Capítulo 11: Vocês querem privacidade?

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—Alguém aqui nunca andou a cavalo pelo menos uma vez na vida? —Ian indagou, olhando pra nós, enquanto dois rapazes arrumavam os cavalos para que pudéssemos montar.

Hermione era a única que não participaria, porque havia andado uma vez na fazenda de Pietro e não havia gostado nem um pouco. Ergui a mão, já que nunca tinha andado a cavalo, vendo que Grace havia erguido a mão dela também, assim como Gavin.

—Tudo bem. Não tem muito segredo. Apenas subam, segurem as rédeas e mantenham a calma. —Ian deu um dez com as mãos pra nós, me fazendo soltar uma risada e negar com a cabeça.

—Excelentes dicas, Ian. Deveria ser professor de hipismo. —Zombei, vendo ele olhar pra mim com uma expressão inocente.

—Tomara que você caia do cavalo, florzinha. —Murmurou, como se tivesse jogando alguma praga.

Fiz uma careta pra ele, antes de abrir um sorriso e ir em direção aos cavalos quando os rapazes acenaram que estava tudo pronto. Parei ao lado do cavalo de pelagem branca, observando a sela e as rédeas, percebendo que não fazia ideia de como montar no cavalo.

—Quer ajuda? —Vincent surgiu atrás de mim, me dando um susto tremendo, porque quase trombei pra cima do cavalo.

—Não, eu faço isso sozinha. —Afirmei, gesticulando com a mão que ele podia ir embora.

Vincent apenas deu algumas passos para trás e continuou ali, me fazendo revirar os olhos. Segurei as rédeas e tentei montar no cavalo, me atrapalhando com pernas e braços até conseguir dar um impulso e estar sobre a sela. Mas antes que eu comemorasse percebi que estava sentada virada para a bunda do cavalo e não para a cabeça dele.

—Não é possível. —Resmunguei, antes de olhar para Vincent quando ele soltou uma gargalhada, olhando pra mim com a expressão mais divertida de todas enquanto negava com a cabeça. —Você não tem nada melhor pra fazer, não?

—Não, não tenho. Eu te ajudo, vem. —Ele veio na direção do cavalo, mas eu balancei a cabeça negativamente e tentei me virar sobre ele sem precisar descer.

Mas o cavalo se mexeu como se estivesse desconfortável com meus movimentos bruscos, me fazendo soltar um gritinho e tombar para o lado. Teria ido com a cara no chão se Vincent não estivesse ali para me segurar e me puxar contra si quando meu corpo foi de encontro ao dele.

—Eu deveria deixar você cair de cara no chão e tirar uma foto sua igual você fez comigo. —Vincent afirmou, me fazendo erguer os olhos até os dele, com a expressão mais desagradável possível no meu rosto.

—Eu não me surpreenderia. De cavalheiro você não tem nada. —Retruquei, dando de ombros quando ele ergueu as sobrancelhas.

Mas Vincent apenas abriu um sorriso, com as mãos deslizando pela minha cintura como se ele quisesse me manter segura contra si. Meu coração disparou, parecendo chegar a boca quando percebi que o rosto dele estava perto de mais do meu, a ponto de eu sentir sua respiração na minha bochecha, fazendo meu corpo inteiro ficar arrepiado.

—Vocês querem privacidade? —Olhei para o lado ao mesmo tempo que Vincent, vendo Alfredo montado no seu cavalo, olhando pra gente com um sorrisinho maroto. —Porque se quiserem, é só falar que a gente vai embora, sabe? Não queremos atrapalhar nada.

—Alfredo! —Rosnei, percebendo que estava literalmente no colo de Vincent, com o corpo colado no peito dele enquanto ele me segurava. O sangue subiu para o meu rosto, esquentando tanto que quis sumir na mesma hora. —Me solte, Vincent! Não estava acontecendo nada aqui! —Vincent me colocou no chão quando me debati, ajeitando minhas roupas quando finalmente estava com os pés de volta no chão. —Eu cai do cavalo e ele me segurou, foi só isso.

