Capítulo 4: Lembrancinhas.

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Observei Gavin passear pela sala, entregando uma cópia daquela mesma lista de coisas que iríamos fazer ali pra cada um de nós. Não conseguir não evitar uma careta quando vi a simpatia entre elas, me deixando com vontade de bater em Ian por estar fazendo aquilo comigo.

—Tudo bem, como podem ver a lista não é muito longa e vamos fazer cada uma dessas coisas nesse mês que antecede o casamento. —Ian murmurou, soltando um suspiro de ansiedade. —Podemos escolher uma delas pra fazer depois do almoço, porque amanhã cedo temos lembrancinhas de casamento para preparar.

—O que vocês vão dar de lembrancinha? —Grace indagou, enquanto estava sentada praticamente agarrada a Alfredo no sofá. —Eu achei tão fofo as lembrancinhas de casamento da Hermione e do Pietro.

Nós olhamos para os dois, que trocaram um olhar apaixonado e sorriram, enquanto Hermione corava e escorava a bochecha no peito de Pietro.

—Os cactos tem um significado importante pra gente. —Pietro deu de ombros, beijando a testa dela com carinho. O namoro e o casamento deles foi a coisa mais fofa que já vi. Conseguia ver o quanto ambos amavam um ao outro.

—Fofos. —Gavin murmurou, olhando para os dois. —Os nossos serão uma miniatura de nós dois. Eu vestido como patinador e o Ian com o uniforme do café. A mesma miniatura que ficará em cima do bolo de casamento. Mas eles ainda estão nas caixas. Então temos que colocá-los no saquinho e prender o laço.

—Vou colocá-los juntos com minha miniatura da padaria. —Pietro afirmou, enquanto eu via Vincent tirando fotos pela sala, das decorações rústicas que haviam pelo local, parecendo alheio com o que era falado.

—Tudo bem, tudo bem. Então o que vocês querem fazer primeiro? —Gavin indagou, olhando aquela lista. Puxei a minha, franzindo o nariz.

—Vocês dois deveriam escolher. Vocês que são os noivos. —Afirmei, erguendo os olhos para ambos, que se olharam e trocaram um sorriso conspiratório.

—Vamos na trilha então, podemos tomar banho de cachoeira já que o dia está agradável. —Ian declarou entusiasmado, me fazendo olhar para os dois desconfiada, já que eles pareciam estar aprontando alguma coisa.

—Todos de acordo? —Gavin olhou para cada um de nós, que balançamos a cabeça positivamente. —Vincent?

Olhamos para ele, que estava com a câmera no rosto tirando fotos daquela cabeça de alce na parede, ignorando a existência de todos nós.

—Vincent! —Exclamei, já que o jornalista estava no mundo da lua com aquela câmera. Ele olhou para nós, erguendo os óculos com o dedo indicador. —Agradeceríamos se prestasse atenção aqui.

—Talvez se pedisse com jeito. —Retrucou, fazendo Alfredo soltar uma risada no sofá, enquanto eu revirava os olhos e estalava a língua. —Eu concordo com absolutamente qualquer coisa que vocês quiserem.

—É claro que concorda. —Resmunguei, vendo Vincent se encolher quando ouviu aquilo, porque ele nunca tinha opinião própria. Principalmente quando o pai estava envolvido no meio. —Vamos na cachoeira a tarde e amanhã cedo vamos começar a arrumar as lembrancinhas do casamento, ok?

—Sim, eu entendi. —Ele soltou uma respiração pesada, com as bochechas vermelhas. —Posso voltar a tirar fotos agora?

—Fique a vontade. —Falei, dando de ombros. Vincent engoliu em seco e então saiu do chalé, provavelmente para tirar fotos da fazenda.

—Caramba, hein, Beca! —Alfredo me encarou. —Você podia ser mais gentil com o cara.

—Só porque ele age como se fosse gentil e cora o tempo todo? —Indaguei, soltando uma risada incrédula. —Eu trabalho com ele a quatro anos, Alfredo. Se eu não me dou bem com ele, é porque motivos tem.

—Você deveria tentar entender o lado dele. —Ian rebateu, me fazendo comprimir os lábios em frustração, já que ele e Pietro eram os únicos daquela sala que sabiam o que de fato havia acontecido entre mim e Vincent naquele dia que ele virou editor chefe.

—Você sabe mais do que ninguém que eu já tentei entender o lado dele. —Olhei para Ian, sem esconder a mágoa na minha voz por ele estar tentando defender Vincent. —Mas ninguém, nem mesmo você, Ian, tenta entender o meu lado.

—A vaga...

—A questão não é a vaga e você sabe disso. —Eu fiquei de pé, me sentindo irritada por estar discutindo por causa de Vincent justo no primeiro dia. —Eu estou aqui porque eu te amo, Ian, você é meu melhor amigo e eu quero que seja feliz. Mas não vou ser legal com alguém que pisou em mim pra agradar outra pessoa.

—Desculpa, eu sei, mas... —Ian hesitou, me olhando com uma expressão confusa e com um pedido de desculpas nos olhos.

—Vou dar uma volta na fazenda antes do almoço. —Falei, ficando de pé, querendo sair dali já que todos estavam olhando pra mim e pra Ian, tentando entender o que estava acontecendo. Mas aqueles dias que se seguiram da chegada de Vincent do jornal não é algo que eu deseje me lembrar.

—Rebeca, espera... —Ouvi Pietro me chamar, mas já havia passado pela porta, disparando para longe da casa.

Dei a volta na cama, caminhando em direção ao celeiro onde eu sabia que estavam os cavalos. Minha animação de estar ali tinha diminuído, porque eu havia suportado Vincent por quatro anos, enquanto o via ser o amigo fofo e perfeito dos meus amigos. A vaga é um mero detalhe de toda nossa história. Eu não sou rancorosa, mas tem coisas que simplesmente não se apagam tão facilmente.

Parei de andar, quando cheguei ao celeiro, bufando ao ver Vincent lá dentro tirando fotos dos cavalos. Até tirando fotos aquele ser conseguia soar estranhamente adorável com aqueles óculos de grau redondos. Queria ir lá e bater nele por ser gentil com todo mundo, mas ser um merda completo comigo.

Minha indignação virou pó em segundos quando ele deu um passo para trás, tropeçando em uma pedra e caindo de bunda em uma merda de cavalo no meio do corredor. Cai na gargalhada, chamando a atenção dele que me olhou com uma expressão assustada.

—Parabéns, Sr. Hale! —Eu puxei o celular e tirei uma foto dele, enquanto o via ficar vermelho até a raiz do cabelo. —Seu pai vai adorar ver o quão imerso você está nesse casamento.

—Rebeca, pelo amor de Deus, não! —Ele ficou de pé, mas eu já havia disparado pra fora do celeiro, correndo em direção a casa para mostrar aos outros.



Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora