Capítulo 27: Vincent voltou pra cidade.

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Meu coração simplesmente parou de bater quando os lábios de Vincent grudaram nos meus. Cada pensamento racional virou pó a medida que ele me segurava contra si e seus lábios se abriram em busca dos meus, desejando cada fôlego meu. Algo se rompeu no meu peito quando senti o gosto dele, quando Vincent soltou um suspiro contra os meus lábios e me apertou ainda mais contra seu peito.

Eu agarrei com força o tecido da camiseta que ele usava, com meu corpo estremecendo quando senti o coração dele batendo tão rápido e forte na palma da minha mão. Aquela faísca entre nós parecia a coisa mais certa naquele lembro, quando inclinei meu rosto para trás, sentindo ele aprofundar o beijo enquanto segurava minha nuca. Seus lábios se encaixando perfeitamente nos meus e sua língua procurando pela minha.

Vincent envolveu meu rosto com as duas mãos, com o calor da sua palma aquecendo minhas bochechas molhadas pelas lágrimas. Ele se afastou lentamente, deixando uma sequência de selinhos enquanto parecia tão hesitante e tão certo sobre o que estava fazendo.

Ele ainda estava me segurando quando abriu os olhos e me encarou. Suas pupilas estavam dilatadas e sua respiração tão ofegante quanto a minha. Meus lábios ainda estavam submersos no gosto dele, fazendo meu corpo responder inteiro a isso. Ao seu cheiro que estava me embriagando com o quão perto ele estava.

—O que eu tenho que fazer pra você me perdoar? —A voz dele era como um sussurro no meio daquela noite fria. —Por favor, Beca, só uma chance. Se eu te machucar de novo, peço demissão daquele jornal e sumo da sua vida. Mas me dá uma chance.

Eu afastei as mãos dele de mim, saindo do calor do seu peito quando desviei dele na direção das escadas. As lágrimas finalmente haviam parado de cair dos dos meus olhos, enquanto meu coração havia voltado a bater de uma forma diferente, como se aquele beijo tivesse alterado tudo dentro de mim.

—Eu quero acreditar em você, Vincent. Eu quero tanto que chega a doer. —Falei, esfregando as minhas bochechas. —Mas você ainda está no mesmo lugar que antes. Você ainda faz as coisas pra agradar os outros. Você ainda está colocando o desejo de outras pessoas acima dos seus. Não tenho certeza de que se isso der errado você não vai pular fora de novo e me deixar afundar sozinha.

—Eu não vou. Rebeca... —Ele estava atrás de mim, mas não me virei para encara-lo. —Eu quero fazer as coisas diferentes. Não quero mais ser esse Vincent. Eu quero mudar isso e eu vou.

—Tudo bem. —Eu esfreguei minhas bochechas, fechando meus olhos por alguns segundos enquanto tentava recuperar qualquer fio de sanidade que ainda me restava. Então me virei para Vincent, vendo o quanto ele parecia perdido e cansado. —Eu gosto de você, Vincent. Eu gosto mesmo de você. Mas você precisa se encontrar primeiro nessa sua bagunça, porque não vou ficar com alguém que não tenho certeza do que quer pra si mesmo. Você me machucou quando tudo que precisava fazer era ser sincero comigo. —Eu abri um sorriso fraco e cansado. —Você nem tem certeza sobre seu trabalho e sobre quem é. Como pode ter certeza sobre o que sente por mim?

Vincent abriu a boca para dizer algo, mas então a fechou, como se não soubesse o que dizer. Soltei um suspiro pesado, balançando a cabeça antes de virar as costas e subir as escadas, com aquele beijo se tornando uma maldição entre nós dois.

Afundei embaixo das cobertas, sentindo aquelas lágrimas voltarem para os meus olhos quando meu coração doeu dentro do meu peito. Foram segundos até eu ouvir o som da porta se abrindo. Estava pronta para expulsar Vincent dali com qualquer coisa que ele tivesse pra me dizer, mas soltei um soluço quando Ian se deitou na cama ao meu lado, abrindo os braços para me receber quando me aproximei dele e afundei o rosto no seu peito.

Chorei contra o peito dele, por aqueles quatro anos confusos. Por todos os sentimentos ruins que engoli todo esse tempo. Por todos os sentimentos bons que eu tinha por Vincent, mesmo quando tudo gritava que isso era uma péssima ideia, que eu iria me machucar mais ainda. Mas esse é o problema, ninguém nunca controla o que sente. Quando você vê, o sentimento já está lá e você não pode fazer mais nada.

[...]

Parecia que um carro havia passado por cima de mim quando acordei. Meus olhos estavam inchados, meu estômago estava esquisito e meu cérebro parecia ter virado gelatina. E o pior de tudo é que eu nem havia bebido nada pra estar nesse estado. Ian já não estava mais no meu quarto, mas eu sabia que ele havia passado a noite toda ali comigo, porque fiquei grudada nele como se ele fosse meu bote salva vidas.

Me arrastei para fora da cama, lavando o rosto antes de me arrumar e descer. A casa estava silenciosa, enquanto eu me perguntava como as coisas seriam daqui pra frente. Não fazia ideia do que aconteceria quando visse Vincent de novo.

—Bom dia, florzinha. —Ian murmurou, sentado na mesa do café da manhã ao lado de Gavin, que sorriu pra mim e acenou, com uma expressão de quem não havia dormido bem. Isso me fez encolher os ombros, porque se Ian estava lá ontem a noite, então ele também estava e talvez os outros também.

—Todo mundo ouviu ontem? —Eu me sentei na frente deles, me servindo de um pouco de café.

—Bem, sim. —Gavin deu de ombros, abrindo um sorriso sem graça. —Ficamos preocupados quando vimos você voltando pra cá e Vincent atrás de você.

—Me desculpa por estragar o acampamento. —Falei, me sentindo subitamente pior ainda por perceber que havia estragado um momento que deveria ser bom para Gavin e Ian.

—Está tudo bem. Eu gosto de um bom barraco. —Gavin deu de ombros, me fazendo soltar uma risada fraca.

—Onde estão os outros? —Indaguei, já que não havia sinal algum de mais ninguém ali.

—Eles voltaram pra barraca. Ainda devem estar dormindo. —Ian olhou pra mim por cima da xícara de café. —Vincent voltou pra cidade.

—O que? —Soltei, sentindo meu coração disparar.



Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora