Hermione
Estacionei o carro na frente de casa, observando as luzes acesas do lado de dentro e a fumaça que saia da chaminé. Um sorriso se abriu nos meus lábios quando olhei para os três post-its grudados no porta-luvas do carro, com pequenos desenhos da minha família. Aquilo fez meu coração se aquecer na mesma hora.
Olhei pra porta da frente, sorrindo mais ainda quando Pietro passou por ela, me olhando com as sobrancelhas erguidas antes de descer os degraus da varanda e vir em direção ao carro, provavelmente confuso por eu ainda estar dentro do carro.
Segui ele com os olhos, ainda sem acreditar o quão longe eu havia ido com ele. Sempre tive medo de tudo desmoronar, mas ele sempre esteve do meu lado. Ele nunca desistiu de mim, mesmo quando passamos pelos piores momentos.
Ajeitei a touca sobre meus cabelos e finalmente desci do carro, ainda sem tirar os olhos de Pietro. Ele também não desviou os olhos de mim, como se eu fosse o centro do seu universo. Estava com farinha nos cabelos, o que deixava claro que estava cozinhando com as crianças um pouco antes de eu chegar.
—Oi. —Falei baixinho, sorrindo timidamente quando ele parou na minha frente. Eu ainda corava na frente dele, porque não conseguia aguentar a forma com que me encarava toda vez que me via.
—Você demorou. As crianças estavam ficando inquietas. —Murmurou, se inclinando para roubar um beijo nos meus lábios. —Tive que distrai-los com comida.
—Por isso que eles amam tanto você. Sempre entupindo eles de doces. —Falei, abrindo a porta de trás do carro para pegar os pacotes de compras. Pietro me ajudou, pegando dois deles e me deixando o mais leve.
—Eles puxaram de você o amor por donuts, meu bem. Não posso fazer nada quanto a isso. —Afirmou, dando de ombros e me observando fechar a porta do carro.
—Não é meu amor por donuts. —Sussurrei, vendo ele me lançar um olhar demorado. —É o seu talento na cozinha. Sempre foi.
Seguimos para a casa, que havia se tornado meu lar a alguns anos atrás, depois que fiquei grávida. Eu e Pietro concordamos em criar nossos filhos em uma casa e não em um apartamento. Era um sonho dele e no final se tornou um sonho meu também.
Ainda preparávamos os jantares juntos, com ele me ensinando algo novo que descobriu na cozinha. Minha floricultora ainda estava aberta, com todas as paredes cobertas de post-its, assim como a casa. Mas agora não só meus, como das crianças também. Pietro continuava com a padaria, voltando sempre animado pra casa.
Escorreguei na neve, soltando um gritinho quando caí de bunda no chão, vendo as compras se espalharem ao meu redor quando o pacote escorregou das minhas mãos. Pietro parou na mesma hora, soltando os dois pacotes ao lado da porta, antes de vir na minha direção. Azeitona surgiu na janela, começando a latir, provavelmente depois de ouvir meu grito.
—Ei, você está bem? —Pietro se abaixou ao meu lado, enquanto eu soltava uma risada e balançava a cabeça positivamente.
Minha bunda estava doendo e as compras estavam espalhadas na neve, mas Pietro sorriu quando ouviu minha risada, segurando meu rosto e juntando nossos lábios como se não suportasse mais ficar sem me beijar. Meu rosto gelado se aqueceu na mesma hora, enquanto eu sentia meu coração acelerar.
Pietro se afastou, sorrindo contra os meus lábios quando ouvimos as risadas das crianças. Olhamos na direção da porta, vendo as duas garotinhas saírem correndo para o lado de fora, sendo seguidas pelo irmão mais velho. Os três passaram por nós dois, correndo pelo jardim branquinho, antes de começarem uma guerra de bolas de neve.
Observamos os três brincando, gritando e rindo enquanto tentavam acertar uns aos outros. Meu coração ficava quentinho só de vê-los tão felizes assim. Azeitona saiu alguns minutos depois, vindo pra cima de nós dois. Soltei uma risada quando ele derrubou Pietro sobre mim, antes de correr atrás das crianças pelo jardim, ficando com o preto cheio de flocos de neve.
—Isso não te lembra algo? —Pietro indagou, sem sair de cima de mim, apenas escorando os braços ao lado do meu corpo para não me esmagar.
Olhei pro rosto dele, sem conseguir evitar de sorrir ao ver seu nariz e suas bochechas vermelhas por conta do frio, além dos cabelos bagunçados cheios de neve. A lembrança da primeira vez que o vi me fez morder o lábio para conter um sorriso maior ainda.
—Não esconda essas covinhas adoráveis de mim, Hermione. —Pietro beijou meus lábios, me olhando de um jeito que me deixava sem fôlego. Acho que nunca me acostumaria com isso. Com todo amor que ele demonstrava por mim, nas ações e nas palavras, todos os dias desde que ficamos juntos pela primeira vez. —Eu amo tanto quando sorri desse jeito pra mim.
Fechei meus olhos, escondendo meu rosto no peito dele. Pietro riu com o meu ato, afastando meu rosto para me beijar de novo. Suspirei contra ele, sentindo todo amor que eu sentia por ele esmagar meu coração. As vezes acho que poderia morrer de amores por ele, como ouvi Alfredo dizendo várias vezes.
—Vamos esmagar a mamãe! —As crianças gritaram, fazendo Pietro se afastar de mim para nós dois rirmos quando os três se jogaram sobre ele, me deixando presa contra a neve. Até mesmo Azeitona veio pra cima de nós, parecendo querer brincar também.
Encarei os olhos de Pietro, sentindo que estava mais feliz do que jamais poderia imaginar com eles, percebendo que ele provavelmente sentia o mesmo naquele momento. Foi um simples esbarrão na rua, em um dia de inverno, que resultou na melhor coisa da minha vida.
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Missão casamento / Vol. 3
RomanceRebeca Duarte está mais do que feliz com sua carreira de jornalista, mesmo que tenha que lidar com Vincent Hale, seu parceiro e filho do seu chefe, com quem ela troca farpas diariamente. Além disso, ela está certa que não existe nada além de trabalh...