—Aham. —Alfredo soltou uma risada, me fazendo fuzila-lo com os olhos.

—Quer saber, deixa pra lá. —Resmunguei, marchando em direção ao chalé. —Eu vou fazer companhia para a Hermione. Não quero mais andar a cavalo.

—Ah, não, Rebeca. volta aqui! —Gavin me gritou, me fazendo olhar pra trás e revirar os olhos.

Ian estava apontando para o cavalo com uma expressão que deixava claro que não iria deixar que eu escapasse dessa. Sem outra alternativa voltei até lá, deixando Ian me ajudar a montar no cavalo, enquanto sentia os olhos de Vincent o tempo todo em mim.

[...]

Encarei a tela do meu notebook, vendo o que já havia escrito até agora. Já havia começado a falar sobre nossos dias na fazenda, porque não queria acumular trabalho e queria que tudo ficasse perfeito, além de Ian e Gaven merecerem todo meu esforço naquilo.

Abri um sorriso feliz ao ler o que havia falado sobre o passeio a cavalo, antes de estender a mão para a bandeja ao meu lado e roubar outra tortinha de limão. Havia passado na cozinha antes de vir para o quarto e roubado mais algumas da geladeira, sobre o olhar atento da cozinheira.

Ergui os olhos para a entrada da casa, vendo Vincent passar por ela com a atenção na sua câmera. Ele parou de andar quando me viu sentada no sofá que havia ali na varanda, parecendo surpreso por alguns segundos, já que estava tarde e todo mundo já havia ido dormir.

—Oi. —Ele pareceu sem saber se deveria seguir com o que ia fazer ou se falava comigo. —Perdeu o sono?

—Estava com vontade de escrever. —Apontei para o notebook nas minhas pernas. —Não quero fazer tudo de última hora.

—Eu ia tirar algumas fotos da lua. —Ele olhou para o céu pintado de estrelas e com a lua brilhando. —Está uma noite linda. Sem barulhos de carros, buzinas, pessoas ou qualquer outra coisa. Apenas um silêncio confortável.

—Olha só, parece que vou ter que concordar com você de novo. —Eu soltei uma risadinha. —Temos um novo recorde. —Falei, vendo Vincent tombar a cabeça de lado e me lançar um olhar carregado que me fez suspirar. —A noite está linda mesmo. Não me lembro de ver tantas estrelas assim na cidade.

—E você alguma vez parou pra apreciar o céu? —Vincent se aproximou, se sentando na ponta oposta a minha no sofá.

—Acho que não. Estou sempre ocupada demais com a cara no trabalho. —Dei de ombros, fechando a tela do notebook no meu colo. —Acho que posso considerar isso aqui minhas férias, já que é a primeira vez que consigo respirar e pensar um pouco.

—Você é uma jornalista incrível, Rebeca. Acho que nunca disse isso a você, mas admiro muito seu trabalho. —Eu o olhei, percebendo o quanto os olhos dele pareciam iluminados naquela noite, me fitando como se eu fosse a única coisa sólida do mundo. —E admiro principalmente quem você é de verdade, fora daquele jornal.

—Duvido, eu passo a maior parte do tempo te xingando. —Afirmei, observando ele sorrir e negar com a cabeça. —Você sabe que é verdade, quando não falo na sua cara, estou te xingando aqui na minha cabecinha.

Ele soltou uma risada dessa vez e eu tive que morder o lábio com força para não sorrir, porque havia uma batalha dentro de mim entre odiar e gostar de Vincent. Desviei os olhos para minhas mãos, sentindo meu coração martelando dentro do peito.

—Deveria parar para apreciar as estrelas, Rebeca. —Vincent ficou de pé, parecendo pensar longe. —Olhando pra elas percebi que as vezes o que a gente mais quer está bem na nossa frente, mas demoramos tempo demais pra perceber e as vezes acabamos deixando essa coisa escapar por entre nossas mãos.

Vincent me olhou por alguns segundos, parecendo perdido, então se virou e desceu as escadas, desaparecendo no meio da noite.



Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora