Bônus - Naquele inverno.

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Grace

Entrei no ringue de patinação, sorrindo ao ver Alfredo patinando no gelo ao lado das duas garotinhas, que eram praticamente uma versão mais nova de mim. Ambas com os cabelos escuros e o talento nato pra patinação. Assim que colocamos elas em uma pista de gelo, elas voaram, como Alfredo costumava dizer que eu fazia.

Ele olhou pra mim quando sentiu que eu me aproximava, sorrindo ao patinar na minha direção. As gêmeas continuaram sozinhas, patinando de mãos dadas, dando apoio uma a outra. Jamais permitiria que a relação das duas fosse como a minha e a da minha irmã. Havia melhorado com o tempo, mas não era a relação que irmãos deveriam ter. Mas por sorte, elas tinham um ótimo exemplo de apoio e amor, com Alfredo e Pietro, além dos primos.

Abracei Alfredo quando ele parou ao meu lado, beijando minha testa com carinho. Nós dois ficamos em silêncio, apenas observando nossas filhas patinando no gelo. Eu iria ficar do lado delas em cada passo do caminho, como minha mãe fez comigo antes de partir. Tinha certeza que elas seriam tão boas quanto eu se desejassem ser patinadoras.

—Elas estão indo tão bem. —Comentei, me virando para ver os olhos de Alfredo brilhando, como se as duas fossem o maior orgulho da sua vida. Eu tinha certeza que eram, porque foi assim que me senti quando as duas nasceram. Nada iria superar o amor que eu sinto por elas, assim como o amor que eu sinto por ele.

Havíamos nos casado em um ringue de patinação. Eu estava de branco e com os patins nos pés, assim como Alfredo. Foi um casamento um tanto diferente, mas que me rendeu as melhores lembranças possíveis. Alfredo gosta de dizer que foi um casamento a altura de uma das melhores patinadoras do mundo. Mas eu tenho certeza que ele só está tentando me agradar.

—Estão sim. Puxaram todo o talento da mãe. —Ele piscou pra mim, parecendo igualmente orgulhoso por todas as minhas conquistas. —Já pensou se eu não tivesse me machucado e seguido no hóquei? —Alfredo ergueu as sobrancelhas, parecendo pensar nas possibilidades. —Elas teriam nascido dentro de uma pista de gelo.

—Talvez uma delas quisesse se tornar jogadora. —Comentei, percebendo que aquilo pareceu agradar Alfredo. —Você costuma pensar em como tudo teria sido se você não tivesse se machucado?

—Algumas vezes sim. Mas não importa muito. —Ele beijou minha testa, acariciando minhas bochechas. —Gosto de como tudo está agora. Gosto de observar você no gelo.

Eu e Gavin ainda competíamos, por mais que não fôssemos mais tão perfeitos quanto éramos quando jovens. Nós dois havíamos nos mudado para Aspen quando percebermos que essa cidade era mais nossa do que Nova York. O que era perfeito, já que poderíamos ficar próximos de todos os nossos amigos, enquanto Alfredo estava mais do que ansioso para voltar a trabalhar com o irmão.

—Tivemos tanta sorte, cupcake. Elas são as coisas mais perfeitas do mundo. —Alfredo afirmou, soltando um suspiro pesado. —Já estou imaginando que terei que comprar uma arma pra espantar todos aqueles adolescentes cheios de hormônios quando elas ficarem maiores.

—Alfredo! —Soltei uma gargalhada da crise de ciúmes dele, vendo ele dar de ombros de forma inocente, ao mesmo tempo que negava com a cabeça. —Elas são só crianças ainda. Tem muito tempo pra você superar a ideia de que uma hora elas vão crescer e namorar.

—Elas podiam ficar pequenas pra sempre. —Afirmou, me lançando um olhar carregado de sentimentos. —Ainda me lembro da sensação de quando as peguei pela primeira vez. Foi a coisa mais magnífica de todos.

—Foi mesmo. —Sorri pra ele, me inclinando para beija-lo. —Foi o melhor presente que você me deu. Você não faz ideia do quão grata eu sou por ter conhecido você.

—Foi em uma situação ruim, mas que valeu muito a pena, não valeu? —Indagou, me fazendo lembrar de quando vim para Aspen pela primeira vez e nossos caminhos se cruzaram. Gostaria de esquecer todas as partes ruins e me lembrar daquelas que apenas Alfredo faz parte.

—Claro que valeu, raio de sol. Não existe nada no mundo que me faça desejar outra coisa a não ser você e nossa família. —Segurei o rosto dele e o beijei, sentindo ele me abraçar pela cintura e me beijar de volta, com tanto carinho que deixou meu coração doendo de tão forte que batia. —Amo você,

Nos afastamos para observar as garotas, que estavam rindo ao tentar girarem sobre os patins. Alfredo e eu só precisamos trocar um único olhar antes de ir na direção das duas para nos juntarmos com elas. As duas sorriram quando nos viram, se separando para vir cada uma com um de nós dois.

Esqueci completamente de todos os problemas e todas as coisas ruins que nos trouxeram até aqui. Nada mais importava quando eu estava com esses três. Eram a ancora que me mantinha no lugar. Eles sempre estavam do lado de fora do ringue de patinação depois de uma das minhas competições, me esperando os três de braços abertos.

Essa era a melhor coisa da minha vida e eu não trocaria por absolutamente nada. Fico feliz por Alfredo não ter desistido de mim, mesmo quando hesitei em dar uma chance pra ele. Não me arrependo de ter me apaixonado por ele. Não me arrependo nem um pouquinho.

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora