
Entrei no quarto com o coração tão acelerado que parecia que ia explodir. Minha respiração estava afobada e meu estômago estava cheio de borboletas, ao mesmo tempo que um medo horrível tomava conta de mim, porque eu jamais pensei que Vincent fosse se mostrar dessa forma pra mim e dizer todas aquelas coisas.
—Eu tô ficando doída. —Afirmei, passando as mãos pelos meus cabelos, sentindo o efeito das palavras dele em cada célula do meu corpo. Eu havia aceitado um segundo encontro, mesmo depois daquele primeiro ter sido ruim e ter trazido consequências ainda piores.
Soltei um suspiro frustrado, porque se não estivéssemos nessa fazenda isso não estaria acontecendo. Quando me aproximei da cama encontrei aqueles três botões de rosas esperando por mim. Fiz uma careta, pensando que estaria mais doída ainda se fizesse mesmo aquilo.
Então corri para o banheiro para tomar banho e vestir um pijama. Mas não é como se aquelas flores fossem magicamente sumir dali. Quando voltei para a cama, elas ainda estavam lá me esperando. Xinguei Ian e Gavin de todos os nomes possíveis quando peguei as três e subi na cama, me ajeitando embaixo da coberta.
Com um suspiro pesado fiz o que eles haviam dito, rezando para que Santo Antônio me mostrasse em sonho com quem eu me casaria. Eu não acreditava nem um pouco nessas coisas, mas não podia negar que estava mais do que curiosa. Então coloquei os três botões de rosas vermelhas embaixo do meu travesseiro e tentei dormir, enquanto minha mente repassava todo esse dia.
[...]
Me sentei na cama, encarando as cortinas que cobriam as portas da varanda vendo a luz do sol já batendo contra elas, querendo invadir o quarto. Meus lábios se comprimiram quando puxei o travesseiro e agarrei aqueles três botões de rosa, sentindo que estava prestes a surtar.
—Eu não sonhei com ele. Eu não sonhei com ele. Eu não sonhei com ele... —Comecei a repetir, pulando da cama e disparando até o banheiro onde joguei aquelas flores no lixo como se elas estivessem com alguma doença. —Meu Deus, o universo me odeia. Isso não pode estar acontecendo.
Eu me troquei e sai do quarto, querendo dar uma volta por aquela fazenda e evitar encontrar qualquer um dos meus amigos e principalmente o Vincent. Mas logo que fechei a porta do meu quarto dei de cara com Pietro, caminhando em direção ao seu quarto, segurando uma caneca de chocolate quente e uma cartela de remédios.
—Bom dia, Beca. —Ele sorriu pra mim, antes de fazer uma careta. —Tudo bem?
—Tudo ótimo. —Falei, abrindo um sorriso de falsa alegria. —O dia está lindo hoje, não está? Vou dar uma volta lá fora.
—Tá... —Ele me olhou com uma expressão estranha quando passei por ele. —Alyssa já preparou o café da manhã, se quiser. Vou voltar para o quarto. Hermione não acordou se sentindo bem.
Acenei com a cabeça, descendo as escadas rapidamente, vendo Pietro me seguir com os olhos. Quando finalmente estava sozinha de novo, disparei pro lado de fora da casa, pensando no quanto eu queria matar Ian por ter me pedido para fazer essa simpatia. Estava errado. Aquilo com toda certeza estava errado.
Caminhei pela fazenda até aquele pomar, observando as flores que cobriam todas as árvores naquela época. Abracei meu próprio corpo, sentindo o calor do sol aquecer meu rosto. Estava tentando não surtar por dentro, mas aquilo era inevitável depois de toda nossa conversa ontem.
Sai do pomar e fui até o celeiro onde aconteceria a cerimonia, vendo que os bancos brancos e os suportes de flores já estavam sendo colocados ali. Provavelmente Ian e Gavin escolheriam como seria a disposição delas ali.
Me sentei em um deles, encarando o arco na outra ponta do celeiro, que em breve estaria coberto de flores. Um casamento em uma fazenda nunca me pareceu interessante até agora, quando as coisas finalmente estavam ganhando forma.
—Isso vai estar parecendo um céu estrelado no dia. —Levei um susto quando Ian apareceu na entrada do celeiro, quase me matando do coração. Ele riu quando viu minha expressão e se aproximou, se sentando ao meu lado. —Gavin pediu um céu estrelado, mas também não queria abrir mão do celeiro quando sugeri que a cerimonia fosse ao ar livre. —Ele olhou para o teto e sorriu. —Então agora teremos um céu estrelado aqui dentro.
Eu sorri, encostando minha cabeça no ombro de Ian quando ele passou o braço ao redor da minha cintura.
—Como você soube que estava apaixonado pelo Gavin? —Indaguei, percebendo que isso arrancou um sorriso maior dele.
—Eu não sei te dizer. As coisas entre nos aconteceram muito rápido. Você sabe, estava lá quando eu o conheci, lembra? Quando Alfredo disse que tinha alguém para nos apresentar eu pensei que não daria em nada. Que seria mais um rolo sem futuro. —Ele deu de ombros, soltando um suspiro. —Então ele estava na minha casa aquela noite e depois em todas as outras que vieram depois. Cada dia que passava parecia a coisa mais certa do mundo trocar mensagens com ele, vê-lo e... deixar que ele fizesse parte da minha vida. —Ian olhou pra mim, com os olhos iluminados e carinhosos. —Um dia eu acordei, olhei pra ele dormindo ao meu lado e simplesmente soube. Eu só percebi que era aquilo que eu queria, que eu desejava que durasse pra sempre.
—Então você o pediu em casamento. —Falei, vendo Ian soltar uma risada. Ele havia pedido Gavin em casamento no inicio do ano quando estávamos esquiando. Gavin gritou e pulou tanto de alegria que eu quase tive certeza que uma avalanche iria rolar por cima de nos.
—Foi a melhor escolha que eu fiz, Beca. Eu o amo e sei que não queria que nada fosse diferente. —Ele beijou minha testa quando aconcheguei minha cabeça no ombro dele. —Você sonhou com o Vincent, não foi?
—Claro que não. Eu sonhei com o meu cachorro. —Menti na cara dura, ouvindo ele rir. —É sério, estou com saudades do Pingo. Aposto que Hermione está com saudades do Azeitona também.
—Podemos traze-los pra cá. —Ian deu de ombros quando o encarei, antes de erguer as sobrancelhas. —Mas primeiro você precisa me contar sobre seu sonho com Vincent.
Eu odiava Ian com a mesma intensidade que o amava.
Continua...
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Missão casamento / Vol. 3
RomanceRebeca Duarte está mais do que feliz com sua carreira de jornalista, mesmo que tenha que lidar com Vincent Hale, seu parceiro e filho do seu chefe, com quem ela troca farpas diariamente. Além disso, ela está certa que não existe nada além de trabalh...