Não consegui dizer nada por longos segundos, porque Vincent estava sempre dizendo coisas que me deixavam sem palavras. Mas ali havia sido completamente diferente, já que ele literalmente deixou claro que estava apaixonado por mim, o que fez meu coração se contrair dentro do peito.
Passei esses quatro anos acostumada a afastar qualquer sentimento bom contra Vincent, porque estava mais do que determinada em não gostar dele mesmo depois do que ele havia feito. Mas é impossível você evitar algo que está bem na sua frente o tempo todo, agindo da mesma forma que agiu quando conquistou você da primeira vez.
—Você é um bobo sentimental, sabia? —Eu me inclinei pra perto dele, vendo-o sorrir quando nossos narizes se roçaram.
—Sabia. Mas ainda sim eu consegui te conquistar de novo. —O sorriso dele ficou maior quando eu ri, quase ofuscante, enquanto meu coração estava perto de explodir dentro do peito. Mas Vincent estava completamente enganado em um ponto.
Não conseguia parar de pensar que meus sentimentos por ele eram totalmente iguais. Recíprocos. Não importa se eu estava com raiva e magoada de Vincent todos esses anos, foi difícil não me apaixonar por ele também, mesmo que eu negasse ao máximo qualquer sentimento desse.
—Primeiro sabor. —A voz de Pietro me despertou dos meus pensamentos, enquanto ele distribuía o primeiro bolo em pedaços entre nós com a ajuda de Alyssa. Olhei para Vincent, vendo que ele ainda olhava pra mim, parecendo perdido nos próprios pensamentos.
—Ei, quer fazer um piquenique comigo mais tarde? —Indaguei, percebendo a surpresa dele com o convite repentino. —Quero mostrar a você tudo que já escrevi e você tem que me mostrar as fotos que tirou.
—Claro. —Vincent voltou a sorrir, soltando um suspiro calmo. —Claro que eu quero.
[...]
Roubei uma tortinha de limão da cesta sobre a toalha, enquanto observava Vincent sentado com as pernas cruzadas e meu notebook no colo, lendo tudo que eu havia escrito até ali sobre a matéria. Não estava preocupada com o que ele ia achar, porque Vincent sempre elogio meu trabalho desde o início. Mas ainda sim queria ouvir sua opinião.
Como o gramado em frente ao lago estava sendo arrumado pelo casamento, havíamos caminhado até a cachoeira de novo. Vincent como sempre havia trazido sua câmera, mas ela havia ficado de lado desde que chegamos, porque ele não parecia muito interessado em saber de fotos hoje.
—Não sei o que você espera que eu diga, Beca. Sabe que escreve bem pra caramba. —Vincent me devolveu meu notebook, abrindo um sorriso tímido. —Está perfeito. Meu pai vai amar e principalmente o Ian e o Gavin vão amar.
—Espero que sim. Seu pai está com grandes expectativas pra essa matéria e agora que você saiu eu me sinto um pouco pressionada. —Olhei pra Vincent na mesma hora, balançando a cabeça negativamente. —Claro que a culpa não é sua nem nada. Entendo por que se demitiu. Mas o seu pai é...
—Ei, não vamos falar do meu pai. —Vincent fechou a tela do meu notebook, o empurrando para o lado e se sentou mais perto de mim, segurando meu rosto com as duas mãos. —Ainda temos alguns dias até o casamento. Você precisa relaxar um pouco, sabia? Ficar pensando nessa matéria não é uma boa ideia.
—Estou ansiosa pro casamento. —Falei, sentindo o calor das mãos de Vincent nas minhas bochechas, aquecendo meu coração com o quão carinhoso ele olhava pra mim. —Não é nem por causa da matéria. É só... eu não sei. Difícil explicar.
—Eu sei. Nossos amigos vão se casar. Depois vai ser o Alfredo e a Grace, que também estão loucos pra fazer isso o mais rápido possível. —Eu ri ao ouvir o que Vincent estava falando, enquanto observava os olhos dele fixos nos meus. —E então sobrará só nos dois.
—Sabe o que vai acontecer, não sabe? —Eu me deitei na toalha quando Vincent afastou as coisas, se deitando ao meu lado enquanto eu usava seu ombro como travesseiro. —Eles nos irritavam pra ficarmos juntos, então vão nos irritar para a gente se casar.
—Eu sei. Isso é tão a cara deles. —Vincent beijou minha testa, com o braço ao redor de mim e a mão acariciando meu braço. —Mas tenho certeza que você vai me deixar esperando por mais quatro anos.
—Eu não serei tão malvada assim. —Retruquei, arrancando uma risada dele, antes de erguer a cabeça para observar seu rosto voltado para o céu, tão tranquilo e feliz, bem diferente do Vincent que se sentia pressionado a fazer as coisas do jeito que os pais queriam. —Mas estamos juntos a um dia, então se acalma aí, você não vai querer superar o Pietro.
—Talvez eu queira. —Sussurrou, me fazendo sorrir e balançar a cabeça negativamente, porque ainda estava me acostumando com aquela sensação de nós dois juntos, agindo como se fôssemos um casal. Não havia pedido de namoro nem nada, mas era como se já fôssemos, principalmente depois de tudo que Vincent havia dito.
Ele virou o rosto pra mim, sorrindo de leve quando percebeu que eu estava o observando. Então ele abaixou o rosto e me beijou, fazendo cada pensamento e ansiedade evaporar, porque eu não precisava de mais nada naquele momento. Aproveitei a sensação de estar ali com ele, com a noite caindo e o som da cachoeira.
—Você vai ficar no meu quarto essa noite? —Questionei, vendo ele me lançar um olhar surpreso.
—Foi você quem me expulsou ontem e o seu cachorro não gosta de mim. —Afirmou me fazendo soltar uma risadinha com a expressão de cachorro abandonado que se abriu no rosto dele.
—Tenho certeza que ele vai passar a gostar.
—Duvido. Aquele cachorro quer me matar, Beca, ele só está esperando você se distrair. —Rebateu, fazendo minha risada se tornar uma gargalhada quando ele me puxou pra cima dele e me abraçou apertado. —Não estou brincando.
—Claro, até porque o cachorro é muito maior que você. —Falei, apertando a bochecha dele.
—Maior ou não, ele me odeia. —Vincent deu de ombro, enquanto eu negava com a cabeça sem conseguir parar de observar o rosto dele e o quão bonito ele estava naquele momento. —Mas o meu quarto está de portas abertas pra você.
Vincent se aproximou e me beijou de novo, sem me dar a chance de dizer mais nada, enquanto eu desejava que aquelas semanas não acabassem nunca mais.
Continua...
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Missão casamento / Vol. 3
RomanceRebeca Duarte está mais do que feliz com sua carreira de jornalista, mesmo que tenha que lidar com Vincent Hale, seu parceiro e filho do seu chefe, com quem ela troca farpas diariamente. Além disso, ela está certa que não existe nada além de trabalh...