Capítulo 8: Não queria magoa-la.

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Não demorou muito para sairmos da linha das árvores e finalmente visualizarmos o chalé e os celeiros ao redor. Rebeca soltou um suspiro de alívio, disparando em direção a casa tão rápido que eu fiquei para trás. Deixei que ela fosse sozinha, caminhando o mais lentamente possível. Sabia que eles iriam nos provocar se chegássemos juntos e isso só deixaria Rebeca mais irritada.

Assim que ela passou pela porta eu já pude ouvir as vozes dos nossos amigos lá dentro. Soltei um suspiro pesado e me sentei nos degraus da varanda, vestindo minha camiseta enquanto olhava para a fazenda ao redor, agora tomada pela noite. Podia ouvir as risadas deles lá dentro, junto com a voz alta de Rebeca, provavelmente respondendo alguma provocação deles.

—Ah, olha só quem está aí! —Alfredo passou pelas portas, seguido de Pietro e Ian. —Nos já estávamos achando que iríamos ter que ir resgatar vocês.

—Vocês se perderam ou só ficaram lá até tarde? —Pietro indagou, enquanto os três sentavam nos degraus ao meu lado.

—Rebeca não contou? —Eles negaram com a cabeça. —A gente se perdeu. Tivemos que seguir o som da cachoeira pra voltar até ela e então encontrar a trilha de novo.

—E eu aqui jurando que vocês dois finalmente tinham resolvido se pegar. —Alfredo balançou a cabeça negativamente, como se estivéssemos agindo como dois idiotas.

—Isso explica porque a Beca estava tão estressada. —Ian soltou uma risada. —Ela não tentou te matar?

—Por incrível que pareça, não. —Falei, vendo os três rirem e eu acabei dando de ombros. —Cadê o Gavin?

—Ele subiu com elas. —Pietro olhou para dentro da casa. —Foram ter um momento de beleza.

—Só o Gavin mesmo. —Alfredo riu, e negou com a cabeça. —Escuta, quando vocês vão contar pra mim o que diabos aconteceu entre você e a Rebeca? Pelo visto eu sou o único que ficou de fora aqui.

—Ah... —Eu me encolhi, engolindo em seco, porque apesar de Pietro e Ian saberem por serem amigos de Rebeca naquela época, eles não sabiam de exatamente tudo que aconteceu. —Acho melhor deixar isso pra lá.

—Qual é, sério? Vocês vão me deixar mesmo de fora? —Alfredo soltou um barulho de indignação com a boca. —Isso soa muito injusto com minha pobre pessoa.

—Para de ser dramático, ragazzo. Não é como se você contasse tudo pra nós também. —Ian afirmou, fazendo Alfredo bufar e revirar os olhos em frustração. —Se Rebeca e Vincent não querem falar, então a gente não fala.

—Quanta bobagem! —Alfredo cruzou os braços na frente do corpo. —Não é como se eles não quisessem se pegar e a gente não percebesse isso.

—Caramba! —Eu soltei, sentindo meu rosto quente. —Nós tivemos um encontro, ok? Ou pelo menos deveríamos ter tido, quando nos conhecemos.

—Como assim deveríamos ter tido? —Alfredo fez uma careta, exibindo uma expressão de confusão. —Foi ruim? Vocês se beijaram e foi esquisito?

—Não teve beijo porque não teve encontro. —Eu engoli em seco, sentindo os olhos de Ian e Pietro em mim. —Eu não apareci. Eu deixei a Rebeca esperando.

—Ah, cacete! —Alfredo me encarou como se eu fosse um completo imbecil e eu tinha certeza que era. —Você deu um bolo nela?

—Essa não foi a pior parte. —Pietro sussurrou, me fazendo perceber que eles sabiam o que havia acontecido no dia seguinte.

—Qual foi a pior parte? —Alfredo indagou, parecendo ainda mais curioso.

Encarei meus próprios pés, me sentindo mal por estar tendo aquela conversa, sabendo que eu havia errado pra caramba em convida-la para um encontro que ambos queríamos e simplesmente não aparecer e não dar nenhuma explicação.

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora