Capítulo 32: Eu acredito em você.

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Vincent continuou segurando minha mão enquanto me guiava pelos jardins da casa até o início daquele pomar, onde eu já podia ver uma mesa montada, com velas e flores. Tentei evitar sorrir, mas era impossível quando tudo aquilo estava me surpreendendo positivamente.

—Eu queria perto do lago, mas agora ia ser meio impossível já que estão montando tudo pra casamento lá. —Vincent murmurou, parecendo super nervoso, soltando minha mão para puxar a cadeira para que eu me sentasse.

—Eu gostei daqui. Não se preocupe, está tudo muito lindo. —Afirmei, vendo que aquilo arrancou um sorriso dele e o deixou mais relaxado. —Não estava esperando por tudo isso hoje.

—É, bem... —Ele se sentou do outro lado, passando as mãos nos cabelos antes de esfregar uma na outra em um ato de nervosismo. —Acho que hoje é o dia do Vincent corajoso.

—Dia do Vincent corajoso? —Soltei uma risada, vendo ele dar de ombros. —E o que isso significa?

—Quero começar de novo com você. Tipo, começar de novo de verdade. —Então ele estendeu a mão por cima da mesa como se fosse me cumprimentar. —Oi, meu nome é Vincent Hale. Estou desempregado e procurando um lugar pra morar. Amo tirar fotos e quero fazer isso pelo resto da minha vida. —Meu coração disparou tanto que nem mesmo pisquei enquanto escutava ele dizer aquilo. —E é um prazer imenso conhecer você.

—Vincent... —Eu agarrei a mão dele, não para cumprimentá-lo, mas porque eu estava chocada demais para pensar no que estava fazendo direito. —Você pediu demissão. —Não era uma pergunta, mas ele balançou a cabeça que sim, fazendo meu corpo inteiro se encolher na cadeira, sem saber o que pensar sobre aquilo direito. —Por quê?

—Você sabe, eu nunca gostei do que eu fazia. —Ele suspirou, acariciando minha mão com o polegar quando deixamos as duas juntas sobre a mesa, como se ambos precisássemos de algum conforto. —Eu só precisava de um empurrãozinho pra conseguir sair dessa. Obrigada por abrir meus olhos, Rebeca. Estou me sentindo tão mais leve agora que sei que não preciso mais fingir gostar daquele trabalho.

—Ah, meu Deus! —Eu soltei o ar com força, balançando a cabeça negativamente. —Você está me agradecendo? Você está desempregado... E o seu pai?

—Ele não ficou feliz, mas ele vai superar. —Vincent sorriu, dando de ombros com uma tranquilidade que me fez rir. —Você está mesmo surpresa, não é?

—Sim, eu não estava esperando por isso. —Falei, observando os olhos dele tão iluminados na minha direção naquela noite.

—Você me disse que se eu não sabia o que queria pra minha vida, então não tinha como eu ter certeza sobre o que sinto por você. —Afirmou, me fazendo comprimir os lábios e balançar a cabeça negativamente, porque eu havia falado todas aquelas coisas na hora da raiva, apesar de todas elas terem um pingo de verdade e mágoa. —Então, Beca, eu só queria provar a você e principalmente a eu mesmo que eu sei o que quero. Tenho certeza absoluta do que quero. Queria sair daquele jornal a tanto tempo, assim como quero você. Quis você nesses quatro anos e quero ainda mais agora.

Balancei a cabeça, sentindo meu coração martelando no meu peito enquanto absorvia cada palavra que ele dizia. Vincent apertou minha mão sobre a mesa, me olhando como se não existisse mais nada no mundo. Me olhando da mesma forma que Ian havia descrito mais cedo.

—Você ficou mesmo na frente do restaurante aquele dia? —Indaguei, vendo ele balançar a cabeça que sim, engolindo muito lentamente.

—O tempo todo. Me desculpe por ter feito você esperar todo esse tempo, Rebeca. —Os lábios dele se abriram em um sorriso confiante. —Eu estou aqui agora e prometo não te fazer esperar mais nenhum segundo.

Não consegui não sorrir ao ouvir aquilo, vendo o brilho nos olhos dele ao ver minha reação. Se ele estava disposto a fazer aquelas coisas pra me provar a verdade, então eu também estava disposta a me arriscar por ele.

—Com licença. —Alyssa surgiu trazendo uma bandeja com nosso jantar. Ela sorriu pra nós dois, depositando o prato na minha frente e outro na frente de Vincent. —O senhor Ricci gostaria de sugerir um vinho, se não se importarem.

—Ah, não. —Vincent e eu rimos ao mesmo tempo. —Pietro entende muito mais do que nos, tenho certeza que ele fará uma ótima escolha.

—Tudo bem. —Alyssa se afastou, enquanto eu sentia o cheiro delicioso da comida de Pietro. Ele entendia muito bem de vinho, assim como sabia cozinhar como ninguém. Principalmente doces.

—Parece que todos eles embarcaram em uma missão de nos juntar. —Comentei, começando a comer, vendo Vincent balançar a cabeça para os lábios e sorrir.

—Não fique brava, mas eles estavam secretamente me dando dicas. —Revelou, parecendo contar um segredo, o que me fez soltar uma gargalhada. Aquilo era tão a cara deles que eu nem mesmo ficava surpresa. Todo esse jantar é uma prova disso. —Não ria de mim, limãozinho, eu estou me esforçando. Não tem noção do quanto Alfredo está me irritando com esse apelido.

—Ele chama a Grace de cupcake, não pode dar pitaco. —Afirmei, fazendo Vincent rir.

—Foi exatamente o que eu disse a ele. —Vincent suspirou, parecendo tão animado naquele momento. Toda a tensão que havia dominado a tarde havia desaparecido. —Acho que vai gostar de saber que Grace queria me matar depois de ouvir nossa discussão e o que eu tinha feito, além da própria Hermione me chamar de idiota.

—Eu amo aquelas duas. —Falei, soltando uma risada. —Mas você disse que queria começar de novo, então deveríamos deixar isso pra trás, certo?

—Sim, claro... —Vincent me olhou um pouco surpreso, já que havia sido eu a manter aquilo entre nós todos esses anos. Mas se queríamos ir pra frente, precisávamos deixar aquilo pra trás. —Eu só quero que saiba que eu sinto muito.

—Eu sei, Vincent. —Eu abri um sorriso pra ele, enquanto sua mão procurava a minha sobre a mesa de novo e nossos dedos se entrelaçavam. —Eu acredito em você.




Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora