Capítulo 6: As pessoas mudam.

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Hermione e Pietro foram os primeiros a pagar a trilha e voltar para o chalé, enquanto Alfredo e Grace estavam deitados nas pedras pegando sol, conversando baixinho e trocando beijos. O ruim de ser uma das únicas solteiras do grupo é que eu estava sempre segurando vela, principalmente para Gavin e Ian.

—O que foi, florzinha? —Ian se sentou ao meu lado, passando as mãos nos cabelos molhados. —Ainda chateada pela conversa de mais cedo?

—Eu não estou. —Menti, mesmo que de fato estivesse magoada com Ian até certo ponto. —Quero aproveitar esses dias com você antes que saia para sua lua de mel.

Ian balançou a cabeça que sim, olhando para cachoeira. Gavin ainda estava lá dentro, mas Vincent tinha saído e tinha começado a se secar, provavelmente para voltar a tirar fotos.

—Beca, eu só queria que soubesse que eu entendo o seu lado. —Ian segurou minha mão, apertando com carinho, enquanto eu me virava para olhá-lo. —Eu realmente entendo e eu sou uma pessoa super rancorosa e provavelmente agiria pior que você. Mas estando de fora a gente vê as coisas de forma diferente. Eu só quero que se lembre que as pessoas mudam, amadurecem e se arrependem. Deveria dar uma chance de ser amiga de Vincent.

—Ian, por favor, não tente armar nada para que eu e Vincent... —Fiz uma careta ao pensar na possibilidade. —Apenas deixe as coisas como estão. Estamos aqui pelo seu casamento e não por mim.

—Isso é sobre todos nós, Beca. —Ele deixou um beijo na minha testa e se levantou. —Quero que meus padrinhos de casamento sejam tão felizes quanto eu.

Ele se virou e foi embora antes que eu tivesse a chance de dizer algo, me fazendo soltar um suspiro e deitar naquela pedra onde eu estava, encarando o céu azul que começava a escurecer. Sempre me perguntava quando olhava para Vincent de alguma coisa havia mudado, mas não conseguia evitar as lembranças ruins, então eu preferia deixar as coisas como estão.

[...]

—Rebeca? —Ouvi a voz de Vincent, enquanto meus olhos estavam fechados e meu rosto estava escondido embaixo da toalha que eu havia levado. Eu estava pegando sol. Ou pelo menos tentando. —Rebeca?

—Quê que é? —Resmunguei, escutando o som da cachoeira e da respiração dele, próxima demais de onde eu estava.

—Eu vou voltar pro chalé. Quer vir comigo ou vai ficar aqui mais um pouco? Já está escurecendo. —Falou, me fazendo soltar uma respiração pesada e apertar meus olhos.

—Eu vou com o Ian e o Gavin depois. —Afirmei, escutando ele coçar a garganta de uma forma desconfortável. —O que foi, Vincent?

—Eles meio que já foram. —Contou, me fazendo puxar a toalha do rosto e me sentar, olhando ao redor para ver que só havia restado nós dois ali.

Maldito Ian!

—Por isso eu perguntei. Não sabia se você ia querer ficar sozinha aqui. —Vincent estava olhando para qualquer lugar, menos pra mim, como se me ver de biquíni fosse queimar os olhos dele. —Está esfriando também, então...

—Tá, vamos. —Juntei minhas coisas, sentindo vontade de matar Ian e Gavin, porque sabia que eles provavelmente havia feito de propósito. Não é só Alfredo que fica imaginando coisas sobre mim e Vincent, são todos eles. Até mesmo Ian e Pietro que conhecem cada linha da nossa história.

Vincent pegou as coisas dele também, indo na minha frente pela trilha. Já estava escurecendo e ele não havia mentido quando disse que estava esfriando. Estava tão relaxada deitada naquela pedra que nem percebi o quão rápido o tempo passou.

—Eu estava pensando... —Comecei, vendo Vincent me olhar rapidamente por cima do ombro. Mas estávamos ali a trabalho também e eu não podia esquecer disso. —Como você me deixou encarregada de fazer a matéria, tive uma ideia sobre como ela poderia ser.

—Prossiga. —Vincent diminuiu o passo para andar mais ao meu lado, o que me fez retrair um pouco.

—Pensei em escrever um diário de cada semana que passamos aqui até o casamento. Nossa chegada, o que fazíamos, como era estar morando em uma fazenda e ajudando no casamento. —Comecei a explicar, vendo que Vincent estava prestando muita atenção. —A gente pode separar as suas fotos por semanas também, para cada uma delas fazer parte desse diário e o deixar mais completo. O casamento, óbvio, vai ganhar uma matéria só pra ele, com as entrevistas e tudo mais. Mas como você disse que minha visão, sendo amiga de infância de Ian, poderia dar um tom mais sentimental, achei que um diário meu sobre isso poderia funcionar muito bem.

—Eu gosto da ideia. Na verdade, é genial. —Vincent abriu um sorriso enorme e eu não consegui não ficar feliz em ouvir a aprovação dele. —Consigo até mesmo imaginar a matéria sobre a primeira semana com minhas fotos logo abaixo para completamente. É perfeito.

—Bem, obrigada. Acha que seu pai vai gostar da ideia? Ele parecia super ansioso com a possibilidade de ter uma matéria sobre o casamento de Gavin Harris no jornal dele. —Comentei, vendo Vincent comprimir um pouco os lábios em um sinal nada bom.

—Eu acho que sim. Mas pode deixar, eu converso com ele sobre isso. Você tem minha aprovação pra fazer dessa forma. —Vincent afirmou, e meus dedos começaram a coçar para escrever sobre minhas primeiras impressões sobre a fazenda e a ideia do casamento ser aqui.

—Perfeito, isso me deixou mil vezes mais ansiosa por esse casamento! —Afirmei, parando de andar e olhando ao redor, enquanto levava a mão no braço de Vincent para pará-lo. —Eu não lembro de ter passado por aqui quando viemos.

Vincent também olhou ao redor, com as sobrancelhas franzidas e os olhos curvados atrás do óculos de grau.

—A gente não saiu da trilha, né? —Indaguei, meio receosa, percebendo que não havia nenhuma trilha no chão onde estávamos.

—Ah... —Vincent ajeitou os óculos no resto, antes de esfregar a nunca e exibir uma careta. —Acho que saímos sim.

—Só pode ser brincadeira! —Me afastei dele, olhando ao redor e caminhando pelo meio das árvores tentando achar a trilha de novo. —Não acredito que me perdi justamente com você!



Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora